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Comunidade


Sem data para retorno às salas de aula, estado e município vivem desafio das aulas a distância




 

Desafio. Foi essa mesma palavra que a superintendente Regional de Ensino, Maria de Lourdes Reis Silva Beato, e o secretário Municipal de Educação, Moisés Matias Pereira, usaram para definir as primeiras semanas de ensino remoto nas redes estadual e municipal de Lafaiete e região. Desde março, as salas de aula estão vazias e o contato professor-aluno, considerado essencial no processo de ensino-aprendizagem, só acontece por meios virtuais. E as perspectivas de retomada não são nada animadoras.  Nos planos do governo de Minas não há qualquer projeção de quando essas atividades presenciais serão retomadas - o governador Romeu Zema (Novo), aliás, chegou a afirmar (depois voltou atrás) que as aulas presenciais não serão retomadas este ano. O município, que aderiu ao programa Minas Consciente, deve seguir a mesma tendência. E nesse novo sistema, criado para atender a uma situação impensada, será que a qualidade do ensino tem sido preservada? A educação tem chegado a todos?

Segundo avalia a superintendente regional de Educação, Maria de Lourdes Reis Silva Beato, um grande esforço tem sido feito por todos para que o Regime de Estudo Não Presencial chegue a todos os alunos e os desafios não foram nada fáceis: “Tudo é novo e inesperado. Agora, com a finalização do 1º Plano de Estudo Tutorado (PET), podemos dizer que as dificuldades foram muitas, mas todas elas foram superadas com muito empenho dos diretores, especialistas, professores, alunos e familiares”, afirma. Para chegar a um maior número de estudantes a Secretaria de Estado de Educação lançou mão das seguintes ferramentas estruturantes do Regime de Estudo Não Presencial: o PET - Plano de Estudo Tutorado, que é a centralidade de todo o processo; é o que compõe toda a carga horária de atividades de professores e alunos.

Mas a tecnologia também foi incorporada nesse processo: no aplicativo Conexão Escola, os alunos terão acesso às teleaulas do Programa Se Liga na Educação, exibido na Rede Minas em quase 300 municípios, aos slides apresentados nessas aulas e aos Planos de Estudos Tutorados. Além disso, será possível entrar em contato com o professor por meio de um chat de conversas. O app também permite a interação do professor para esclarecer suas dúvidas sobre os conteúdos. Um dos diferenciais pensados para superar barreiras é que neste aplicativo alunos e professores navegam sem utilização dos dados dos seus celulares: após fazer o login os dados passam a ser custeados pela Secretaria de Estado de Educação. “A Secretaria de Estado da Educação tem buscado ampliar o acesso ao Programa Se liga na Educação. No dia 15 de junho, o governador Romeu Zema assinou um convênio para transmissão do Programa pela TV Assembleia, o que soma mais 80 municípios cujos alunos e professores terão condições de assistir às aulas”, acrescenta.

E, pelos dados, as informações têm chegado a um bom número de alunos: “Temos um total de acessos de mais de 5,5 milhões de visualizações do Programa Se liga na Educação, 14 milhões de acessos ao hotsite que reúne as informações do Regime de Estudo não Presencial, e em torno de 97% dos PETs distribuídos em todo o estado”, cita. Na nossa regional, diretores das 57 escolas estaduais, dos 18 municípios da circunscrição fizeram o levantamento de todos os alunos que não possuem acesso à internet e, para eles, foi garantida a entrega do PET impresso em casa: “Houve uma pequena dificuldade a princípio, porque alguns alunos mudaram de endereço, ou de telefone e as novas informações não chegaram à escola. Por isso, é necessário frisar que caso exista algum aluno que não teve acesso ao material virtual ou impresso, poderá entrar em contato com a sua escola, para saber como fazê-lo. Como as escolas ainda permanecem fechadas o meio de comunicação disponível é o e-mail institucional”, explica Lourdinha Beato.

 

 

 

De volta às salas de aula

 

Quanto à retomada das aulas presenciais, a superintendente Regional de Ensino esclarece que ainda não há uma data e que todas as decisões serão tomadas de acordo com as orientações do Comitê Extraordinário Covid-19: “Todos estamos sentindo muita falta da convivência com nossos colegas educadores e estudantes, mas é oportuno dizer que neste momento é importante que todos fiquem em casa e se cuidem. Temos fé em Deus que tudo isso passará em breve”.

Sobre eventuais reposições de dias, o Estado aguarda a orientação do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Estadual de Educação: “É preciso lembrar que nada substitui a relação professor/aluno presencial, dentro da escola. Mas o que estamos vivendo não tem método pronto. É um momento ímpar para todos os setores, não só para a educação. Como educadores, acreditamos que é preciso dar aos estudantes a possibilidade da continuidade do processo de desenvolvimento cognitivo e da retomada de algumas atividades educacionais, mesmo fora do convívio e do contexto escolar. Temos visto um esforço muito grande da SEEMG e de todos os educadores para levar, da melhor maneira possível, o Regime de Estudo não Presencial para todos os alunos das escolas públicas. Todo esse processo visa também à manutenção do vínculo com a escola evitando a evasão escolar”, finaliza.

 

Município também não tem data para voltar

 

O município retomou as aulas em 1º de junho, também tomando como base a estrutura já lançada pelo Estado para o Regime de Estudo Não Presencial.  “Os professores estão se reinventando e as escolas, procurando se adequar às diferentes realidades vivenciadas pelos alunos da rede pública. Cada ator da rede tem se dedicado a minimizar os impactos da pandemia na vida escolar de nossos alunos, atuando com competência e responsabilidade, realizando um trabalho incansável na busca de caminhos que evitem a exclusão”. A preocupação, neste momento, vai além dos registros de nota nos diários e boletins. “Queremos manter o que mais importa entre o aluno e sua escola: o vínculo, no sentido de garantir a todos, através das atividades não presenciais, o contato pedagógico. Embora longe do ideal, é o melhor que podemos oferecer no momento”, pontua.

E chegar a esses alunos é exatamente em que consiste um dos maiores desafios. O município adotou o Plano de Ensino Tutorado (PET) elaborado pela rede estadual e, com isso, pode seguir a programação de aulas pela TV, internet e aplicativo. No entanto, a realidade socioeconômica de muitos dos estudantes impede o acesso à internet, o que facilitaria o atendimento na totalidade. Então, a medida escolhida para democratizar o acesso foi a impressão de cópias do material para todos os estudantes da rede municipal: “Juntamente com a SEE/SRE,  adotamos o PET e buscamos algumas inovações, como a impressão das atividades para toda a rede, que engloba nada menos que 12 mil alunos. Foram elaboradas atividades de Educação Infantil (Creche e Pré-escola) e Inclusiva, pelos diretores, analistas educacionais/pedagogos e professores da rede municipal de ensino, sob a coordenação e orientação do Departamento de Ação Pedagógica da Semed”, detalha.

Para o segundo PET, que terá início em julho, estão sendo elaboradas atividades não presenciais complementares para os componentes curriculares de Ensino Religioso (para o 6º ao 9º ano), Arte ( para o 1º e 2º período da Educação Infantil e para todos os anos do Ensino Fundamental), Educação Física (para o 1º e 2º período da Educação Infantil e para todos os anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio) e Espanhol (para a escola que oferta). Caberá ao aluno devolver o primeiro caderno de atividades não presenciais ao receber o segundo. “Assim, os professores poderão fazer a correção das atividades”, completa.

Todo esse trabalho tem exigido a atuação de uma força-tarefa formada por diretores das escolas municipais e Semed. “É um desafio. Mas um desafio em nome da Educação sempre terá um querer maior, pois a Educação nos fascina e nos faz ir além. A rede se uniu, a Semed se abriu para esse desafio e as escolas vieram com seus professores, que sabem tão bem o que é conhecer, ensinar, fazer e ser. Estamos todos juntos, cada dia uma nova conquista, queremos chegar a 100% dos nossos alunos - e chegaremos”, garantiu o secretário, que destacou a responsabilidade dos pais e responsáveis: “Segundo o relato dos diretores, analistas educacionais/pedagogos, professores e monitores de educação inclusiva, o interesse demonstrado pelo início das aulas remotas e realização das atividades foi relevante, tal como a participação dos pais na orientação dos seus filhos durante as atividades”, avalia.

 

Novo calendário

 

Segundo o Parecer 05/2020, do Conselho Nacional de Educação, “considera-se, em princípio, a utilização de períodos não previstos, como recesso escolar, sábados, reprogramação de períodos de férias entre outros”, lista. No entanto, ainda é cedo para saber se haverá retomada das aulas presenciais ainda este ano. “Cuidaremos para que nossos alunos possam passar tudo isso ao lado de seus familiares e ao nosso lado, pois somos seus amigos. Os professores, diretores, analistas educacionais/pe­da­gogos, equipe escolar e Semed sabem o quanto é importante o cuidado com seus alunos. É inquestionável que vivemos um período de exceção, em virtude da emergência sanitária vivida pelo Brasil e pelo mundo, e a retomada às aulas serão possíveis após as recomendações dos órgãos competentes, para que o processo ocorra de forma segura”, finaliza.




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Postado por Redação, no dia 10/07/2020 - 09:59


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