Fotos: Jornal CORREIO
A análise dos dados do Sistema Nacional do Emprego – Sines Lafaiete, Congonhas e Ouro Branco – apresenta uma realidade desconhecida para muitos: sobram vagas não preenchidas nas três cidades. Se analisarmos friamente os números referentes aos seis primeiros meses do ano, veremos que Lafaiete (1.320), Ouro Branco (2.294) e Congonhas (2.988) ofereceram, juntas, 6.602 vagas de emprego, mas somente 1.144 trabalhadores foram colocados no mercado, ou seja, 17,3%.
Lafaiete foi mais efetiva nesse critério: das 1.320 vagas oferecidas nesse período, 642 foram ocupados, ou seja, 48,6%. Em Congonhas, havia 2.988 vagas, mas foram confirmadas 318 contratações (13,8%). Em Ouro Branco, os dados surpreendem ainda mais: foram 2.294 vagas e 184 carteiras assinadas (8,5%). Vale lembrar que todos esses dados estão abertos para consulta no site do Sine e são computados de acordo com o retorno dado pelas empresas, ou seja, é possível que algumas contratações não tenham entrado no sistema.
Entre os meses de janeiro e junho, Lafaiete realizou 16.727 atendimentos. 9.513 pessoas foram encaminhadas a vagas de emprego e 642 foram, efetivamente, colocadas, obtendo êxito na efetivação para a posição a qual foram encaminhados. O pior desempenho foi no mês de janeiro, quando 3.225 pessoas procuraram o Sine Lafaiete para serviços diversos, mas só 41 foram efetivadas. Destaque positivo para maio, com 192 colocações, e junho, com 169.
Apesar de ter 40% da população de Lafaiete, Congonhas não ficou muito atrás no total de atendimentos em sua unidade do Sine. Nos seis primeiros meses do ano, a Cidade dos Profetas ofereceu 11.409 atendimentos, encaminhando 5.417 candidatos a vagas. Foram oferecidas 2.988 vagas e 318 foram preenchidas. Dos 1.221 trabalhadores cadastrados no Seguro Desemprego, 116 saíram de lá de emprego novo.
Ouro Branco também teve um grande volume de atendimentos nesse período: foram 9.417. Desse total, 2.312 foram encaminhados para algum empregador e 184 ganharam um novo registro na carteira de trabalho. 702 encaminhamentos foram monitorados. 544 pessoas deram entrada no Seguro Desemprego. Dessas, 60 foram encaminhadas a vagas abertas e contratadas, sem passar pela angústia da espera.
Por trás da cadeira vazia
Não dá para dizer que não houve procura. Até mesmo porque, como vimos, ao dar entrada no Seguro Desemprego, são apresentadas ao trabalhador as oportunidades que se encaixam em seu perfil. E o volume de atendimentos mostra que as pessoas estão sim procurando emprego. Mas o que faz com que essa conta não seja fechada com saldos mais positivos para a economia?
Para o gerente do Sine Lafaiete, Paulo Lima, há uma soma de fatores: “Existem algumas vagas com maior dificuldade em encontrar profissionais para preenchê-las, mas na sua grande maioria das vezes, elas acabam sendo ocupadas. Hoje, a grande dificuldade que as empresas estão enfrentando para contratar é a falta de interesse, em grande parte, da população. E também a falta de qualificação profissional de vários candidatos. A grande maioria, hoje em dia, está mais preocupada com o salário - e não com o emprego”, avalia o gerente, que aponta as áreas com mais oportunidades: “Hoje estamos com muitas vagas na área da construção civil, manutenção mecânica e operadores de equipamentos pesados”.
A importância da capacitação
Na outra ponta do sistema está a advogada e administradora pós-graduada em Comércio Exterior Neila Maria Tavares. Sócia-proprietária da Cozinha Dazira, ela revela uma dificuldade em contratar que vem se acentuando ao longo dos últimos 10 anos. E para essa receita, dois ingredientes parecem estar em falta: “Primeiro, a experiência, um requisito básico na categoria que mais contratamos, que é preparação de alimentos. Outra, a formação. Há uma significativa melhora no desempenho quando encontramos profissionais com a formação técnica, mas contamos, apenas, com a Estec, que oferece cursos no nosso segmento. O Senac CL não tem grade para essa área, lamentavelmente”, explica.
Segundo a empresária, é perceptível o desinteresse em buscar capacitação profissional: “Eu sou de família humilde e a principal preocupação dos meus pais era garantir um bom estudo para os três filhos. Meu primeiro curso extracurricular foi datilografado pelo Senac, aos 16 anos de idade. Hoje, faltam políticas de ensino que motivem a busca pelo conhecimento. Os profissionais estão menos qualificados. Há um despreparo primário no tocante à formação de valores morais, como também no ensino acadêmico. Precisamos mostrar o caminho para essa juventude, incentivando a busca por uma boa formação”, lembra.
Segundo Neila Maria Tavares, sócia-proprietária da Cozinha Dazira, dois ingredientes parecem estar em falta: experiência e formação
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Postado por Rafaela Melo, no dia 06/08/2023 - 13:46