foto: espaço Vivo Comunicação
Como era previsto, o Fórum Regional de Diversificação Econômica alcançou novo patamar em sua terceira edição, realizada pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas) em parceria com o Sebrae. O evento, ocorrido na semana passada, na sede do Sebrae Minas, em Belo Horizonte, apresentou ações concretas desenvolvidas a partir de ideias lançadas nas edições anteriores e novos desafios, visando ao fortalecimento da economia dos territórios mineiros, especialmente aqueles afetados pela mínero-dependência, a partir da diversificação econômica.
A abordagem de temas contemporâneos para o desenvolvimento econômico regional atraiu lideranças empresariais, empresários associados às ACEs, CDLs, Sindicatos do Comércio, autoridades e membros dos governos do estado e de municípios, representantes de instituições de ensino e de outras organizações relacionadas ao tema desenvolvimento econômico, em uma maratona de mais de 11 horas ininterruptas de muita troca de informação e aprendizado.
Este movimento, que surgiu nas regiões mineradoras e siderúrgicas de Minas Gerais e que agora se expande para todo o estado, tornou-se referência para outras cadeias produtivas e localidades como instrumento capaz de induzir o processo de desenvolvimento sustentável da economia local e regional.
O propósito do 3º FRDE se conecta com os da Federaminas (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais), do Sebrae e com a capilaridade que os dois últimos já possuem por todo o estado. “Existem 320 associações comerciais em Minas Gerais, mas a Federaminas está presente em aproximadamente 450 municípios, O Sebrae igualmente está presente em todo o território mineiro e exibe amplo repertório de soluções para o desenvolvimento das empresas. Se o empreendedor ou empresário buscar este auxílio, ela vai virar um trem bala”, assegura fazendo alusão ao meio de transporte mais identificado a Minas Gerais, o presidente da Federaminas e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Valmir Rodrigues.
Para Amarildo Pereira, diretor da Federaminas e idealizador do Fórum Regional de Diversificação Econômica, a escolha da realização do evento em Belo Horizonte, com a chancela da Federaminas e do Sebrae se deveu à necessidade de atrair mais participantes para o debate em torno da diversificação econômica. “Esta é uma questão muito séria em todo o estado de Minas Gerais. Existem alguns municípios que estão encontrando dificuldades para garantirem sua subsistência, o que me deixa preocupado com relação ao amanhã. Este Fórum leva muito em consideração a forma como a iniciativa privada tem passado a encarar este desafio, desenvolvendo projetos que visam a diversificar a economia local e, inclusive, com apoio às três edições do fórum. Também estamos felizes de contar com a participação do governo do estado neste movimento, porque é o futuro de Minas que está em questão. Temos de entender que somos melhores juntos, as parcerias fazem muito por todos nós”, garante.
Um dos representantes do Governo de Minas Gerais no evento, o subsecretário da Liberdade Econômica e Empreendedorismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Tenente Melo, endossa as palavras do idealizador do FRDE: “Quando estamos próximos do setor produtivo, conseguimos ouvir as demandas e dores que estão, de fato, incomodando o setor produtivo. Assim, a nossa chance de acertar aumenta. Então iniciativas como a deste Fórum são fundamentais para nos colocar próximos de quem está trabalhando, produzindo e gerando emprego e renda para o nosso estado. Diversificação econômica é fundamental no mundo. Esta necessidade se evidencia ainda mais nos municípios mineradores. A pasta da Liberdade Econômica tem o objetivo de ir ao encontro do que estes precisam para diversificar suas economias. Buscamos simplificar o ambiente de negócios para, assim, ele se tornar mais atrativo para investimentos, bem como para os que já estão operando no estado”.
Palestras
O 3º FRDE recebeu vários palestrantes de renome nacional, que abordarão temas relacionados à temática da diversificação econômica.
Indicações geográficas
Mais uma vez, a relevância da identificação e reconhecimento de produtos com potencial para obtenção de Indicações Geográficas (IGs) no Estado de Minas Gerais, foi reiterada na palestra “Movimento IG/MG” - Indicações Geográficas, ministrada por Anselmo Buss, diretor administrativo do Instituto Inovates.
“As IGs eternizam os produtos únicos, cultura e estilo de vida em uma clara reverência à singularidade da gastronomia, artesanato e hospitalidade mineiros. Esta é uma forma de reconhecimento de produtos e serviços locais de notável relevância e diferenciados, para a diversificação econômica”, conceitua Gilmar Barboza, diretor da FORWARD Consultoria e coordenador técnico do Fórum Regional de Diversificação Econômica.
“O terceiro Fórum consolidou o movimento do IG/MG, idealizado na segunda edição. Vimos empresas apoiarem o desenvolvimento das identidades geográficas. Temos de fazer com que mais empreendedores fomentem, consumam ou vendam os produtos que as IGs geram. Esse é o grande diferencial que esse modelo adotado pelo Fórum pode proporcionar. Eu acredito que Minas é a grande potência do Brasil em indicações geográficas, pelo tamanho, pela multiplicidade de fatores naturais e humanos e por suas tradições. Minas tem tudo para ser uma França das IGs”, avalia Anselmo Buss.
Para o representante do Instituto Inovates, a grande notícia da área das IGs foi trazida ao 3º FRDE pela Samarco, que acelerou o processo de apoio a duas novas indicações geográficas em Ouro Preto e Mariana. Ele aponta, no entanto, um ponto de atenção. “São Bartolomeu, um lugar muito bonito e com uma fama muito grande na produção de goiabada cascão, uma tradição muito antiga, está sofrendo com a concorrência. Talvez, por não se apropriar de alguns valores intangíveis que possui, que são a história e as pessoas que estão por trás dessa produção. Os produtores tiveram de baixar a qualidade para competirem com o preço de mercado. Se algo não for feito em breve, pode ser que a produção local não se sustente”.
Na região dos Inconfidentes, existem mais de 20 produtos mapeados com potencial de reconhecimento, como a própria goiabada cascão, de Barão de Cocais e São Bartolomeu (este último distrito de Ouro Preto); a jabuticaba de Cachoeira do Campo (outro distrito de Ouro Preto); a geleia de pimenta biquinho de Bento Rodrigues (Mariana).
“O reconhecimento do valor estratégico desses produtos se conecta muito bem com o tema diversificação econômica, porque o mundo inteiro tem realizado apostas em indicações geográficas, haja vista o caso da França, que possui número superior a 1 mil IGs. No Brasil, estamos ainda com 119”, completa Gilmar Barboza.
Place Branding e Placemaking
Durante a palestra “Place Branding e Placemaking”, Caio Esteves, sócio e Diretor Global de Placemaking da Bloom Consulting, trouxe para o 3º FRDE sua vasta experiência como urbanista e especialista em place branding, place making e futuro das cidades. Ele é pioneiro na abordagem de marcas-lugar no Brasil, fortalecendo identidades e promovendo a participação popular.
Caio demonstrou como gerar uma identidade para cada município ou região, de forma que as comunidades se identifiquem, e que isso possa atrair visitantes e catalisar o processo de desenvolvimento turístico. Destacou que esse processo deve ser desenvolvido com base em um modelo sustentável, em que a capacidade de carga de atração turística seja obedecida, para evitar forte intervenção no meio de vida da população local.
Turismo Criativo
A consultora sênior em Turismo e Economia Criativa, Redes de Cooperação e Desenvolvimento Territorial, Karina Zapata, apontou durante o 3ª FRDE estratégias de desenvolvimento da economia criativa na perspectiva territorial, apresentados na palestra “Turismo Criativo”.
“Esta palestra alertou os participantes para visualizarem o que se tem de diferencial em um território e que pode ser e potencializado. É essencial envolver na construção deste processo de desenvolvimento pessoas que atuam quase que de forma invisível com relação às questões econômicas, mas que têm uma forte contribuição social, quando são estimuladas ou acolhidas”, observa o consultor técnico do Fórum.
Ecossistema do Desenvolvimento Econômico Local e Regional
Em relação a sua própria palestra “Ecossistema do Desenvolvimento Econômico Local e Regional”, o especialista em desenvolvimento econômico, Gilmar Barbosa, diretor da FORWARD Consultoria, resume: “Como ao mesmo tempo tivemos a preocupação de relatar nesta terceira edição o que foi realizado e demonstrar que temos investido em elementos estruturantes, o ecossistema do desenvolvimento se alinha muito bem a essas premissas, porque traz em sua primeira órbita oito elementos centrais que são: a necessidade de ter uma política, plano, secretaria, fundo, conselho, fórum, arcabouço legal, agência de desenvolvimento econômico, de tal sorte que esta concertação sirva como alicerce para a construção de uma grande edificação que culmine com a diversificação econômica”.
O movimento pela diversificação econômica tem assumido uma trajetória retratada pelos casos de sucesso, conforme relata Gilmar Barbosa. “A ACISB – Associação Comercial e Industrial de Santa Bárbara tem replicado, há 2 anos, a mesma fórmula do Fórum; Ouro Preto reproduz uma boa parte desses elementos, como o fundo de desenvolvimento, o conselho de desenvolvimento, que apresenta caráter deliberativo e é presidido por um ente da comunidade empresarial local – estas são condições básicas para a composição de elementos de governança do desenvolvimento econômico, o que aplaudimos”.
Casos de sucesso
Ouro Preto
Um caso dos casos de sucesso apresentados durante o 3º FRDE foi o Plano de Apoio à Diversificação Econômica (Pade), realizado pela Samarco em parceria com as prefeituras, setor produtivo e sociedade civil de Ouro Preto e Mariana. O Pade propõe novas opções de negócios e atividades que possam contribuir com a diversificação da economia, considerando as vocações das localidades. Por encontrar-se em maior nível de evolução, por ter criado o conselho, fundo e outros instrumentos como o hub de inovação, a experiência de Ouro Preto foi escolhida para ser demonstrado ao público do Fórum.
“O Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, de Ouro Preto, foram criados há dois anos. O conselho é tripartite, diferente da maioria que é paritária, porque entendemos que para diversificar a economia, gerar emprego e renda, é importante o setor produtivo e as empresas âncora estarem presentes junto ao terceiro setor e ao poder público no conselho. Ele delibera sobre todas as ações da Secretaria. O Fundo recebe parte dos recursos da CFEM [Compensação Financeira pela Exploração Mineral], gerados pela atuação da Vale, Gerdau e Samarco no município. A Prefeitura também destina recurso ao conselho para abertura de editais destinados a entidades sem fins lucrativos que apresentem projetos de diversificação econômica e geração de emprego e renda. Este projeto está umbilicalmente ligado à política pública estruturada em cinco eixos econômicos: turismo e cultura, agropecuária, rejeitos da mineração, empreendedorismo, inovação e tecnologia. No primeiro ano, o fundo contou com R$ 1 milhão e este ano, R$ 2 milhões”, detalha o secretário de Desenvolvimento Econômico de Ouro Preto, Felipe Guerra.
Com uma área territorial enorme, dividida em 13 distritos contando com a sede, Ouro Preto quer investir mais na agricultura que, atualmente, representa somente 1% da economia municipal. Esta agricultura desenvolvida contribuirá também para o plano de economia criativa, que está sendo elaborado junto à UFOP. O turismo de experiência e o criativo estão em alta no mundo. O turismo é a atividade que mais emprega, gerando cerca de 10% dos impostos arrecadados pelos cofres municipais. Cidades como Ouro Preto precisam reter e encantar o turista por mais tempo. Para isso, o município aposta em desenvolver ainda mais a cadeia do turismo, que vai muito além do turismo cultural.
Potencial para isso não falta em Ouro Preto. “Está chegando ao município o Villa Galé, resort internacional, mais propriamente para o distrito de Cachoeira do Campo. O grupo empresarial percebeu que o clima local é propício para plantação de uva, com a qual vão produzir vinho. Irá fabricar também azeite. Tais atividades incentivam a agricultura do município e da região e o empreendimento como um todo dará mais visibilidade para o turismo local e regional. Outro exemplo da pujança rural está no distrito de Santa Rita, onde a Agricultura Familiar alcança grande produção de alimentos”, conta o secretário.
Santa Bárbara
“Outro caso de sucesso exibido no 3º FRFE foi o da Associação Comercial e Industrial de Santa Bárbara em relação ao ecossistema de desenvolvimento. A ACISB opera uma réplica do Fórum Regional com apresentação de resultados expressivos na melhoria do ambiente de negócios. Há, em processo de negociação com parceiros-chave, a proposta de reconhecimento do Mel de Canudo de Pito, entre outros produtos apícolas, em Santa Bárbara e região”, relata o consultor técnico do FRDE, Gilmar Barbosa.
Avança Congonhas
Com a conquista do 1º lugar de Minas Gerais no Prêmio Sebrae de Prefeitura Empreendedora - categoria Inclusão Produtiva, o programa de microcrédito Avança Congonhas foi outro caso de sucesso apresentado aos participantes do 3º FRDE. A iniciativa inclui o empreendedorismo na agenda municipal, em uma parceria que utiliza os pequenos negócios como ferramenta de desenvolvimento local.
“Sou empreendedor há 16 anos e conheço as dores e delícias de empreender no Brasil. Quando começamos a apostar nos nossos sonhos, colocamos nosso dinheiro. Chega um momento em que precisamos de um suporte financeiro, porque existe um período de adaptação, de conhecimento do negócio, de aprendizagem. Isso é sempre um gargalo, porque, se aquilo não funciona, estamos minando nosso futuro. O acesso ao crédito no sistema financeiro é fundamental, não só no Brasil. Por isso que há países desenvolvidos com taxas de juros tão baixas. Especialmente as micro e pequenas empresas, que são as maiores contratadoras, possuem dificuldade enorme, porque, às vezes, falta informação. Somente 15% do mercado de crédito brasileiro se destina às pequenas e médias empresas”, contextualiza o superintendente de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Congonhas, Geordane Silva.
Ele assegura que as micro e pequenas não representam risco gigantesco e justifica dizendo que o Avança Congonhas emprestou R$ 23 milhões em mais de 720 operações de crédito e a inadimplência é de 0,09%, sendo que o percentual tolerado pelo programa varia de 3% a 5%, sem escolher os clientes estrela.
“O crédito produtivo, com taxa de 0,5% de juros, dinamiza a economia, porque foram gerados R$ 800 mil de faturamento na junção das 700 empresas, o que representa aumento de arrecadação própria. Aí fomentamos a diversificação econômica, porque grande fatia da nossa arrecadação vem do minério. E um ponto importante é que o dinheiro aportado retorna para sua origem. Do valor investido, o programa já devolveu R$ 5.6 milhões aos cofres da prefeitura. Precisamos criar ações para que este processo siga de forma sustentável. Ao final de todo o ciclo, pagando a instituição financeira, aceitando uma inadimplência de 3% que ainda não vivemos, estimamos devolver mais meio milhão de reais para os cofres públicos”, diz Geordane Silva, que completa: “O programa precisa ser trabalhado como uma estratégia nacional. A sociedade precisa baixar o custo Brasil”.
“O prêmio concedido pelo Sebrae chancela uma política que está resolvendo um problema que até o governo federal ainda não conseguiu resolver completamente”, finaliza o superintendente de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Congonhas.
Painéis
A programação do evento abriu espaço para dois painéis dedicados predominantemente às grandes empresas mineradoras Anglo América, Cedro, Samarco e Vale.
O painel “Práticas de ESG adotadas por grandes empreendimentos mineradores do Estado de Minas Gerais” demonstrou haver uma mobilização dentro das grandes empresas com relação à Agenda ESG (meio ambiente, sociedade e governança).
ESG é o conjunto de ações empresariais voltadas para o desenvolvimento social e ambiental de governança para melhorar a qualidade de vida da comunidade onde a empresa está instalada.
O gerente de Suprimentos da Vale, André Ramos, considerou enriquecedora a troca de experiências com outras companhias. “Encerramos o Fórum com a certeza de que a Vale e outras empresas estão convergindo para boas práticas relacionadas a ESG e SRE [Responsabilidade Social Empresarial]. Quando vemos o plano de interação da companhia com a sociedade, qual tipo de legado que ela vai deixar, qual a demanda que o setor gera para o entorno em que está inserido, saímos fortalecidos, porque entendemos que, cada dia mais, estamos no caminho certo. Melhorando a qualidade de vida da sociedade, melhoramos a produtividade e criamos um ambiente mais saudável dentro e fora da empresa. S[o há pontos positivos”, comenta André.
Outro painel abordou a ‘’Diversificação Econômica na visão de grandes empreendimentos mineradores do Estado de Minas Gerais”.
A Vale apresentou o resultado do programa de qualificação do empresário que está inserido nas regiões onde a empresa opera, para que ele forneça para a empresa. Em 2023, o percentual de faturamento com empresas locais nestes municípios foi maior do que o do ano anterior e a parcial de 2024 já está maior do que a do mesmo período do ano passado.
“Um dos legados que a empresa pode deixar para a sociedade é qualificar um colaborador que se torne PJ e fornecedor da empresa que, anteriormente, o acolhia como empregado. Este é um exemplo factível que podemos dar para o tema da transformação em curso do mercado de trabalho, que foi abordado pelo Fórum”, conclui o gerente de Suprimentos da Vale, André Ramos.
Segundo Marcus Mariani, especialista em Relacionamento Sócio Institucional da Cedro Mineração, “a empresa valoriza muito momentos como este [o 3º FRDE], porque acredita muito na diversificação econômica, que tem tudo a ver com a nossa estratégia de negócio. Nosso carro-chefe é a mineração conduzida de forma sustentável, mas também atuamos no setor agropecuário, especificamente na produção de café e construção de hospitais oncológicos. Firmamos recentemente uma parceria com o Laboratório Bion para produção de insulina em Nova Lima. A mineração, por si só, já gera uma diversificação econômica muito grande. Estamos em Mariana desde 2020, com operação desde 2022, contando com mais de 400 fornecedores locais e gerando mais de R$ 11 milhões na economia local.”.
Carla Carvalho, Especialista em Relacionamento com Fornecedores da Anglo América, é responsável pelo Promova, programa de desenvolvimento de fornecedores locais. O programa atua diretamente na promoção da diversificação econômica, apoiando o fortalecimento de empresas locais. “Atualmente já existem empresas muito consolidadas que fornecem seus produtos para outros municípios. Buscamos contribuir também com empresas que não serão nossas fornecedoras, como uma loja de roupa, de pets e com o negócio em formação. Trouxemos algumas dessas empresas para o Fórum para fazerem Network e contarem de seus avanços, que beneficiam diversas famílias”.
Apesar de as minas do estado, em sua maioria, estarem a décadas de se exaurir, o gerente geral de Sustentabilidade da Samarco, Felipe Starling, lembra que este fato não isenta as empresas de investirem na diversificação econômica local. “O pilar de desenvolvimento territorial é muito importante na estratégia de sustentabilidade da empresa e perpassa inúmeras áreas como meio ambiente, relacionamento com a comunidade, governança, ética nos negócios, transparência. Temos dois grandes braços neste sentido: compras locais, para deixar mais riqueza no território. Precisamos agora, além de ajudar o desenvolvimento econômico, reduzir a dependência da mineração. Por isso o segundo braço é o programa de diversificação econômica, buscando identificar as cadeias produtivas que não estão relacionadas com a mineração no território. Por exemplo, apoiamos em Ouro Preto e Mariana a atividade turística, divulgando as potencialidades, produzindo inventário dos bens históricos e patrimoniais que não são acautelados, protegidos, nem conhecidos pela população. Também fomentamos as Indicações Geográficas, como doces, queijos, pastel de angu, etc. que possuem um valor agregado muito alto, mas que possuem pouco acesso ao mercado. Buscamos parceiros para estas iniciativas por meio da Federaminas, Sebrae e Associações Comerciais”.
O programa Força Local da Samarco existe há três anos e atende mais de 380 empresas de Mariana, Ouro Preto, Santa Bárbara e Catas Altas com o propósito de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico desses territórios.. “Entre as iniciativas do programa estão rodadas e encontros de negócios, catálogo de fornecedores locais com mapeamento do que este território oferta, que funciona como mecanismo de busca para empresas instaladas neste municípios, independentemente do setor produtivo, possam encontrar o que procuram. Há também o pilar de desenvolvimento e qualificação que, com apoio de consultoria externa, colaboramos para o aperfeiçoamento das empresas locais, para que se tornem mais competitivas. O Força Local impacta mais de 16 mil pessoas”, conta Elisângela Toledo, coordenadora do programa.
Segundo ela, um vídeo do Sebrae ‘As voltas que o dinheiro dá’ ilustra a essência do Força Local, da Samarco, “porque demonstra como o dinheiro circula na comunidade, se você adquire produtos locais.
A GKS, parceira executiva da Vale no programa de desenvolvimento socioeconômico, Corretores e Rotas, também participou do Fórum. Seu CEO, Cássio Garkalns, observou que “as empresas trazem para este Fórum experiências diferentes, que são complementares. Além disso, o olhar integrado que o evento ajuda a formar entre as companhias que atuam em um mesmo território evita a aplicação de programas similares”.
O presidente da Federaminas e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Valmir Rodrigues, considera essencial a preocupação das grandes empresas do setor minerário com o que serão os municípios no final do ciclo produtivo. “Há uma grande preocupação para que os municípios não concentrem todas suas apostas na extração mineral, apesar de hoje ela ser uma realidade. É preciso discutir a diversificação econômica e, por meio de um Fórum, um debate, vai se construir o caminho ideal para o desenvolvimento econômico local, encontrando as potencialidades de cada município para que ele faça a transição, agora ou no futuro, de uma forma planejada e, portanto, mais tranquila”.
O Governo de Minas também contribui para a diversificação econômica, conforme afirma Marco Gaspar, superintendente de Micro e Pequenas Empresas do Estado de Minas Gerais. “O estado atraiu cerca de R$ 420 bilhões nos últimos 5 anos e meio, com a chegada de empresas, em sua maioria, de grande porte. Estas contratam funcionários, serviços e produtos no seu entorno. Um dos nossos objetivos é fomentar o fornecimento de insumos das pequenas e microempresas locais para as grandes empresas. Outro objetivo é desenvolver a Política Estadual de Arranjo Produtivo Local, em que identificamos os polos produtivos, que são muitos em Minas Gerais, e contribuímos para o seu desenvolvimento. Porque muitos já encerraram o seu ciclo, como é o caso das flores de Barbacena, pois não houve trabalho conjunto. Os poucos produtores restantes vendem a produção para Holambra, e depois os mineiros compram parte de volta”.
Villa Mariana
Exemplo de apoio do Governo de Minas e da Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) para diversificar a economia do estado é o empreendimento imobiliário Villa Mariana, lançado pelo Grupo Liderança, formado por investidores da cidade de Mariana, na última quinta-feira (20.06), no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
O empreendimento será construído em três etapas, a começar por um hotel e um prédio comercial. A iniciativa que visa a fortalecer o turismo e a diversificação econômica no município e região foi viabilizada pela assinatura de um protocolo de intenções entre o Grupo Liderança e o Governo do Estado de Minas Gerais, em parceria com a Invest Minas, em 2023.
“A Ivest Minas possui um setor de turismo e contribuiu para o projeto de Mariana, cidade que é a primeira capital de Minas, muito rica culturalmente, mas que ainda não contava com um hotel deste porte, que irá proporcionar que mais turistas conheçam a cidade e mais negócios sejam gerados, alimentando a diversificação econômica local e regional”, afirma o diretor estratégico da Invest Minas, Cássio Coutinho.
Sobre o Fórum, sintetiza: “Percebemos uma grande evolução a cada edição do FRDE. O primeiro tratou de ideias, no segundo vimos um pouco dos resultados parciais e neste terceiro foram apresentadas ações em estado mais avançado de desenvolvimento. Enquanto governo do estado, ficamos muito felizes, porque a força deve vir da união das empresas, sociedade e do poder público”.
Financiado pela iniciativa privada com apoio do terceiro setor e participação do poder público estadual e dos municípios, o FRDE está expandindo sua área de atuação e grau de importância. “Com isso, a responsabilidade aumenta muito. Importante é que obtemos melhores resultados e condições de avançar. Atualmente, o FRDE já está inserido no calendário das grandes empresas, que nos procuram já firmando parcerias para a edição do ano que vem. Isto nos dá tranquilidade e é um reconhecimento da importância da discussão de projetos que promovem a diversificação econômica, seja nos territórios de dependência mineraria ou de outros setores produtivos”.
Ao final do Fórum, os organizadores anunciaram a realização do “1º Fórum de Mecanismos de Financiamento do Desenvolvimento e da Atividade Empreendedora” para, provavelmente, o final deste ano. “Precisamos pensar em fundos de desenvolvimento econômico e canalizar parte da CFEM para nutrir o financiamento de projetos e iniciativas de desenvolvimento. Temos demonstrado pelo Fórum e por parceiros-chave que, com poucos recursos, conseguimos operar grandes transformações. Outro ponto de reflexão, além do financiamento do desenvolvimento, é obter crédito bom e barato para financiar a atividade empresarial. Desta constatação, emerge outro fórum, derivado do FRDE, que abordará este tema inclusive com uma alcance a temas como o cooperativismo de crédito, fintechs, modelos de oferta de garantias a operações financeiras e moedas sociais – bancos comunitários, que possuem papel importante na manutenção de renda e riqueza nas comunidades”, explica Gilmar Barbosa.
A 4ª edição do FRDE também foi anunciada para o mês de março de 2025 em Belo Horizonte.
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Postado por Nathália Coelho, no dia 01/07/2024 - 12:20