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Comunidade


Elaine Matozinhos, a criadora das Delegacias das Mulheres e dos Idosos de MG



Foto: divulgação


 

Seu tom de voz é baixo, mas seus olhos e suas ações abrem mundos como lagoas caladas e vulcões de lava libertadora. Essa é a impressão primeira que se tem à frente de Elaine Matozinhos, a primeira delegada de polícia mais jovem da história de Minas (nomeada aos 23 anos) e a fundadora das Delegacias de Mulheres e do Idoso das Gerais. Doçura de gente que se renova com o tempo e, como o vinho, se aprimora.

Feminino alegre, mesmo após ter travado batalhas alongadas em seu percurso nos tempos em que às mulheres cabiam papéis menores. Não se curvou, foi à luta que sempre soube não ser só sua, mas de um gigantesco grupo denominado “minoria”. Por isso, o brilho de seu olhar chove alegria quando narra como fez do difícil o facilitar a vida de seus semelhantes. Clarice Lispector registrou que “Porque há o direito ao grito. Então eu grito”. Matozinhos gritou com/por ações que inauguraram tempos outros e pensamentos humanos humanizados, fazendo jus à significação de seu nome – derivado de Helena – que significa reluzente, tocha, luz... Um algo à vista para acender caminhos.

Feminista? Feminina? Eteceteras? Tolice, Elaine nunca aspirou a ser rótulos, se fez por si própria sem estampas e abraçou causas censuradas pela mediocridade. Daí o dom do uso apurado da palavra, a voz forte quando se faz necessário acalmar as tempestades. Rainha e súdita, policial e mulher, mãe e filha, política e eleitora – Cidadã... Foi muitas em uma só, em tempos nublados, em época de pensamentos brutos. Vitória: como houve o milagre dos peixes no Livro Sagrado, houve o milagre das mulheres com a voz cara a cara debatendo com o patriarcado.

Advogada pela Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete-MG, sua terra natal, recebeu a Medalha da Inconfidência e tantas outras e, com ou sem as honrarias muitas que lhe deram, não se esquece nunca de informar ser destas antigas terras de Queluz de Minas, por isso com timidez e carinho entoa seu canto: “As pessoas são muito generosas comigo e nem sei se mereço tantas”. Sim, sua pele é a modéstia, seus órgãos dedic(AÇÃO)... E a criatividade, uma floresta verde amante da chuva, não por acaso se chove de contentamento para si mesma por ter feito seu trabalho, constituído sua família, se casado com um parceiro por afinidades e amor, essa coisa doida e inexplicável que mora muito além do coração: coisa do espírito, talvez caminho traçado...

Não se explica essa mulher – há algum ser humano passível de explicação? Carece? Elaine também não almeja ser explicada, mas sentida: sentir é compreender com mais lucidez. Uma pétala do Rosa, o Guimarães, sussurrou que “O mais importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando”. E essa amiga aprendeu isso cedo ao abrir os olhos para ver o primeiro externo do mundo. E floresceu liberdade e mais humanidade num jardim de que cuida até hoje.

Esta crônica é um abraço, um carinho, um agradecer por promover a reinauguração da mulher e sua força social. Para o bem Geral!

Paulo Antunes
Professor de Português e Redação, revisor textual, escritor
Contato: [email protected]

Elaine, figura dócil; mas capaz de trovejar

Com o marido José, fiel apoio nos bastidores

Com uma dentre tantas honrarias, a Medalha da Inconfidência

A menina: de bacharela em Direito à primeira delegada mais jovem de Minas Gerais

Entre dois amores, Thiago e Érika




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Postado por Nathália Coelho, no dia 09/10/2023 - 20:20


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