Nova rodoviária de Lafaiete será construída na BR-040, perto da Cera Luminosa

Destino do atual terminal rodoviário será discutido em audiência pública

Segue dividindo opiniões a possibilidade de concessão à iniciativa privada a construção de um novo terminal rodoviário em Conselheiro Lafaiete. Pauta de interesse de toda a cidade, o assunto será discutido em uma audiência pública, marcada para as 18h30 da quarta-feira, 1º de março, no auditório da Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete (FDCL). Mas, antes disso, uma reunião restrita a 50 pessoas será realizada na sede da CDL-CL. No encontro, agendado para a quarta-feira, 15 de março, a prefeitura apresentará o projeto a empresários da cidade – segmento que avalia os impactos da mudança, uma vez que a região central deixará de ser percurso obrigatório para alguns viajantes.

De acordo com o empresário Kennedy Neiva, da Associação Comercial de Lafaiete (Acias), a nova e moderna rodoviária seria construída em uma área pública, no Distrito Industrial, próximo à Cera Luminosa. A estrutura receberia, a princípio, ônibus interestaduais. Já atual rodoviária seria revitalizada e passaria a receber, também, os coletivos que atendem aos bairros, eliminando o terminal urbano que existe hoje no canteiro central da avenida Telésforo Cândido de Resende. “A rodoviária não está mudando de lugar. Os ônibus intermunicipais continuarão partindo e chegando no mesmo local (atual rodoviária). O projeto contempla a revitalização da atual praça, e nela será construído um edifício comercial de seis andares, com garagens”, explica.

Mas a tendência é que, gradativamente, os intermunicipais também sejam remanejados para a nova rodoviária, desafogando um pouco o trânsito no Centro, a exemplo do que já acontece em cidades de médio e grande portes. A mudança, aliás, está prevista no convite da audiência pública, que cita a discussão sobre ‘a transformação gradual da [rodoviária] existente em terminal urbano’.

Comércio teme mudanças e pede explicações - até o momento, o Sindcomércio marca uma posição contrária à mudança. Já a CDL e a Associação Comercial e Industrial de Conselheiro Lafaiete (Acias) esperam a oportunidade de ouvir e propor idéias antes de fechar um posicionamento. Presidente do Sindcomércio, Bento José de Oliveira considera que a proposta surpreendeu a muitos lafaietenses – inclusive aos diretores da entidade: “Estamos avaliando e, em breve, divulgaremos um posicionamento mais detalhado. A entidade recebeu manifestações contrárias à mudança por parte de um grande número de pessoas, em sua maioria, comerciantes da cidade - especialmente da região central. Quanto à concessão do serviço, ainda é preciso avaliar os termos, mas desde que a concessão represente ganhos para o usuário sem aumentar os custos de quem utiliza, em princípio, não seríamos contrários”, pontua.

Conforme avalia Bento José de Oliveira, a posição de polo regional da cidade está estritamente ligada à importância do comércio de bens e serviços de Lafaiete. “Os números do setor chegam a 84% da riqueza produzida no município. Vale lembrar que a rodoviária da cidade é um dos principais pontos de embarque e desembarque dos clientes, que vêm de toda a região em busca de produtos e serviços. E mudar a localização da rodoviária iria criar dificuldades para esses clientes e impactar diretamente as vendas do comércio, prejudicando os comerciantes, os clientes e toda a cidade. Estamos avaliando também as medidas possíveis, inclusive junto aos representados, de maneira a sensibilizar o poder público quanto à inconveniência da medida para a cidade”, adianta.

A Acias também será presença confirmada na reunião. A entidade garante que vai estudar as mudanças e aprovar o que for melhor para toda a população. “É importante destacar que, em Minas Gerais, quase não há cidades com rodoviárias no centro comercial. Alguns exemplos são Congonhas, Ouro Branco, Barbacena, São João del-Rei, Mariana, Ouro Preto, entre outras”, pondera um dos diretores ouvido pelo CORREIO.

Para Edvaldo José Teresa, presidente da CDL, a reunião marcada pela entidade para discutir o assunto com a PMCL será a oportunidade necessária para que a gestão municipal apresente todo o contexto da mudança proposta, bem como todo o impacto que ela trará. “Ainda não tive a oportunidade de conhecer esse projeto, pois ele ainda não passou para nossa análise. Então, vamos escutar o Executivo para saber o que realmente está sendo proposto. Entendo que há uma enorme necessidade de mudanças sim, mas temos que ver o que isso pode trazer de benefícios ou prejuízos ao comércio local”, destaca o empresário.

A ideia é usar o espaço de discussão para debater outras situações sobre a mobilidade urbana em Lafaiete que, segundo avalia, também deveriam estar em evidência: “Teremos a oportunidade de perguntar aos responsáveis sobre o assunto. E mais: temos hoje um enorme comércio funcionando de forma irregular no centro da cidade – comércio esse que cresce a cada dia. Então, espero que na terça-feira tenhamos uma boa análise do que realmente está por vir”, conclui.

A ideia é transformar a atual rodoviária em um terminal urbano