“Casa de ferreiro, espeto de pau”. O dito popular bem poderia resumir a situação observada entre as cidades de Congonhas e Jeceaba. Berço de mineradoras e siderúrgicas, os municípios são ligados por estruturas tão deterioradas que só mesmo uma necessidade muito absurda, ou a adrenalina de se arriscar, poderia justificar uma travessia. A reportagem que agora você acompanha foi feita a partir da sugestão de um leitor, que indignado com a situação observada, registrou em detalhes um cenário difícil de se acreditar – mas real – enfrentado por quem precisa atravessar o rio Paraopeba.
A começar pela gaiola que liga Caetano Lopes (Jeceaba) e Grupiara (Congonhas). A estrutura, que mais parece uma tirolesa, proporciona a travessia por meio de cabos de aço, sem qualquer tipo de segurança para quem usa. Basta um leve vacilo para que o passageiro seja atirado ao leito do Paraopeba. Atravessar a pinguela retorcida entre Barra do Santo Antônio (Congonhas) e a zona urbana de Jeceba é um desafio que não deve ser aceito nem por equilibristas experientes. O piso, feito de madeira, apodreceu, e não há mais espaço seguro para circulação.
O quadro não é tão diferente assim em uma ponte 'rodoviária' na estrada de acesso de Jeceaba (Ferro Ligas) a Congonhas, nas localidades de Esmeril e Barra de Santo Antônio. Em um dos lados não há guarda-corpos e uma chapa metálica foi instalada para ‘completar’ o piso. Do outro, é possível ver os pedaços de uma estrutura que, no passado, servia para oferecer mais segurança aos pedestres. Hoje, não só o guarda-corpos, como o próprio piso da área reservada aos pedestres não existe mais.
“Alto Paraopeba, a terra do ferro, do aço, do minério, da tecnologia e de muito dinheiro, reserva ao seu povo apenas o risco do desleixo, improvisos e gambiarras. É irônico pensar que essas cidades, que abrigam a Vale, Ferro +, CSN, VSB, Gerdau e tantas outras empresas, são grandes arrecadadoras de tributos, como Cfem e ICMS, mas negligenciam questões tão essenciais à segurança das pessoas. São por esses arriscados locais que muitas famílias cruzam o rio. Enquanto isso, museus, cidades administrativas fantasmas, teatros, praças de eventos e shows são priorizados”, critica o denunciante.
Para o morador de Congonhas, as cidades compartilham responsabilidades que são, há anos, negligenciadas por suas administrações: “O rio faz a divisa entre os dois municípios que muito arrecadam com a extração de ferro e produção de aço, mas o que existe hoje é ponte e pinguela caindo, além de uma grotesca gaiola presa a corda e cabo de aço. São carências absurdamente básicas, que poderiam ser resolvidas com estruturas construídas do mesmo aço aqui produzido. Obras simples, mas muito importantes para a população atravessar o Rio Paraopeba em segurança. Será que essas empresas já foram procuradas para cooperarem com projeto e material (aço), como fizeram na passarela do Pires? Poderia ser um caminho, ainda que a responsabilidade seja das prefeituras que arrecadam os seus impostos”, analisa.
O outro lado
Oficiada pela nossa equipe, a prefeitura de Congonhas não se posicionou sobre o assunto. VSB, Gerdau, Vale e Ferro+ também foram procuradas pela nossa equipe, mas não se pronunciaram. Já o município de Jeceaba informou que a travessia sobre o rio Paraopeba, com acesso pela margem esquerda do rio, não é de responsabilidade do município: “Trata-se de um terreno particular, com uma travessia de cunho inteiramente privado”, explica. Quanto à ponte sobre o rio Paraopeba, citada pelo leitor de Congonhas, o município informa que já se encontra em elaboração um projeto de engenharia de construção de uma nova ponte: “A obra será realizada através de um convênio de cooperação mútua entre os municípios de Jeceaba e o Congonhas”, acrescenta.
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Postado por Frances Elen, no dia 25/06/2022 - 16:38