Será lembrança das mais suaves, como o nascer das bases de uma edificação, essa coisa coração para abrigar as gentes deste mundo. Sua figura divertidamente inteligente, seus olhos vivazes e ariscos, agora se converteram, de fato, em paredes, casas, apartamentos, prédios nossos para nos guardar com a alegria de quem espera a boa chuva azul para gestar o verde da farta colheita.
Já faz sua viagem dentro de seu tempo calculado, pois que nele os cálculos corriam nas veias, irrigando profissionalismo, razão e emoção. Quantos risos soltos terá Carlinhos Beato, o engenheiro, presenteado aos seus clientes? Quanto de luz Via Láctea terá seu olhar presenciado nas retinas dos outros que degustaram suas mágicas singulares traçando retas e círculos na invenção de lares-coração, trajetos de cimento e ferragens adocicadas?
E, então, dentro de um “agora” vazio, seguimos atrás das imagens que o perpetuarão na posteridade e nos vemos num vendaval de paredes, portas, janelas, entradas, saídas... rios, peixes, varas de pescar, piadas... e seu silêncio enigmático aguardando o momento do grito: – Fisguei!!!
Na horizontalidade de seus papéis, desenhou o sonho de muitos humanos, deu asas aos Ícaros que, na doçura das edificações por ele plantadas nas terras do mundo agradeceram com mãos postas as sombras-abrigo: lar. Ah!, fosse o tempo passível de reversão, muita gente estaria a tentar reverter esse processo único, misterioso, calado que transforma mentes brilhantes, numa fração de segundos, num passado eterno. Mas que seja terna e bem aceita sua viagem, pois que para Beato nada deveria ser tão sério, sisudo e cheio de pompas. Simplicidade era seu nome, exemplo de ser humano bem-humorado será seu epitáfio.
Quantos Carlos serão necessários para a construção do grande edifício que servirá de terra justa aos homens? De quantos Beatos necessitará a humanidade para dizer sim à construção de uma vida mais leve, risonha, com cheiro de flores que enfeitam manhãs de névoa ao som de violoncelo e harpas?
Lançou-se o homem, o engenheiro, o arquiteto, o ex-prefeito ao espaço num mergulho único de pássaro-menino... Lançou-se sem medo com a coragem dos super-heróis. E a dor desta perda resta apagada pelo sabor quente da memória dos feitos deste que foi mais um dos que souberam “combater o bom combate”. Que assim seja!
«20/02/1950 † 10/09/2020
O engenheiro e ex-prefeito de Lafaiete (1993-1996) Carlos Alberto Gomes Beato faleceu aos 70 anos, na quarta-feira, dia 10, em Ouro Branco, por complicações de um acidente ocorrido em no dia 18 de agosto. Segundo familiares, ele sofreu uma queda quando visitava uma obra na cidade e foi levado para a Fundação Ouro Branco, onde permaneceu até então.
Sua morte causou grande comoção na cidade e levou a prefeitura a decretar luto oficial de 3 dias, “considerando o elevado respeito que lhe era dispensado na atuação política, notadamente como ex-prefeito do município de Conselheiro Lafaiete e o valoroso trabalho desempenhado como cidadão, engenheiro e prefeito, almejando o bem estar da comunidade lafaietense”.
Figura carismática e profissional respeitado, ele foi homenageado pela Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, que ao manifestar seu voto de pesar, lembrando sua participação como um dos entusiastas da instalação da ACLCL, de quem recebeu o diploma de benemérito.
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Postado por Redação, no dia 29/09/2020 - 11:46