Foto: divulgação
Daqui a pouco mais de 1 mês, no dia 10 de novembro, Laura Paula Dias Paiva vai completar 15 anos. Mas se engana quem pensa que o presente mais desejado pela adolescente é uma viagem à Disney, uma festa de debutantes ou qualquer outro evento. O presente mais esperado por ela, e por toda a família, chegou no dia 6 de setembro, e veio de um desconhecido que, ao deixar o mundo, decidiu espalhar amor. A lafaietense estava entre os mais 6.200 mineiros que aguardavam pela doação de um órgão, e graças a um transplante realizado no Hospital das Clínicas, em BH, conquistou a chance de continuar lutando pela vida.
Essa luta, aliás, começou cedo, e ainda reserva alguns rounds para serem vencidos, conforme detalham seus pais, o empresário Luís Fernando Dias de Paiva e a influenciadora digital Renata Paula: “Laura foi diagnosticada com hepatite autoimune aos 7 anos de idade, uma doença rara, na qual o sistema de defesa do organismo ataca indevidamente as células do próprio fígado, levando à sua inflamação. Após exames, e uma biópsia hepática, recebemos o diagnóstico. Foi constatado, também, que já havia um quadro de cirrose”, relembram.
A notícia de que o quadro exigiria um transplante deu início a uma corrida contra o tempo. “Foi assustador. Foram cerca de 6 meses no protocolo pré-transplante. A Laura ficou ativa na fila de espera apenas 1 semana, devido à urgência do seu quadro. No dia 5/09, o médico responsável entrou em contato conosco pelo telefone e, no dia seguinte, a cirurgia foi realizada”, pontuam. Mas apesar do bom estado do órgão, a recuperação não foi tão simples: “No dia 09/09, ela precisou voltar para o bloco cirúrgico para a retirada de um coágulo de sangue que se formou na parede do fígado. Foram retirados cerca de 500 ml de sangue e, após esse episódio, os exames começaram a oscilar”, explica.
O fígado continuou funcionando perfeitamente, porém produzindo bilirrubina em excesso, o que fez com que ela ficasse ictérica. Devido a dor, Laura não conseguia "respirar fundo", e foi necessário receber ajuda mecânica. A adolescente também ficou anêmica, recebeu transfusões de hemácias, plaquetas e crio nesse período. Por não conseguir comer, foi implantada uma sonda nasogástrica. Os rins também foram afetados, levando à necessidade de hemodiálise. Uma biopsia constatou uma rejeição, que passou a ser tratada com pulsoterapia, para neutralizar os efeitos da doença. O procedimento estabilizou a crise, os exames começaram a mostrar respostas positivas, mas como efeito colateral, Laura desenvolveu diabetes medicamentosa.
“A nossa filha está tendo uma linda evolução! Não está acontecendo tão rápido, mas está acontecendo. Seguimos firmes! Somos cristãos, temos muita fé em Deus e cremos que Ele tem propósito em tudo. Mas mesmo com fé, o medo vem, a angústia vem, o cansaço vem... Por isso, temos nos apegado na certeza de que o amanhã pertence a Deus, logo, devemos viver o hoje da melhor forma possível”, afirmam os pais, que agradecem o gesto da família do doador: “Graças a essa admirável atitude, minha filha terá a chance de viver mais tempo e de realizar seus sonhos. Sempre penso na família do(a) doador(a), mesmo sem saber quem são. Queria poder abraçá-los e dizer que sinto muito pela grande perda que tiveram. Mas também gostaria de agradecê-los por tamanho gesto de amor e generosidade. Cuidaremos muito bem deste presente!”, afirma Renata.
A fila em Minas Gerais
De acordo com a Fhemig, não foi possível acessar o número de pessoas na fila em Lafaiete, mas no dia do levantamento dos dados (4), havia 6.279 pessoas na fila de transplantes em Minas Gerais. “Os órgãos mais transplantados são os rins, enquanto o mais difícil de se conseguir em Minas Gerais é o coração, devido aos diversos critérios para doação. Minas Gerais não está realizando transplantes de pulmão (retornará em breve), mas ele é tão ou ainda mais difícil que o coração pelos mesmos motivos. O tempo de espera vai depender do órgão que a pessoa aguarda. A lista é única e funciona baseada em critérios técnicos, como tipo sanguíneo e a compatibilidade de peso e altura, e critérios de gravidade, distintos para cada órgão, que determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Para se tornar um doador, é preciso apenas comunicar a sua família. Conselheiro Lafaiete hoje não possui hospitais notificadores para realizarem captação”, pontua Anni Sieglitz, da equipe de Jornalismo da Fhemig.
Laura, ladeada pela equipe médica do Hospital das Clínicas, em BH, e sua mãe, à esquerda, a influenciadora digital Renata Paula
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Postado por Nathália Coelho, no dia 12/10/2023 - 09:26