foto: arquivo jornal CORREIO
Com a proximidade do período chuvoso, que se inicia em outubro, os mineiros aguardam alívio após meses de seca extrema. Entretanto, essa expectativa vem acompanhada de um alerta: a iminência de uma nova epidemia de dengue, impulsionada pelas condições climáticas e pelo alto número de casos já registrados em 2024. Até o dia 9 de setembro, Minas Gerais contabilizava 1,25 milhão de casos confirmados de dengue, um aumento alarmante em comparação ao mesmo período de 2023, quando o estado registrou 279 mil casos.
Especialistas apontam que o calor intenso, somado ao acúmulo de água com o início das chuvas, cria o ambiente ideal para a eclosão dos ovos do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Leandro Curi, infectologista, alerta que os ovos depositados no início do ano, durante o maior surto da história do estado, podem sobreviver por mais de um ano e eclodir nas próximas chuvas. “Taxas altas de dengue podem voltar a acontecer ainda este ano. É um momento preocupante”, afirma o especialista.
Segundo o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), uma única fêmea do mosquito pode gerar até mil ovos ao longo de sua vida, e esses podem sobreviver por até 450 dias, aguardando as condições ideais para a eclosão. Isso potencializa os riscos de uma nova onda de infecções, especialmente em cidades que não conseguiram implementar ações eficazes de prevenção.
Na capital mineira, os dados são alarmantes. Entre janeiro e setembro de 2024, Belo Horizonte registrou 182.410 casos de dengue, um aumento de mais de mil por cento em comparação ao mesmo período do ano passado. A subsecretária de Promoção e Vigilância à Saúde da cidade, Thaysa Drummond, afirmou que essa foi a pior epidemia já enfrentada pela cidade.
Além disso, a cobertura vacinal na capital está muito abaixo das metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os jovens de 8 a 14 anos, a cobertura da primeira dose da vacina Qdenga é de apenas 31,4%, enquanto a segunda dose foi administrada em apenas 11,4% desse público. A falta de vacinação é outro fator preocupante, principalmente em um cenário onde o surto pode se agravar com a chegada das chuvas.
A vacina Qdenga, fabricada pela farmacêutica japonesa Takeda, é vista como uma solução essencial no combate à dengue, mas a capacidade limitada de produção impede que ela seja amplamente distribuída. Atualmente, em Minas Gerais, 206.486 doses foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, de um total de 675.076 pessoas elegíveis para a imunização.
Além da oferta limitada, o custo também é um obstáculo. Em laboratórios particulares, o combo com as duas doses da vacina custa R$738, e muitos mineiros não têm acesso a essa imunização completa.
Embora as chuvas aumentem o risco de disseminação do Aedes aegypti, Curi ressalta que o combate à dengue deve ser contínuo, ocorrendo durante todo o ano, e não apenas em épocas de surto. “Os governos estão falando pouco sobre isso. Precisamos de ações permanentes contra as arboviroses”, enfatiza. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) afirma que está revisando os planos de contingência e qualificando profissionais de saúde, com o apoio do governo federal.
Com as chuvas iminentes e o risco crescente, é fundamental que a população se conscientize sobre a importância da vacinação e da prevenção contínua, mantendo locais livres de água parada e contribuindo para o combate ao mosquito. A luta contra a dengue em Minas Gerais está longe de terminar.
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Postado por Nathália Coelho, no dia 25/09/2024 - 10:20