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Maria Luiza Bellavinha: Naná, a bella vinha da poesia encantada

A poeta que faz da alegria, e das perdas e danos, a sagração da vida



 

E aqui eu, em meu silêncio de névoa, falando às teclas do computador. Fala de mel... porque sobre uma amiga muito especial que conheci na alegria dos meus verdes 16 anos e, desde então, minha adolescência foi alimentada por mais literatura. As letras nos aproximaram e nos mantém unidos como amigos-irmãos gêmeos de lápis, caneta... e muito folhear de livros. Ah!, os livros – esses elos infinitamente eternos.

Naná Bellavinha – até o nome exaure doçura – é ícone, ser humano desses que vem ao mundo para revolucionar as revoluções e, por isso, nunca passa despercebida. Mãe, irmã, mulher, escritora, precursora... Um nome plantado na história da cidade que remete à força, à criatividade, ao ato de olhar... E no aqui profundo do meu silêncio recordo que em seu livro “Sob a Luz do Seu Olhar” descreve bem o poder do olhar: “No silêncio de um olhar, estão todos os idiomas. Estão todas as melodias que todos sentem na alma e ouvem com o coração”.

Ainda hoje sua figura se confunde com aquela mulher explodindo vida na direção do volante de seu bugre, carro que marcou uma época na cidade e onde muitos livros e rabiscos se aquietaram por tempos largos. Sobre aquelas quatro rodas, a escritora deslizava pelas ruas e praças da cidade na expectativa de uma epifania, um fato, uma flor, uma lua, um sol... milagres que lhe dariam a iluminação exata para escre(ver) e se (in)dagar. Não por acaso já rabiscou que “minha busca é constante no processo da criação estruturando a matéria base... (...) O poeta tem um caminho de luz a percorrer... (...) Que orgulho sinto em ser Poeta!”. Reticências, pois a poetisa nem precisa pedir passagem: janelas e portas e sorrisos e carinhos já se abrem ao vê-la com o semblante iluminado, olhos vivos, um ligeiro sorriso prestes a explodir.

Sua escrita disseca com precisão poética as lembranças que pulsam em seu coração: a casa da ponte, a glória de ter sido a rainha dos carnavais, os vultos da mãe, do pai, das filhas, dos irmãos... do pó humano que hoje dorme o sono bom na distância longa do desconhecido. Seus textos enaltecem as bondades, as amizades e, então, meu sangue sorri solto, pois virei poesia em sua obra alada: (...) Este poema é todo seu, nele retratei sua alma; nele, vi vulcões, montes, desertos... Vi também planícies em flor. O amor renascendo em calma... Bendito seja o seu canto de esperança (...)”.

O estilo literário de Naná – a BELLA que VINHA nas tardes me mostrar as palavras de Khalil Gi­bran e Ce­cília Mei­reles – é repleto de aliterações e assonâncias, figuras de linguagem em luz; se confunde com a Terra, com corações abençoados, se mescla com toda gente que, conforme Milton, na voz de Elis, “possui a estranha mania de ter fé na vida”.

E é com prazer que meu silêncio fala dessas letras, livros, levezas, lealdade, pois que, para além da poetisa, Naná é a Maria que mais sabe que “é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria mistura a dor e a alegria”.
Essas vogais e consoantes são só para você, amiga minha de infinitudes imensuráveis, a quem há quatro décadas abraço nos nossos aniversários e nos Natais. Infalivelmente!

Paulo Antunes
Professor de Redação e Português
Mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso)
profprantunes@gmail.com

Capa do livro “Sob a Luz do Seu Olhar”, pintura de Sérgio Trajano

Naná com filhos e irmãos, amor à família

Como rainha do carnaval, a poesia abraça o samba

A poeta durante sua posse na Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette

 




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Postado por Nathália Coelho, no dia 31/07/2022 - 17:00


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