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Comunidade


Pais e filhos se adéquam à nova rotina virtual




 

Há seis meses, as sirenes das escolas tocaram, todos foram para casa e, de maneira inesperada, não voltaram mais. Desde então, pais, filhos e professores vivem o ano mais atípico desde que o atual sistema de ensino foi criado. Muitos ainda tentam manter a rotina, conservando o que podem dos hábitos escolares e horários com o suporte da tecnologia. É o caso de Sofia Rezende Oliveira, 14 anos. Aluna do 9º ano do Colégio Potência, ela m atém o ritmo assistindo as aulas online no mesmo horário em que estaria na sala de aula. “Acordo e, em seguida, vou para frente do computador. À tarde, faço as atividades que foram solicitadas em aula. Continuo me dedicando e prestando atenção nas aulas. Mesmo sendo difícil a comunicação pelo computador, quando necessário, peço ajuda a minha irmã ou aos meus pais”.

As aulas estão sendo feitas por meio de plataformas online e as apostilas disponibilizadas pessoalmente na secretaria do colégio no fim de cada período. A estudante ainda mantém contato com os amigos da escola pela internet, mas confessa que as coisas não são iguais: “Não imaginei que ficaria tanto tempo sem contato com meus amigos e professores e isso faz com que o ensino e o convívio sejam prejudicados. Sinto falta do ambiente escolar, como um todo. De poder sair de casa e encontrar meus amigos; do convívio na sala de aula. O próprio aprendizado seria mais fácil o aprendizado com a presença física dos professores, já que acabam ocorrendo dificuldades na internet e a comunicação online não é tão boa como presencialmente. Gostaria que as aulas presenciais voltassem logo.  Porém, não sei se é o momento é adequado”, avalia.

A mesma preocupação com a segura para o retorno à sala de aula é compartilhada com a mãe, Vanice Rezende Barbosa Oliveira. “O convívio social beneficia não só o estudo, mas também a saúde mental e física, mas acredito que o momento ainda não é oportuno para aulas presenciais. Precisamos nos adaptar para estarmos seguros, utilizando as aulas online para isso. Infelizmente, isso pode impactar de forma menos positiva, mas não deixa de ser melhor que não ter aula e perder o ano letivo. No nosso caso, a Sofia se dedica muito, tanto nas aulas quanto na realização das atividades. Em alguns momentos surgem dúvidas e dificuldades, sendo necessário usar os recursos disponíveis, como consulta na Internet. Já a nossa filha mais velha, que cursa o último período da faculdade, está com as aulas suspensas”, conta.

Já Sofia Laizo Barbosa readequou sua rotina. Aluna do 6º ano da escola municipal Napoleão Reis, ela conta que acorda em um horário diferente do de costume, ajuda a mãe com limpeza do quarto e faço as atividades escolares no tempo estabelecido. “Para cumprir as tarefas escolares, utilizo o material disponibilizado pela escola e conto com a ajuda da minha mãe. Também procuro outros recursos, como internet para buscas e informações, mas acho complicado ficar todo esse tempo sem aula, porque eu não terei o ensino adequado para um excelente aprendizado”, avalia. Apesar de sentir falta do convívio direto com as pessoas, a estudante afirma que só voltaria às aulas com segurança em relação à saúde. “Só com a vacina. Sei o quanto a falta do estudo presencial é prejudicial, mas estou feliz pelo tempo que passo com minha família e o modo que tive que me adaptar a esse novo estudo”, pontua.

Pedagoga pós-graduada em Supervisão Escolar, a professora Juliana Ferreira Laizo é quem acompanha as atividades da Sofia e dos outros filhos, matriculados no 9º ano e 3º ano do ensino médio. “Eles utilizam recursos digitais e impressos disponibilizados pelas escolas. Os estudos são orientados pelos professores quando necessário e pela família. Já surgiram dificuldades e sei que o convívio escolar e social faz falta para eles, mas só mandaria meus filhos de volta para a escola se não houvesse alternativa, devido ao risco de contaminação”, detalha.

Mudanças que vieram para ficar

Matriculada no 9º ano do Colégio Queluz de Minas, Maria Teresa Trevisani de Andrade, 14 anos, acredita que as aulas virtuais e provas digitais estão sendo fundamentais para o aprendizado. “Sinto falta de fazer tudo que hoje estou fazendo em casa na sala de aula. As atividades, leituras e correções eram mais interativas. Continuo estudando em casa como se eu estivesse na escola e tentando não perder o foco, o que antes da pandemia não era um grande problema para mim. Tenho as feito as atividades normalmente, mas ao invés de mostrar para o professor, eu tiro uma foto e mando pelo WhatsApp ou por outra plataforma digital. É claro que não é a mesma coisa, mas é o único modo de constatar que o aluno faz as atividades”, explica.

Para a estudante, o sistema remoto tem seus pontos positivos e negativos: “Você tem conforto, mais tempo, todo o seu material em mãos e diversos recursos para as aulas, como vídeos, slides, apps educacionais de integração e muitas outras ferramentas que facilitam um contado dinâmico e didático do professor com o aluno. Porém, o fator que não pode ser adaptado à atual realidade é o contado direto de um aluno com o professor: se ele pode ver o olhar do aluno, saberá se tal está prestando atenção ou não, ou se está com dúvida. Ao ir à escola, uma criança sabe que aquele lugar foi feito para aprender, sabe ela está ali para adquirir conhecimento e aprende a dar mais valor ao estudo. Também não podemos deixar de lado o fato de que muitos alunos não têm condições de acessar os recursos digitais”, pontua.

Mesmo se empenhando em se adaptar, Maria Tereza confessa que sente falta das coisas simples que faziam parte do seu cotidiano, como caminhar até a escola, aproveitar o intervalo, conversar com as pessoas com quem se encontrava e do contato com o mundo que tinha no percurso que fazia na ida e volta da escola. “Mantenho contato com os colegas assim como era em sala de aula - só que agora isso acontece através das telas. O mesmo vale para os trabalhos e atividades em grupo, nos quais usamos as reuniões e os bate-papos”, situa a estudante, que vê uma possibilidade de mudança no formato das aulas ao fim da pandemia: “Esse período pelo qual estamos passando serve para uma evolução do ensino. Acredito que depois da pandemia, muitas ideias surgirão para renovar a aprendizagem. Em minha escola, as explicações das matérias mudaram muito: agora estão mais animadas e com um sistema novo para acompanhar o aluno. Acho que parte disso veio para ficar”, finaliza.

 




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Postado por Redação, no dia 08/10/2020 - 12:25


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