Com apenas alguns cliques, você consegue viajar virtualmente por diversas cidades mineiras como Poços de Caldas
Paulo Antunes
Professor de português e redação, revisor textual, escritor, ator, mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso)
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Mário Quintana já disse que ‘viajar é trocar a roupa da alma’. Essa visão poética sobre o deslocamento do estado de espírito nos convida à concessão, a nós próprios, do prazer de nos movermos sem sair do lugar: o luxo da pós-modernidade. Uma boa viagem virtual pode ser feita para se atender a finalidades diversas: conhecer lugares e pessoas, pesquisar temas, proferir palestras e afins, estudar... Então, hoje – quando sair de casa implica autovigilância e paranoia – o recém-inaugurado “normal” nos oferece um retorno às grandes navegações, viagens aos ilimitados oceanos do mundo virtual, meio de locomoção que já havia chegado para ficar.
O isolamento social e as precauções no ato de viver a nós impostos na contemporaneidade têm afetado o psicológico de muita gente, especialmente os de outrora vida social intensa. Nesta época em que o acontecimento social mais frequente e temido são os enterros esvaziados e que o ato de morrer se apresenta tão banalizado a ponto de nos entorpecer, temos de tecer rotas de fuga para nos mantermos lúcidos frente ao presente, já que a noção de futuro restou largamente abstrata.
Gosto de pensar a saída pela porta dos fundos com farta dose de generosidade e leveza em direção à luz do sol. A humanidade já tragou pandemias no passado e sabíamos que no, presente ou no futuro a História, essa dona doida fazendeira de fatos não iria tirar de cena essa personagem vilã. Apenas sempre nos iludimos pensando a entrada em cena dessa “coisa” somente no amanhã. Mas ela nos surpreendeu em 2020: – vamos à luta.
É urgente a colocação em cena das fissuras, das frestas por meio das quais poderemos viver essa noite turbulenta – que vai passar – com maior grau de racionalidade e poesia. Talvez muitos ainda não tenham percebido, mas a solidariedade foi colocada em cartaz e como obra de arte tão deliciosa nem se candidatou ao Oscar, ela por si só é o prêmio maior deste momento desértico. E no espaço virtual, ela goza seu esplendor.
Se nos é vedado o abraço, o amasso à satisfação de nossos desejos, vamos a ele pelos caminhos outros e modernos que temos. A Internet está/é puro convite para o ir-se de um aqui para um lá onde, talvez, até mesmo sem pandemia não iríamos por questões várias. E há os excluídos da rede que continuarão à margem.
Mas para quem tem a gostosa possibilidade do mergulho na web, múltiplos e plurais destinos foram disponibilizados. Já são quase incontáveis os caminhos e os atalhos virtuais para se conseguir admirar uma obra de arte em qualquer parte do mundo. Museus de todo o planeta abriram suas galerias para visitação virtual facilitando a entrada no Masp (São Paulo), Prado (Madri), Louvre (Paris), Malba (Buenos Aires), Metropolitan (Nova Iorque) e por aí se vai, se voa... Faça sua escolha em https://www.melhoresdestinos.com.br/museus-virtuais.html. Mas bons mineiros que somos, podemos também iniciar o tour visitando o patrimônio cultural e natural das Geraes: https://www.minasgerais.com.br/pt/minas360.
Com outro olhar, podemos também nos extasiar nas fundas águas da literatura durante imersões nas variadas bibliotecas virtuais que nos ofertam todos os gêneros textuais, todos os grandes ou ainda anônimos nomes da literatura mundial. Nunca o cardápio literário esteve tão em alta, de forma gratuita, a nos oferecer tantos títulos, desde os aparentemente mais sacanas como “A sutil arte de ligar o foda-se” até os mais poéticos como “Sonhos de uma noite de verão”.
Os canais de TV fechada, as plataformas de obras cinematográficas, como Netflix e Amazon, oferecem, em bandeja de prata, filmes, documentários, shows, programas capazes de revirar nosso coração, nos levar à gargalhada mais solta ou ao pranto mais gostoso porque arte é gozo por dentro e por fora, meio de disparar nossa maravilhosa experiência civilizatória. A escola entrou em nosso ambiente, sentou-se em nosso sofá, deitou-se em nossa cama e podemos nos dar ao luxo de dormir com o professor ou a professora de quaisquer disciplinas de forma, na maioria das vezes, surpreendentemente didático-pedagógica. Cursos gratuitos é o que não faltam aos que querem procurá-los para se aprimorarem.
Enfim, nossa capacidade de entretenimento, aprimoramento cultural, incursões educacionais e afins ganharam asas e, pegando carona nela, poderemos ver que está dentro de nossos aparelhos digitais – e de nosso coração – a busca por tudo que impulsiona nosso desenvolvimento emocional e sensorial visando ao aprimoramento de nossa essência, à humanização de nossos atos, à satisfação de nossa necessidade primária e atávica de ter prazer com e pela arte, pela educação, pelo conhecimento.
E havendo dúvidas sobre onde e como encontrar essas flores raras, ajoelhe-se diante do oráculo virtual e evoque ao deus Google a resposta, bata às portas do Youtube, o novo Olimpo onde moram outros deuses e as musas, e tenha a luz necessária à elucidação do que inquieta, desassossega. Não nos enganemos: sempre há deusas e deuses a nos socorrer; desde o ontem, no hoje e no amanhã por séculos e séculos. Amém.
Tudo isso à custa de um clique, um leve toque, uma digitação: assim deve ser pensada, agora, a construção do homem do amanhã – sutilmente crítico, amante da ciência e do bom senso, acessível às emoções e... sempre... e mais e mais... iluminado. Porque dias melhores virão.
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Postado por Mauricio João Vieira Filho, no dia 30/04/2021 - 08:55