Quando você pensa em um banco, o que te vem à mente? Há uma imagem positiva ou apenas sensações ruins, ligadas aos juros, taxas, filas e um tratamento frio, focado exclusivamente no lucro da instituição? De fato, para muitos brasileiros, bancos são um mal necessário para mediar relações comerciais. Mas há outro formato de instituição financeira que tem se popularizado muito nos últimos anos, e que vem para quebrar muitos desses estereótipos: são as sociedades cooperativas de crédito, que oferecem os mesmos serviços que qualquer banco, mas com foco na justiça financeira. Para explicar melhor como funciona esse sistema, ouvimos o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credicampo, Saulo Mascarenhas Ribeiro de Oliveira.
1. JORNAL CORREIO: Qual é a diferença entre o Sicoob e um banco tradicional?
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: A cooperativa visa ao crescimento nas comunidades onde atua, fortalecendo o ciclo virtuoso da economia e estimulando a prosperidade regional. Os bancos, por sua vez, são sociedades financeiras com o propósito de gerar lucro para seus donos e acionistas, proporcionalmente ao seu investimento de capital no negócio.
O Sicoob é uma sociedade cooperativa onde pessoas se associam para usufruir de um sistema financeiro que tem por princípio a justiça financeira. Não há propósito de obtenção de lucro; o associado ingressa com um pequeno capital, que é remunerado anualmente, tem direito a um voto nas assembleias - independentemente de sua capacidade financeira, pode se candidatar à administração, participa do rateio de sobras de acordo com sua movimentação.
2. JORNAL CORREIO: Há quanto tempo o Sicoob Credicampo atende a região?
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: O Sicoob Credicampo foi fundado em Entre Rios de Minas há 36 anos, por 94 pessoas, principalmente como a finalidade inicial de proporcionar crédito às atividades agropecuárias dos produtores rurais. Hoje atende a todos os segmentos da economia em toda a região do Alto Paraopeba, com agências instaladas em nove municípios e com projetos de expansão. Em quatro desses municípios, somos a única instituição financeira promovendo a inclusão econômica e a justiça financeira.
3. JORNAL CORREIO: O número de associados vem crescendo?
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: Sim. E de forma contínua, havendo hoje cerca de 15.000 associados, com grande adesão de jovens, especialmente na Conta Digital do Sicoob.
4. JORNAL CORREIO: Quais são os produtos e serviços oferecidos? O Sicoob também trabalha com cartão de crédito e financiamentos, por exemplo?
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: Mesmo não sendo um banco, o Sicoob Credicampo trabalha com todos os produtos e serviços de um banco, assim como é fortemente regulado e monitorado pelo Banco Central do Brasil, mantendo a mesma garantia por CPF e CNPJ dos bancos, através FGCoop. Os cartões de crédito têm diferenciais inigualáveis e as linhas de crédito e financiamento são amplas e variadas, muitas delas automáticas, acessíveis através do aplicativo eletrônico Sicoobnet, que já foi três vezes premiado pela Febraban como o melhor aplicativo do país. As linhas de crédito pessoal abrangem toda a modalidade de crédito, assim como as linhas empresariais e custeio/investimento agropecuários.
5. JORNAL CORREIO: As tarifas são mais competitivas?
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: As tarifas, além de competitivas, são um meio de regular o uso dos serviços da cooperativa: quem usa muito paga mais, quem usa menos paga menos. Mas todos os associados recebem de volta boa parte das tarifas que pagaram através da devolução das sobras anuais, ficando com um custo final infinitamente menor que os bancos.
6. JORNAL CORREIO: O que é a distribuição de sobras?
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: A cooperativa não visa ao lucro: ela cobra, sim, pelos serviços, mas a preço justo, pois tem que cobrir o custo de toda sua estrutura de funcionamento, custos regulatórios, administração, funcionários e serviços de terceiros (p. ex.: segurança, limpeza, malotes). Sob uma boa administração, o valor das tarifas, o excedente do custo do dinheiro nos empréstimos, e as corretas aplicações dos recursos administrados pela instituição, pagam os custos totais e geram sobras. Nos bancos, trata-se do lucro que remunera o capital dos investidores. Na cooperativa, essa sobra pertence aos associados que as geraram, proporcionalmente à suas movimentações na cooperativa, e o valor correspondente é então colocado na assembleia de prestação de contas à disposição dos associados que decidem sobre o destino desse valor: capitalização da cooperativa, distribuição com crédito na conta capital de cada associado, distribuição em espécie. O associado decide o que fazer com a “sobra” que ele contribuiu para gerar.
7. JORNAL CORREIO: Suas considerações.
SAULO MASCARENHAS / SICOOB: O movimento cooperativista se consolidou na Inglaterra no ano de 1844, entre operários oprimidos - pelo desumano trabalho industrial da época. Eles perceberam que se se unissem e comprassem suas necessidades básicas de sobrevivência em conjunto, obteriam preços muito mais acessíveis a todos. Desde então, o cooperativismo no mundo só cresce. Hoje, já são mais de um bilhão de pessoas associadas a um dos mais diversos tipos de cooperativa existentes: de consumo, de crédito, de trabalho, de produção, de transporte, escolar, etc.
O cooperativismo é a ponte perfeita, é o meio termo, entre o capitalismo e a má distribuição de renda e o socialismo com seus erros em querer igualar os diferentes. Nós, do Sicoob Credicampo, não apenas administramos uma instituição financeira, nós vivenciamos o ideal de um mundo mais justo para todos dentro do propósito do Sicoob em promover a justiça financeira e a prosperidade das comunidades em que atua.
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Postado por Mariana Carvalho, no dia 15/03/2022 - 12:53