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Veículos


Com o hatch elétrico Dolphin EV, a chinesa BYD dá a largada em sua expansão no mercado brasileiro




 

Luiz Humberto Monteiro Pereira

Agência AutoMotrix

A BYD foi criada em 1995 na China para atuar na geração de energia solar e na mobilidade elétrica. O nome foi tirado das iniciais da expressão em inglês “Build Your Dreams”, que significa “construa seus sonhos”. A inspiração motivacional do nome aparentemente deu resultado, tanto que a BYD tornou-se uma das maiores fabricantes mundiais de baterias de lítio-ferro e de veículos elétricos e híbridos plug-in. Em 2023, a marca emplacou 1.857.379 automóveis eletrificados – sendo 911.141 BEVs (100% elétricos) e 946.238 PHEVs (híbridos plug-in) – e garantiu a liderança global na fabricação de veículos recarregáveis em tomadas. Já atua no Brasil desde 2015, quando inaugurou sua fábrica de chassis de ônibus elétricos em Campinas (SP). Em 2019, começou a trazer da China as primeiras unidades do furgão elétrico eT3. Atualmente, a marca comercializa no Brasil o utilitário esportivo de sete lugares Tan EV (SUV), o sedã grande Han EV e utilitário esportivo médio Yuan Plus EV – os três 100% elétricos –, e o SUV grande híbrido plug-in Song Plus DM-i, todos produzidos da China. Ou seja, até agora, disputava apenas nichos menores dos veículos eletrificados. Mas a “timidez inicial” da BYD no Brasil acaba de ficar para trás com o lançamento do Dolphin EV. O novo hatch compacto elétrico chega com preço de lançamento de R$ 149.800 – a mesma faixa dos rivais Renault Kwid E-Tech, Chery iCar e JAC E-JS1. Contudo, os três elétricos mais baratos disponíveis no Brasil são subcompactos, bem menores que o Dolphin.

Como os três atuais concorrentes no mercado brasileiro, o Dolphin EV é importado da China, mas está cotado para inaugurar a produção da BYD no Brasil, assim que a marca viabilizar sua fábrica na Bahia. O hatch foi desenvolvido sobre a arquitetura e-Plataform 3.0, criada para veículos elétricos, que integra o sistema de alta tensão e as baterias ao chassi do carro. O hatch tem 4,13 metros de comprimento, 1,77 metros de largura e 1,57 metro de altura – dimensões próximas às de compactos com motores flex, como o Volkswagen Polo e o Chevrolet Onix. Todavia, o fato de ter sido originalmente concebido como elétrico (com previsão de espaço menor para o motor) e ter as baterias distribuídas ao longo do assoalho permitiu dar ao carro da BYD uma distância de entre-eixos de 2,70 metros, cerca de 15 centímetros maior em comparação às do Polo e do Onix. E uma distância de entre-eixos maior permite a ampliação do espaço interno dos veículos. No Dolphin, tal medida chega a superar as de utilitários esportivos médios, como o Jeep Compass (2,63 metros) e o Toyota Corollha Cross (2,64 metros). O entre-eixos do novo BYD tem tamanho idêntico ao do também elétrico Nissan Leaf, hatch médio que parte de R$ 298.490.

O compacto elétrico chinês foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo alemão Wolfgang Egger (ex-Alfa Romeo e Audi) e pelo italiano Michele Paganetti (ex-Volkswagen e Mercedes-Benz), dois nomes prestigiados do design automotivo mundial. Primeiro veículo da BYD a adotar o estilo da linha “Ocean”, o Dolphin apresenta um desenho moderno, com linhas retas e formas fluidas. O visual é inspirado nas criaturas marinhas e nas ondas do mar, tanto dentro, quanto fora do veículo. O design das luzes dianteiras e traseiras evoca o movimento dinâmico dos golfinhos no oceano. A faixa de leds que atravessa a dianteira e a traseira reforça o aspecto “hi-tech”.

Com um motor elétrico assíncrono de 95 cavalos e 18,3 kgfm, o novo BYD se beneficia da moderna bateria Blade de 44,9 kWh para estrear como o veículo com melhor eficiência energética do mercado brasileiro, segundo o Inmetro. Com a carga a 100%, roda 291 quilômetros – todos os concorrentes ficam abaixo de 200 quilômetros. A bateria pode ser recarregada de forma simples – com um adaptador, é possível usar uma tomada comum de 127 ou 220V. Já nos carregadores de alta potência, de acordo com a BYD, a bateria do Dolphin pode ir de 20% a 80% em apenas 25 minutos. Freios regenerativos ajudam a aumentar a autonomia da bateria. A BYD afirma que o custo da energia consumida por quilometro rodado é da ordem de 15 centavos de real. Também segundo a marca, o Dolphin EV pode acelerar de zero a 100 km/h em 10,9 segundos e atingir a velocidade de 150 km/h. O câmbio em forma de seletor no painel disponibiliza os modos “Sport”, “Eco” e “Neve”. E a função VtoL (Vehicle to Load) possibilita que, com o uso de um adaptador, a bateria do Dolphin possa energizar equipamentos externos, como um laptop ou uma luminária.

A bordo, o multimídia ICS (Inteligent Cockpit System) ostenta uma vistosa tela de 12,8 polegadas, com rotação elétrica para posição vertical e horizontal. O aplicativo BYD possibilita abrir e trancar o carro pelo celular, programar o ar-condicionado e até verificar o nível da bateria. E o serviço OTA permite fazer atualizações no sistema do carro à distância, como ocorre com os smartphones. O proprietário recebe uma mensagem no painel informando que existe uma atualização disponível e faz o download quando estiver estacionado e em segurança. Para baixar o arquivo, é possível utilizar o pacote de internet instalado no veículo.

Em termos de segurança, o modelo traz controle de tração, direção elétrica, assistente de partida em subida, sistema de limpeza de disco de freio, piloto automático, sensor de pressão dos pneus, faróis com acendimento automático, seis airbags e retrovisores com desembaçador. O novo elétrico chega às concessionárias nacionais nas cores Dolphin Grey (a cinza do modelo testado), Afterglow Pink (rosa acinzentado) e Cheese Yellow (amarelo). A garantia é de cinco anos ou 200 mil quilômetros rodados, com oito anos ou 200 mil quilômetros para a bateria. No lançamento, o novo BYD virá com um wallbox de 7 kW, que carrega 80% da bateria em três horas e meia. O primeiro lote de 300 unidades do Dolphin já foi vendido – porém, a BYD informa que pode trazer até mil unidades mensais.

Experiência a bordo

O entre-eixos avantajado do hatch compacto Dolphin EV ajuda a deixar o veículo mais espaçoso – por dentro, parece um médio – e permite que os passageiros do banco traseiro tenham mais conforto para as pernas. O fato de o assoalho na parte traseira ser plano favorece ainda mais essa comodidade. Por dentro, o modelo mantém a inspiração no universo oceânico e alterna vincos e superfícies lisas, investindo em texturas e superfícies macias. Com ajustes manuais, os bancos dianteiros têm design ergonômico. O volante de três raios multifuncional com ajuste de altura agrega o acionamento do piloto automático, do Bluetooth, do controle de instrumentos e do áudio. Há tomada de 12V e duas entradas USB dianteiras (tipo A e C) e uma entrada USB traseira (tipo A). No painel de instrumentos de LCD de 5 polegadas, o tamanho dos algarismos é um tanto pequeno, o que não favorece a visualização rápida das informações.

Os olhares de quem entra no Dolphin são logo atraídos pelo ICS (Inteligent Cockpit System), multimídia com conectividade para Apple CarPlay e Android Auto com uma generosa tela de 12,8 polegadas, com rotação elétrica para posição vertical e horizontal. Lá aparecem as imagens das câmeras e dos sensores frontais, laterais, traseiras e 360 graus e dos aplicativos dos smartphones. O comando de voz permite que o motorista solicite ações como “Hi BYD, ligue o Spotify” e “Hi BYD, me guie para casa”. É possível de se usar o NVidia para jogar videogame com o carro parado ou cantar no karaokê – para quem prefere apenas ouvir música, o sistema de som conta com seis alto-falantes. A tecnologia NFC possibilita abrir o Dolphin com um cartão – bastando aproximá-lo do retrovisor do motorista para destravar a porta.

Primeiras impressões

São Paulo/SP - O teste de apresentação do Dolphin EV partiu do Clube Atlético Monte Líbano, no bairro paulistano do Jardim Lusitânia, com tempo previsto de 20 minutos por motorista. Porém, uma sinalização dúbia do GPS levou a uma rota errada que acrescentou mais 20 minutos (quase todos em engarrafamentos) ao passeio. Apesar de breve, a experiência ao volante do hatch da BYD deixou boas impressões. O motor de 95 cavalos e 18,3 kgfm disponibiliza um rendimento bem convincente. De acordo com a BYD, embalado pela revigorante entrega instantânea de torque característica dos motores elétricos, o Dolphin acelera da imobilidade até 100 km/h em 10,9 segundos e atinge a velocidade de 150 km/h. O centro de gravidade baixo colabora com a estabilidade.

O Dolphin circulou nas ruas paulistanas com desenvoltura e sem fazer alarde – esbanjando o tranquilizador silêncio típico dos modelos elétricos. Mesmo sendo maior e mais pesado, se desloca com mais agilidade que os elétricos da mesma faixa de preços – todos com motores abaixo dos 65 cavalos. Acionar o modo “Sport” deixa o modelo ainda mais divertido, mas reduz a autonomia. Com o preço de lançamento de R$ 149.800, o Dolphin oferece uma relação custo/benefício, no momento, imbatível no segmento de elétricos do mercado nacional. É possível que a chegada do novo BYD mexa até com os preços dos rivais – deixando a briga dos carros carregáveis em tomadas ainda mais interessante para os brasileiros.

Ficha Técnica

BYD Dolphin EV

Motor: elétrico assíncrono transversal dianteiro com bateria Blade (LFP) com 44,9 kWh

Potência: 95 cavalos

Torque: 18,3 kgfm

Tração: frontal

Bateria: Blade (LFP) com 44,9 kWh

Autonomia: 291 quilômetros

Dimensões: 4,13 metros de comprimento, 1,77 metro de largura, 1,57 metro de altura, 2,70 metros de entre-eixos

Peso em ordem de marcha: 1.405 quilos

Direção: elétrica

Suspensão: MacPherson na dianteira e eixo de torção na traseira

Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. Freio de estacionamento eletrônico (EPB)

Rodas e pneus: liga leve de 16 polegadas e pneus 195/60

Porta-malas: 250 litros

Preço: R$ 149.800 (promocional de lançamento)

 




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Postado por Nathália Coelho, no dia 06/07/2023 - 11:50


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