Uma doença silenciosa se espalha por todo o país, afetando animais e seres humanos. Estamos falando da esporotricose: a zoonose que mais cresce no Brasil e que, de forma rápida e silenciosa, acende o alerta no âmbito da saúde única. Só em Lafaiete, foram identificados 129 casos em 2019. A situação chamou atenção e, desde então, um importante trabalho vem sendo realizado pela Vigilância Ambiental. Com isso, observou-se uma queda: foram 62 casos em 2020, 97 em 2021 e, até o momento, 15 em 2022.
A manifestação característica é o aparecimento de ferimentos e úlceras na pele e nas mucosas. Uma moradora do bairro Carijós registrou um gato com essas características que está rondando pelas ruas Floriano Franco e Jurupis. Sem saber o que fazer para ajudar o animal, a denunciante enviou as imagens para nossa Redação pedindo ajuda. E, para entender melhor a situação, o Jornal CORREIO ouviu o Enderson Fernandes Santos Barreto, médico veterinário e gerente de Vigilância Ambiental:
1. Jornal CORREIO: Qual a forma de contágio em gatos?
Enderson Barreto: Ela é comum entre os felinos, porque eles possuem o hábito de escavar o solo para enterrar as fezes: o fungo da espécie Sporothrix schenckii (que pode estar presente no solo, palha, vegetais, espinhos, madeira) fica entre as unhas e, durante disputas por território ou fêmeas, eles acabam contraindo a esporotricose.
2. Essa doença pode ser passada para humanos? De que forma?
Enderson Barreto: Principalmente pelo contato do fungo em feridas abertas, através da mordedura e arranhadura. Até a década de 90, ela era extremamente comum em jardineiros, pelo fato desses profissionais manejarem plantas em solos contaminados e acabarem contraindo a doença. Era chamada, inclusive, de ‘doença do jardineiro’.
3. Quais as formas de tratamento da doença (em animais e humanos)?
Enderson Barreto: A doença não é considerada grave e tem cura, tanto em humanos quanto em animais. O tratamento deve ser iniciado rapidamente e não pode ser abandonado antes do final. Sua duração pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura completa. Em nossa cidade, o CCZ faz a prescrição do tratamento e todo acompanhamento para os animais de tutores que contraiam a doença.
4. Como prevenir o contágio (em animais e humanos)?
Enderson Barreto: A principal medida é evitar a exposição direta ao fungo. Use luvas e roupas de mangas longas no manuseio de material proveniente do solo e plantas, além de calçados em trabalhos rurais. Uma boa higienização do ambiente pode ajudar a reduzir novas contaminações. Nos animais, a principal medida é a castração, uma vez que os castrados não têm o hábito de luta por acasalamento.
Os animais contaminados devem ser isolados e receber o tratamento indicado pelo médico veterinário, não devendo ser abandonados, maltratados ou sacrificados. Em caso de morte do animal, o corpo deverá ser incinerado, pois a contaminação do solo com o corpo irá manter o ciclo da doença. O ideal é que gatos não saiam de casa. Em Lafaiete, temos a castração gratuita, com enfoque também no controle da esporotricose.
5. Como uma pessoa deve proceder ao ver um animal nessa situação?
Ela poderá abrir uma solicitação no CCZ, pelo (31) 99239-3804, para o recolhimento do animal, ou até levá-lo ao CCZ.
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Postado por Nathália Coelho, no dia 08/05/2022 - 07:00