Em 4 de julho, 136 cidades mineiras ainda não tinham registrado casos de Covid-19. 18 dias depois, eram 73, e no dia 12 de agosto, apenas 32 dos 853 municípios do estado estavam livres do coronavírus. Entre eles, dois da nossa região. Somando juntas 4.196 habitantes, Queluzito e Casa Grande fazem parte do restrito universo de 2% das cidades brasileiras onde a doença, que já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil e 740 mil no mundo, ainda não tinha fixado residência. Mas o que será que faz desses lugares um recanto ainda seguro?
Lavrador nascido em Casa Grande, Orozimbo Pinto Ferreira Neto, 52 anos, vive da produção do melado e acredita que a razão para isso está no cuidado diário adotado por cada um dos habitantes: “Eu acho que aqui a população é mais unida e faz de tudo pela saúde. Todo mundo está ficando mais em casa, e quando sai, é com máscara. Também lavamos as mãos o tempo todo. Está dando certo e tomara que continue”, conta o morador.
Mesmo ciente de que não há casos na cidade, Orozimbo conta que já mudou sua rotina em nome da segurança: “Quando saio de casa é para trabalhar. Antes eu ia a outras cidades, de carro, para vender o melado. Agora estou entregando de carroça mesmo, e só aqui em Casa Grande. Daí eu aproveito para pagar o que preciso e volto para casa. Na fabricação do melado eu também estou tomando todos os cuidados; tudo bem higienizado. Falou que é para saúde a gente não pode brincar. A vida é tão bela, porque vamos jogar ela fora?”, pondera.
Para o comerciante Matheus Júnior Vieira da Cruz, 19 anos, a blitz sanitária tem sido muito útil. “Eles ficam na entrada da cidade e param todos que chegam para medir a temperatura. Os comerciantes também não deixam as pessoas entrarem nos comércios sem máscara. No começo, sentimos uma resistência maior, mas agora todos se acostumaram e adotaram o uso de máscaras e álcool em gel”, explica.
A menos de 10km de distância, Queluzito conserva a mesma tranquilidade. “Acho que um dos motivos de não ter casos é a barreira sanitária, que fazem todos os dias na cidade - até no fim de semana. As pessoas estão muito conscientes sobre os cuidados com a saúde e usam sempre máscara e álcool em gel. A doença é muito grave”, conta a atendente de farmácia Viviane Pereira da Silva, 35 anos.
Morador da cidade há 19 anos, o comerciante Vandenilson de Azevedo, 43 anos, também notou uma mudança no comportamento das pessoas: “Os mais velhos estão ficando mais em casa mesmo e todos pedem mais entrega. A gente sente isso aqui, no supermercado, onde esse serviço aumentou bastante. Nós estamos nos prevenindo. Trabalhamos com máscaras e usamos o álcool em gel o tempo todo. O mesmo vale para os clientes”, destaca Vandenilson, que também vê como muito positiva a implantação das barreiras sanitárias.
Mena Azevedo, 60 anos, é dona de casa e já considera o álcool em gel como um item essencial para levar na bolsa: “A gente tem que usar máscara e sair de casa o menos possível. Nem ao supermercado eu estou indo. Meus filhos não deixam, por causa da minha idade. Hoje (dia 11) eu só saí porque tinha que trazer meu sobrinho ao médico, e mesmo criança, veio de máscara também”, conta.
Além de Casa Grande e Queluzito, as cidades que não registraram casos de Covid-19 até 12 de agosto são: Alagoa; Antônio Prado de Minas; Aracitaba; Araponga; Berizal; Botumirim; Camacho; Canaã; Cantagalo; Cedro do Abaeté; Coronel Murta; Dom Viçoso; Dores do Turvo; Fama; Franciscópolis; Grupiara; Ibertioga; Leme do Prado; Liberdade; Miravânia; Oliveira Fortes; Patis; Pedras de Maria da Cruz; Pedro Teixeira; Santana do Garambéu; São João do Pacuí; São Thomé das Letras; Tapiraí; Umburatiba e Veredinha.
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Postado por Redação, no dia 25/08/2020 - 21:09