Depois de quase 200 dias de isolamento social, o ‘fique em casa’ tem se tornado cada vez mais cansativo. Se no princípio da pandemia, o medo do desconhecido e o anúncio de mortes em outros continentes eram suficientes para tornar essa orientação convincente, hoje, quase 5 milhões de casos e mais de 140 mil mortes depois, a situação é bem diferente: seja para manter o emprego e o sustento, ou mesmo para se descontrair, a grande maioria das pessoas foi retomando a sua rotina. Já é possível ver os jovens em barzinhos e muitas pessoas nas ruas, mesmo sem uma necessidade aparente. E nisso há um comportamento em especial que preocupa – e até irrita a quem faz sua parte: o desrespeito à exigência do uso de máscaras.
Mesmo nesse contexto, ainda há quem siga à risca o que preconizam a Organização Mundial de Saúde e os especialistas do setor. Moradores do bairro Albinópolis (região sudeste), o artista plástico e designer gráfico Hélcio Queiroz e sua mãe, a artesã Maria Augusta Carvalho de Queiroz, mantêm atenção máxima ao isolamento voluntário desde março: “Só eu saio, e quinzenalmente, para compras de supermercado. E sigo todas as recomendações dos profissionais da saúde, usando máscara e álcool gel e evitando aglomerações. Chegando em casa, higienizo todos os produtos. Acreditamos que cada pessoa a menos na rua é menos um potencial transmissor da doença”, avalia Hélcio Queiroz.
Dentro de casa, filho e mãe continuam atentos ao que acontece do outro lado da janela e veem com preocupação a banalização da morte: “O pior de tudo é ver, diariamente, as tristes notícias sobre as vítimas da Covid-19. E é lamentável perceber o descaso e o desrespeito por parte de muitas pessoas, insistindo em andar sem máscaras e se aglomerando”, desabafa Hélcio, que também sente falta do ritmo de vida alterado e projetos adiados pela pandemia: “É ruim não poder viajar, visitar ou receber visitas. Outro transtorno está sendo a interrupção dos cursos e oficinas no Ponto de Cultura Amar e a paralisação dos nossos bazares Arte em Casa e dos eventos culturais presenciais na cidade. Mas entendemos que a pandemia não acabou. Não é hora de relaxar, mas de redobrar a atenção com a própria saúde e a do próximo”.
Mas ficar em casa não tem sido, nem de longe, sinônimo de ociosidade para esses dois: “Continuamos fazendo arte em casa, sem muitas alterações na rotina. Minha mãe segue bordando as almofadas que retratam o patrimônio cultural de Lafaiete, assim como as suas alunas de bordado livre na Amar, que também continuam bordando em suas casas. Temos feito mosaico no quintal de casa e eu sigo trabalhando com artes plásticas e design gráfico, formatando novos projetos para a Amar e ainda participando do grupo gestor da rede virtual com os 275 Pontos de Cultura de Minas Gerais”, lista o artista plástico, que destaca uma mudança positiva no comportamento dos brasileiros durante este período: “As pessoas têm dado mais valor à arte e à cultura, relaxando com os livros, filmes, músicas, lives, peças e mostras virtuais, etc.”, avalia.
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Postado por Redação, no dia 12/10/2020 - 13:38