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Comunidade


Lafaiete perde a guerra contra o lixo

Cidade padece com o acúmulo de detritos, mas responsabilidade não é só da PMCL



foto: Rafaela Melo - Montanhas de lixo e ruas mal cheirosas são resultado da negligência de todos nós


O lixo faz parte da vida em sociedade e sua destinação é fundamental. Em Lafaiete, pelo menos 75 toneladas de resíduos são recolhidas por dia, alcançando uma média mensal de 2.270 toneladas. Dar o devido encaminhamento para tamanho montante é um desafio e tanto, o que, muitas vezes, passa despercebido para a população.

Entretanto, quando a produção de detritos é maior que a capacidade de removê-los, rapidamente o problema se torna visível, trazendo transtornos para toda a comunidade.
Acúmulo de sacolas com todo tipo de rejeitos, ruas sujas, mau cheiro – tudo isso é reflexo de uma “guerra contra o lixo”, que parece estar sendo perdida. Afinal, o que pode ser feito para tornar a cidade mais limpa?
Lafaiete tem cerca de 131 mil moradores, de acordo com o recenseamento realizado em 2022. Há somente uma empresa prestadora do serviço de coleta de lixo, contratada através de processo licitatório. O Jornal CORREIO conversou com o representante dessa empresa, a Mega. Segundo o engenheiro civil Cristian Campos Nunes, atualmente, em nossa cidade, atuam 36 garis coletores. Desses, 28 são distribuídos em sete equipes: “essas equipes são divididas em dois turnos, dos quais quatro funcionam durante o dia e três à noite. Os demais garis estão na função de reserva, repondo eventuais ausências e atestados”, explica. Todos os bairros do município são atendidos, bem como, distritos rurais.

O engenheiro explica que os serviços de coleta são divididos em rotas: “São sete rotas, sendo divididas entre manhã e noite. Em algumas situações, o mesmo caminhão realiza o serviço no período diurno e noturno, com alternância de equipe. Cada veículo conta com uma equipe de quatro garis e um motorista”, completa. Quanto à área de cobertura e periodicidade da coleta, todos os bairros do município são atendidos, três vezes por semana, e a área central, duas vezes por dia, incluindo domingos e feriados.

Localidades rurais e distritos e são atendidos semanalmente. De acordo com a Mega, essa logística dos serviços segue as diretrizes das leis municipal, estadual e federal, no que se refere ao saneamento básico.
Nossa Reportagem questionou o Depar­tamento Municipal de Meio Ambiente, sobre o porquê da cidade apresentar um aspecto de suja e mal cuidada, mesmo com uma organizada estrutura de coleta: “Há uma junção de vários fatores, incluindo a prestação dos serviços e educação ambiental, tais como: atrasos das rotas, por motivos diversos; a falta de organização de muitos moradores, que colocam, diariamente, o lixo a céu aberto, mesmo fora do dia de coleta; dejetos mal embalados ou com embalagens frágeis; abertura e espalhamento de resíduos orgânicos por animais de pequeno e grande porte e abertura dos sacos de lixo por catadores ambulantes, para retirada de material reciclável, sem seu devido fechamento posterior”, enumerou a chefe de seção do departamento, Patrícia Pires Vieira.

Ela também ponderou que a geração de lixo é sempre crescente, principalmente em épocas como fim de ano e períodos de férias, o que exige um tempo maior para o cumprimento das rotas estabelecidas e para locomoção dos caminhões em ho­rários de pico, sem falar nos períodos de chuvas: “Por tudo isso, é necessária a junção de esforços de cidadãos e prestadores de serviços, para minimizar os impactos ambientais,” analisou.

A respeito dos chamados bota-fora clandestinos, que também potencializam os danos ambientais, Patrícia Vieira afirmou que há uma equipe que realiza o recolhimento de lixo e até entulhos, nesses espaços: “Essas ações ocorrem semanalmente, mediante protocolos e vistorias. A multa é aplicada somente por comprovação de quem praticou os atos. Vale lembrar que, em lotes e áreas particulares, a limpeza é de responsabilidade do proprietário, incluindo fechamento da área”, ressaltou.

Diante dessa “radiografia” do lixo, realizada pelo Jornal CORREIO, muita gente pode deduzir que a culpa pela sujeira na cidade é de total responsabilidade do Poder Público. Afinal, com o crescimento da população, seriam necessários mais investimentos nos serviços de coleta, com aumento da frota de caminhões, contratação de mais pessoal, intensificação do recolhimento de rejeitos nos bairros e maior atenção à coleta seletiva.

Entretanto, é um erro depositar o protagonismo dessa “guerra ao lixo” somente nos órgãos públicos e empresas do setor. A população tem sua parcela de responsabilidade. Como o próprio Departamento do Meio Ambiente considera, pequenas ações inadequadas vêm tornando o quadro mais caótico, como o acondicionamento incorreto dos dejetos, o descarte indiscriminado nas portas das residências e até pelas ruas da cidade.

Tudo isso, pouco a pouco, deixa a cidade mais feia, mais mal cheirosa, mais caótica. Vale, inclusive, lembrar da velha máxima: “Ambiente adequado não é o que mais se limpa, e sim o que menos se suja”. Por isso, é necessário o comprometimento de todos, nos pequenos gestos, na atenção à coleta seletiva, no respeito aos garis, na atenção aos dias de recolhimento e até mesmo nas escolhas de materiais orgânicos e recicláveis. Afinal, a produção de lixo, em uma cidade, aumenta de modo irreversível. Mas, mesmo assim, é possível frear o caos, dando a esses detritos o destino adequado.




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Postado por Nathália Coelho, no dia 24/03/2024 - 19:20


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