Desde que sua estrutura foi transformada em Hospital de Campanha, os funcionários e a administração do São Camilo têm se desdobrado para manter o atendimento. Funcionando provisoriamente no anexo do Queluz, o hospital teve uma redução no número de leitos e, consequentemente, uma queda de 75% do faturamento. E se engana quem pensa que as verbas destinadas para o combate à Covid-19 reforçam o caixa da instituição: com uma administração distinta da que lidera o Hospital de Campanha, o São Camilo não recebe repasses para o combate ao coronavírus e precisa se desdobrar para manter os custos de hospital referência em geriatria.
Segundo Eliete Dias, que dá apoio à administração, o impacto maior da mudança foi com relação ao pessoal: “A gente tinha uma estrutura que demandava um número de empregados muito maior. Então, nós utilizamos da legislação, que permite o afastamento por 60 dias, mas, infelizmente, também tivemos que reduzir nosso quadro. Antes da mudança, tínhamos cerca de 50 empregados. Hoje, estamos com 18 trabalhando. Temos alguns afastados, outros de férias e licenças. Foram desligadas 11 pessoas. Estamos fazendo um rodízio desses funcionários para ver se não seremos obrigados a demitir mais gente”, explica.
O impacto financeiro também preocupa. O tesoureiro Wagner Moreira afirma que a redução foi de 75%: “Hoje, estamos trabalhando com ¼ do faturamento, devido a redução do número de leitos e também porque as pessoas têm procurado pouco o hospital. Esse é um problema nacional. As cirurgias eletivas foram canceladas e o hospital tinha uma demanda grande e hoje não fazemos nenhuma”. Mesmo com as dificuldades, a folha de pagamento dos empregados continua rigorosamente em dia, conforme afirma: “Essa é uma das coisas que a direção faz questão de cumprir”, acrescenta Eliete.
Confusão
Com administração e funcionários totalmente independentes, a direção afirma que a população ainda tem confundido o São Camilo com o Hospital de Campanha: “Todo mundo conhece aquela estrutura com sendo o São Camilo e isso gera mesmo confusão. Mas desde que o prédio foi requisitado administrativamente pelo município, toda a gestão daquele espaço passou a ser da prefeitura”, pontua Eliete. O tesoureiro reforça que as verbas e doações são separadas: “Quando se fala que está chegando dinheiro para o tratamento da Covid, é lá no Hospital de Campanha – e não é aqui. As pessoas ainda estão associando. Não tem nenhum centavo desses aqui”, assevera.
Atendimento
Enfermeira responsável técnica, Vivian França Barbosa de Castro conta como está sendo o dia da equipe com as reduções: “Lá tínhamos 50 leitos. Hoje estamos com 19 pelo SUS e três apartamentos. O que dificultou foi a questão da assistência mesmo. Lógico que temos que agradecer ao Queluz, que nos ajudou muito cedendo esse espaço, mas a logística está mais difícil. Temos uma recepção que ficou longe do posto de enfermagem. Não temos ramal; estamos usando rádio. Nós perdemos quatro quartos da ala só para a estrutura”.
Já o enfermeiro Willian Patrik Ribeiro Costa fala da demanda de atendimento: “Com a redução de mais de 50% dos leitos, estamos praticamente superlotados. Mesmo aqui, continuamos sendo referência da região para pacientes idosos e para os casos clínicos estáveis e sem assistência intensiva. As pessoas não deixam de adoecer por causa da Covid-19. Então, temos demanda. Mas estamos trabalhando com a estrutura que temos, mantendo a mesma humanização e o mesmo carinho de sempre”.
Doações
A ajuda da sociedade com doações contribui muito para o hospital: “Estão acontecendo lives com arrecadação voltada para o São Camilo e em uma delas, ganhamos muitas embalagens de marmitex, mas estamos gastando muito também. Com a vinda para cá, nós ficamos responsáveis pela alimentação dos pacientes, acompanhantes e empregados do São Camilo e Queluz. Toda alimentação é feita aqui pelos nossos empregados e empregados do Queluz. Mas a parte de insumos, alimentos e descartáveis para os dois hospitais, fica por conta do São Camilo. Esse é um acordo que a gente fez, até pela utilização do espaço”, esclarece Eliete Dias.
Para quem quiser contribuir com o hospital, o teledoações continua funcionado. São bem-vindas doações de descartáveis (colheres, copos, marmitex de alumíno tamanho 8 ou de isopor), sacos de lixo (de 60 e 100 litros), máscaras cirúrgicas e luvas de procedimentos. Para valores em dinheiro, o depósito pode ser feito no Banco do Brasil: Agência 0504-5, conta 59222-6.
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Postado por Redação, no dia 07/07/2020 - 12:23