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Comunidade


Em Lafaiete, população em situação de rua cresce 175% em seis meses

Segundo o Centro Pop, último mapeamento detectou 93 pessoas; 86% são homens, com idade entre 18 e 59 anos




 

A pandemia agravou desigualdades, impactou negativamente no crescimento e provocou desemprego em vários setores, mas talvez tenha sido para os mais vulneráveis que essa tragédia histórica tenha mostrado face mais sombria. No Brasil, a população de rua superou as 281 mil pessoas em 2022. Isso representa um aumento de 38% desde 2019, conforme concluiu um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Lafaiete espelha essa realidade, mas talvez em proporções ainda mais preocupantes.

Responsável pelo acompanhamento desse quadro, o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua – Centro POP/CL também sentiu um aumento no número de pessoas em situação de rua atendidas diariamente por sua equipe. “Entre janeiro e junho de 2023, foram realizados 313 novos cadastros no setor. Se comparado ao mesmo período de 2022, tivemos um aumento de 67%. Também observamos esse aumento por meio do Serviço de Abordagem Social. Apenas no mês de maio de 2023, foram realizados 23 novos cadastros. Em maio de 2022 foram 10”, detalha a coordenadora do Centro Pop, a assistente social Kênia Fernanda Santos.

O quadro já vinha chamando a atenção da nossa equipe, que em dezembro passado abordou o drama das 34 pessoas que passaram o Natal nas frias ruas da cidade. Mas agora, em pleno inverno, a situação é ainda mais preocupante e aponta para um aumento de 175% na população de rua da cidade. “O Serviço de Abordagem Social e o Centro POP/CL buscam realizar o mapeamento das pessoas em situação de rua no município conforme os meios disponíveis. Estamos em processo de atualização, mas conforme o último mapeamento realizado em ampla extensão do território, identificamos 93 pessoas”, revela Kênia Fernanda Santos.

Pelo mapeamento realizado pelo setor, 86% são homens, com idade entre 18 e 59 anos. Ainda segundo a assistente social, devido à inexistência de moradia convencional regular por diversos fatores, as pessoas em situação de rua utilizam os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e/ou de sustento, concentrando-se em áreas centrais como rodoviária e praças.

Nossa equipe percorreu alguns pontos da cidade e registrou parte dessa realidade. Só no terminal ro­doviário, próximo aos banheiros, há, pelo menos, quatro abrigos improvisados. Em um deles há, apenas, colchões e cobertores. Em outros, uma barraca ou ‘cabana’, feita de papelão, cobertores e plásticos. No Carijós, nos fundos do Mercado do Produtor, há outra barraca e mais a frente, no Centro de Controle de Castração, tem uma espécie de ca­ba­na feita com plásticos. Na parte de baixo do coreto, uma pessoa se abriga no pequeno espaço entre as partes de concreto e as grades. Há cobertores e papelões no local.

Embaixo da marquise de um restaurante, na avenida Prefeito Telésforo Cândido de Resende, também há cobertores, papelões e roupas.

Morte na rua
Essa realidade é dura para quem enfrenta dias e noites nas ruas de qualquer cidade. Em um ambiente hostil, a bebida e as drogas surgem como uma espécie de refúgio da realidade e, aos poucos, a saúde torna-se cada vez mais frágil. No bairro Progresso, em Lafaiete, um ho­mem foi encontrado sem vida. Segundo Kênia Santos, a vítima dispunha de endereço fixo e residia com um conhecido, mas possuía tra­jetória de rua, chegando a ser acompanhado pela equipe do Centro POP, com orientações e intervenções, referente a sua saúde debilitada.

A unidade tem portas abertas de segunda a sexta, das 8h às 16h, disponibilizando atendimento humanizado às pessoas em situação de vulnerabilidade social que utilizam as ruas como meio de moradia e sustento. “Oferecemos alimentação, higienização pessoal, doação e lavagem de roupas e atendimento técnico com assistente social e psicólogo. O Centro POP também vem realizando parcerias com a comunidade, que através de campanhas tem arrecadado doações de cobertores e roupas de frio. Entregamos todo esse material aos usuários que frequentam o setor e durante a abordagem social”.

Mas a proposta é ir além: “Desde o ano passado, estamos realizando articulações entre os setores públicos e sociedade civil, que atendem e oferecem serviços às pessoas em situação de rua, para discutirem sobre o tema, se capacitarem e desenvolverem um Plano Municipal de Atendimento a Pessoa em Situação de Rua”, finaliza.


Centro de Referência para População em Situação de Rua – Centro POP/CL
Endereço: avenida Prefeito Telésforo Cândido de Rezende, 87, Centro
Telefone: (31) 9 9239-6560
E-mail: [email protected]

Só no terminal rodoviário, há, pelo menos, quatro abrigos improvisados

No Carijós, nos fundos do Mercado do Produtor, há outra barraca e perto do Centro de Controle de Castração, pode-se ver mais uma espécie de cabana feita com plásticos




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Postado por Nathália Coelho, no dia 06/07/2023 - 21:20


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