Ricardo Rocha começou a fazer fotos por acaso, há 7 anos, quando desenvolveu um trabalho para uma empresa de Belo Vale
O Jornal CORREIO abre espaço para a divulgação de um relevante trabalho de pesquisa botânica, feito pelo ambientalista Ricardo Rocha. Há mais de uma década ele estuda e registra a flora do Cerrado do Alto Paraopeba, dentro de um espaço territorial que abrange Cristiano Otoni, Casa Grande, Queluzito, Lafaiete, Ouro Branco, Congonhas, Belo Vale e Moeda, além dos campos rupestres das serras do Ouro Branco, Moeda e Pires, em Congonhas.
Seduzido pelas belezas da Serra da Moeda, Ricardo Rocha começou a fazer fotos por acaso, há 7 anos, quando desenvolveu um trabalho pra uma empresa de Belo Vale: “Entre uma caminhada e outra pela área da empresa, ia registrando as flores que encontrava pelo caminho. Depois identificava, comparando com imagens da internet. Com o tempo, aperfeiçoei o trabalho, fotografando a planta por completo, como as folhas, tronco, frutos e as flores, em várias posições. Tudo é importante na identificação, inclusive o local e a época que a foto foi feita. Hoje participo de grupos de taxonomia vegetal em redes sociais, em que existem especialistas em botânica que sempre auxiliam na correta identificação de cada espécie”, detalha.
O trabalho foi tomando contornos científicos e hoje reúne mais de 450 espécies de flores do cerrado devidamente registradas em fotografias, identificadas por nome científico, nome popular e família, além de outras informações, como o período de floração, a distribuição geográfica da espécie, etc. “Fico feliz em ter fotos minhas no site oficial da Flora Brasileira (Reflora). Ainda não descobri nenhuma espécie nova, nem isso é o foco do meu trabalho, mas já tive o prazer de fotografar espécies que ainda não foram registradas nas tonalidades que fotografei. Às vezes, atendendo a alguma solicitação, envio duplicata de plantas coletadas no cerrado, para estudo e catálogo em alguns herbários do Brasil”, disse.
E é esse prazer em contemplar e registrar o belo que o faz encarar o perigo dessas incursões pelo cerrado: “Sei que há cobras, mas em todos esses anos de pesquisa nunca passei por qualquer situação de risco em relação a isso. Sempre uso equipamentos de proteção, como perneiras e um sarrafo, que serve não só para apoio em subidas e descidas como para defesa, caso apareça alguma cobra. Meu medo maior é de abelhas, pois delas não há como correr. Já fui muito sozinho, mas hoje não faço mais isso. Tenho alguns parceiros de aventura e, se nenhum deles pode, deixo de ir”, conta.
No momento, Ricardo Rocha trabalha na identificação de algumas espécies enquanto ultima detalhes do livro sobre o cerrado do Alto Paraopeba, que lançará em breve: “Tenho material suficiente para dois livros e o projeto começa a sair do papel, com uma parceria que vem sendo viabilizada. A intenção é criar um Guia de Campo de Identificação de Espécies do Cerrado Regional, que é um bioma muito ameaçado pela especulação imobiliária, pelo fogo e por diversas atividades produtivas. Muitos locais que fotografei nesse período de pesquisas nem existem mais, pois foram ocupados por outras atividades que exigiram a alteração do uso de solo. Pelo menos, consegui registrar a lembrança desses locais”, finaliza.
Actinocephalus bongardii
Cambesedessia hilariana
Boraginaceae Louro-pardo Cordia trichotoma
Chresta sphaerocephala
Trimezia juncifolia
Ruellia geminiflora Kunth
Siphocampylus corymbifer
Dasyphyllum sprengelianum
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Postado por Mariana Carvalho, no dia 01/08/2021 - 11:50