Fotos: Flávia Teixeira do Carmo, Giovane Lobo Neiva, divulgação paróquia do Rosário, Ana Cristina e divulgação Matriz de Santana dos Montes
Coroação Matriz de São Gonçalo
O mês de Maio é dedicado na tradição católica, à Virgem Maria, à Nossa Senhora, que na fé milenar católica é a Santa Mãe de Deus. É mês das noivas, mês das mães e das futuras mães que vão dedicar sua família à santa.
Mês de coroação. Mas se a coroação dos “reis deuses” remonta ao Egito antigo, (Amon Rá) na Europa medieval além dos “reis deuses cristãos” (mandato divino) também a rainha consorte passa a ser coroada. Coroavam a mãe virtuosa, exemplo de bondade, “mãe do reino secular” extendendo-se o rito à “Mãe de Deus” nos altares ? Certo que a coração de Nossa Senhora tem origens no século XIII, (1280) e a tradição fincou raiz no século XIV em París. A pratica de se adornar a Santa maior dos catolicos com joias e flores vem “alors”da França.
Na Portugal de 1646, O rei Dom João IV colocou a própria coroa em Nossa Senhora. Vale lembrar Agusto de Lima Júnior: “De Braga, do Ouveiro, de Além Mar e entorno vem para as Minas nossas mais puras tradições marianas.”
Nas pequenas cidades da região das Minas do Ouro é a maior manifestação da fé católica: Dura um mês inteiro. A casa que recebe a imagem da santa improvisa belo altar muito enfeitado para as orações do “terço” no dia. Senhoras voluntárias da vizinhança acorrem à fábrico da fartura de doces e balas decoradas. O andor da santinha segue, (com sua profusão de flores) à igreja matriz. É conduzido em procissão com brilho de bandas de música e de congado. Todas as procissões exigem tochas de bambú (com bordas de papel colorido para as velas não se apagarem) proporcionando singular espetáculo ao cortejo musical, de cores, de rezas, de fé.
No auge da reza na igreja matriz, as meninas da casa festeira vão coroar Nossa Senhora. Pipocar de sinos festivos, foguetório ensurdecedor, concorrida recepção para os “anjinhos de toda a comunidade” na capela abastecida de muito doce.
Na região do Circuito Villas e Fazendas, de Piranga à Santana, de Conselheiro Lafaeite à Queluzito, a tradição resiste. Dezenas de pessoas conduzem a todo ano meninas de 1 a 12 anos no rito das homenagens a Mãe de Jesus. Em Catas Altas da Noruega, (com históricas capelas setecentistas bem conservadas e localizadas em paisagens deslumbrantes) ou em Piranga (a matriz é de 1718), resquícios de costumes das “eras bandeirantes” ainda sobrevivem na fé de seu povo, no louvor à Santa Maria, segundo o historiador e agente cultural local, Giovane Lobo.
Nas pequenas cidades das Minas Gerais ou de nossa nação, mudaram-se os costumes e as formas de se pensar a religiosade. A tecnologia atrai para novos conceitos, valores e hábitos. Mas nas pequenas “Villas do Ouro” ou nas paróquias de São Sebastião ou na Matriz colonial de Senhora da Conceição (1709), em Conselheiro Lafaiete, voluntárias cuidam com amor desse patrimônio cultural tão caro aos mineiros católicos. Esse patrimônio, (cultural, imaterial, intangível) é parte de nossa alma coletiva, como povo. Prestigiemos. Desliguemos os celulares de vez em quando!
José Geraldo é agente cultural em Santana dos Montes e pesquisador das histórias e encantos da antiga Queluz de Minas.
Coroação na Matriz de NS da Conceição - Conselheiro Lafaiete
Coroação na igreja do Rosário - Piranga
Coroação na paróquia de São Sebastião - Conselheiro Lafaiete
Coroação na Matriz de Santana dos Montes
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Postado por Sônia da Conceição Santos, no dia 30/05/2024 - 10:46