Hércules Alves, tenor talentoso e discreto
Paulo Antunes
Mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso), professor de Redação e Português, revisor textual
Discrição e modéstia são qualidades inerentes a quem tem talento grande, por isso, às vezes, muitos gênios navegam num viver de águas mansas, em ondas de distanciamento frugal. Embora seja seu nome grandioso e potente como sua voz, Hércules Alves é dessa turma de talentosos que encontrou no anonimato uma forma singular de brilho alto.
O tenor e a grande pianista Aparecida Ganime
Tenor dos mais disputados em Lafaiete e região para cantar em casamentos e eventos solenes, esse amigo da música não fugiu de seu destino de cantor: é filho da musicista Efigênia Pereira (violão, bandolim e cavaquinho) e de Ito Alves (flautista, compositor, fundador do grupo Seresteiros Românticos). Se criou num ambiente de música e conviveu com gente ligada à essa arte como Aparecida Ganime, Mary Luci e outras constelações.
Com Mary Luce, a inesquecível voz de Lafaiete
Com a mesma tranquilidade que conversa, se joga inteiro ao cantar e quem ouve voa junto porque são muitas as asas que sua voz doa à audição humana, ultrapassando fronteiras e o além-mar: foi convidado especial e único para cantar num casamento na Bélgica e dessa recordação tem saudade faminta, pois foi a oportunidade de visitar a Europa e ter contato com as várias formas de cultura do Velho Continente.
Amigo e incentivador, foi sob sua voz vibrando a letra de Luzes da Ribalta e Aparecida Ganime ao piano que, pela primeira vez, interpretei o doce Carlitos, de Chaplin, no Síder Clube, em tempos de gincanas em que a força mágica eram apresentações artísticas múltiplas. Ah!, esses verdes tempos em que a gente vai se formando com o apoio das experiências brilhantes que vieram antes.
Integrante do Coral São Sebastião
Quem o vê se dirigindo a uma solenidade, a uma igreja, a um palco para se apresentar não imagina a figura gigante, verdadeiro Hércules, concentrado na horizontalidade do prazer antecipado que tem de “soltar a voz nas estradas sem querer parar”.
De timbre único, é citado como exemplo a ser seguido e estudado para os neófitos que se iniciam nas pautas musicais ou mesmo se aventuram nas jornadas do cantar de ouvido. E, uma vez tendo escutado esse tenor lafaietense, ficam embriagados numa vontade maior de seguir em frente, com vagareza, lentidão, como convém a quem pretende fazer da arte de cantar um doce tsunami de êxtase para quem canta e quem ouve. Afinal, são raros os espaços temporais que o mundo permite vir à luz um Hércules da garganta de ouro. Para nossa felicidade. Amém sempre!
Hércules, um cantor de bem com a vida
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Postado por Frances Elen, no dia 11/06/2023 - 17:20