O período colonial foi marcado por um profundo sentimento religioso cujo ápice acontecia durante as celebrações litúrgicas como a Quaresma, Semana Santa e dias dedicados aos padroeiros. Essas ocasiões norteavam a vida cotidiana, situações em que a música antiga florescia em seu apogeu. Inspirado em momentos como esse é que foi criado o projeto “Coral Cidade dos Profetas e as Grandes Celebrações Coloniais”. A iniciativa da Associação Cultural Canto Livre, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e da CSN, está trazendo de volta algumas das mais belas composições do período em ações educativas e concertos. No domingo, 10 de julho, às 20h, na Basílica de Nossa Senhora do Pilar, é a vez de Ouro Preto receber o concerto que fará uma homenagem ao compositor Jerônimo de Sousa Lobo, parceiro do Pe João de Deus Castro Lobo, e que teve importante atuação na Igreja do Pilar. A apresentação será aberta com um trecho da obra desse autor: Setenario de Nossa Senhora das Dores, e terá participação especial do oboista Alexandre Barros.
A música no período colonial foi um importante instrumento para a formação de uma sensibilidade barroca única em Minas Gerais. A orientação participativa e altamente emotiva das festas coloniais como a Semana Santa _ cujo legado se mantém presente nas celebrações religiosas de cidades históricas do estado _, motivava a atuação de músicos amadores, semi-profissionais e profissionais, contratados para tocar e cantar nas celebrações. A movimentação cultural em torno das festividades acabou dando origem a um rico patrimônio imaterial simbolizado pelas composições daqueles tempos, agora resgatado em concertos pelo Coral Cidade dos Profetas.
Além dos concertos, nas ocasiões, a programação chegará, também, em formato de workshops, palestras e ainda sessões comentadas do documentário sobre o trabalho de preservação da música colonial mineira realizado pelo grupo. Em cada cidade, os concertos tem a participação de solistas e orquestra convidada, com um repertório em homenagem aos compositores cujas obras marcaram época. Manoel Dias de Oliveira, Joaquim José Emerico Lobo de Mesquita, Padre João de Deus Castro Lobo, Marcos Coelho Neto e Jerônimo de Souza Lobo são alguns exemplos dos compositores que terão suas obras apresentadas.
“Por meio do projeto queremos aproximar este legado do grande público, em recitais em igrejas, reproduzindo a mesma atmosfera do período colonial. Esperamos que às novas gerações tenham, assim, a oportunidade de vivenciar esse rico patrimônio do povo mineiro que é cada vez mais raro de se ouvir no presente”, explica o maestro Herculano Amâncio, regente do Coral. Durante os concertos, o repertório será gravado ao vivo e, posteriormente, lançado virtualmente e disponibilizados gratuitamente.
Programa educativo
A turnê do projeto “Coral Cidade dos Profetas e as Grandes Celebrações Coloniais” também vai levar, para as cidades que estão na turnê, ações formativas com atividades de estudo e prática de música de concerto. Uma delas são os workshops educativos, nos quais os integrantes do Coral Cidade dos Profetas falarão sobre a Música Colonial Mineira, o canto coral e a importância da musicalização para sensibilização artística. Serão realizados aulões de técnica vocal ministradas pelo maestro José Herculano Amâncio e pela coordenadora do programa educativo, Carmem Célia Gomes. Ao final de cada aulão haverá a formação de um minicoral com os alunos para execução de excertos das peças do coral e apresentação no encerramento do workshop.
O programa educativo também conta com palestra sobre compositores do período colonial. Serão apresentados os principais músicos do período colonial e as respectivas relações com a cidade e as comunidades que receberão os concertos. A título de ilustração da palestra, haverá também a apresentação ao vivo de excertos das peças cantadas pelo Coral Cidade dos Profetas por quarteto de cantores do grupo.
Outra frente do programa educativo serão as sessões comentadas do documentário “Coral Cidade dos Profetas e a Música Colonial Mineira”. O filme, dirigido por Marcelo Miyagi, apresenta a trajetória do grupo e revela como a Música Colonial, herança do século 18, floresceu novamente nesta região de Minas, graças ao trabalho executado pelo grupo. As sessões serão apresentadas em formato de mesa-redonda com a participação de integrantes do coral e de pesquisadores em música antiga.
Coral Cidade dos Profetas
Especializado na interpretação de música sacra antiga e com três CDs gravados - "Missa em Fá de Lobo de Mesquita", "Mestres do Colonial Mineiro" e "CD em Louvor à Virgem Maria", o Coral Cidade dos Profetas desenvolve, nestas mais de três décadas de atuação, o pioneiro trabalho de proteção deste patrimônio imaterial do país.
Ao longo da trajetória, o Coral tem participado dos eventos mais significativos do interior de Minas como Semana Santa, Festivais de Inverno, bem como Festivais e Encontros de Corais Nacionais e Internacionais. Mantido pela Associação Cultural Canto Livre, o grupo oferece também, gratuitamente, por meio da Associação, formação musical para pessoas de 12 a 80 anos, sendo reconhecido como uma das mais belas manifestações culturais do interior de Minas. As atividades de formação em Congonhas, da Associação Cultural Canto Livre, tem sido mantidas pela Prefeitura Municipal da cidade.
Repertório
- Setenário de Nossa Senhora das Dores, Jerônimo de Souza Lobo e Padre João de Deus Castro Lobo.
- Trezena de Santo Antônio, Anônimo.
- O Magnum Mysterium, Pe João de Deus Castro Lobo.
- Domine Deus - Missa em ré maior, Manoel dias de Oliveira
- Maria Mater Gratiae, Marcos Coelho Neto
- Salve Regina, Lobo de Mesquita
- Ave Maria, Lobo de Mesquita
- Domine Deus - Missa Pequena, Joaquim de Paula Souza
- O Vere Christe, José Joaquim da Paixão
- Stabat Mater, Lobo de Mesquita
- Magnificat
- Manoel dias de Oliveira
Serviço
“Coral Cidade dos Profetas e as Grandes Celebrações Coloniais em Ouro Preto”
Quando: domingo (10/07) às 20h
Onde: Basílica de Nossa Senhora do Pilar (Praça Monsenhor Castilho Barbosa, 17).
Entrada gratuita sujeita a lotação do espaço
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Postado por Nathália Coelho, no dia 01/07/2022 - 17:20