Rosângela Marteleto, professora além de sua época
No universo do viver, todos se deparam com palavras e letras que são gente, discurso pronto a construir pontes, elos que atravessarão a noite do tempo lá fora... Sobre o chão, molhado de chuva ou seco de sol, amizades se constroem para um sem fim além da poeira cósmica. Rosângela Marteleto, essa amiga do mundo, de fala alta e gargalhada com eco, se alimenta dessa fonte de conhecer pessoas. Assim vê o mundo e suas possibilidades de nele se expressar. Sem medo!
Professora por vocação e gosto, atravessa gerações partilhando a transitividade do quase intransitivo da língua, língua portuguesa, de Camões, Pessoa, Clarice, Adelia..., de você que me lê agora e percebe os signos linguísticos como imagem. E Marteleto é uma imagem barbacenense cravada em Lafaiete se expandindo com a força dos asteroides audazes.
O manequim que utiliza para ensinar gramática: metodologia mais que ativa
Feminino que se impõe sem receio de beber o tudo da vida, deixa seus vestígios por onde passa espalhando verbos inundados, substantivos elétricos e adjetivos que, ora e outra, incomodam os ouvidos dos falsos moralistas. Sim, Rosângela descongela incômodos para sacudir a vida de quem prefere viver de olhos vendados. Talvez por isso ame a música Vitoriosa, de Ivan Lins, que entre tantas belezas outras também diz: “Quero sua risada mais gostosa, esse seu jeito de achar que a vida pode ser maravilhosa...”.
Com a família, com risos e muitas palavras tece o lar
É mulher que se amenina toda manhã, adolesce antes do café e fica meio adulta meio criança o dia todo esperando a noite, momento em que mais aprecia conversar, rir, falar do que viveu ou não... e do que pretende enquanto sorve a fumaça do cigarro, degusta sua cachacinha e põe olhos indagadores sobre o mundo.
Na gramática da vida, é uma das pessoas que mais vi dando espaço à prática da solidariedade: o verbo ajudar se fazendo vivo e habitando entre nós. Seja em qual hora for, arregaça as mangas e vai à luta defender suas ideias e as dos outros. Implode e explode com intensidade demasiada para acender fogueiras até sob as águas. “Problemas são para serem resolvidos”, provoca, desafia.
Apreciadora de uma boa cachacinha
Marteleto é assim, período composto com pontuações singulares sem deixar margem para reticências... E isso comove, envolve... mas, sempre causa um gosto seguro de admiração no alheio; mesmo quando esse alheio finge que nunca falou palavrões, tenta se passar por “santinho do pau oco”... Indiferente, segue ela em frente fazendo seu barulho de força feminina posta à mesa, para ser servida com sal ou açúcar. Vive para servir e se servir, e quando isso não funciona bem, dispara um elegante palavrão que nos põe a pensar: afinal, quem nunca proferiu com prazer um bem temperado palavrão, porra?
Junto do marido, Tanúncio, parceria salutar
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Postado por Frances Elen, no dia 13/11/2022 - 11:40