Como tem sido a sua convivência em casa nesses quase 2 meses de isolamento? Basta correr os olhos pelas redes sociais ou verificar as mensagens em aplicativos para ter uma dimensão do quanto muitos de nós estamos tendo dificuldade em lidar com essa nova forma (mesmo que temporária) de viver. De piadas sobre ganho de peso aos desabafos de ódio e medo, não tem sido necessário sair de casa para ver: a quarentena pode abalar não só as pessoas, mas as relações.
Mas por que pode ser tão sofrido viver este isolamento? De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta familiar Adriadne Reis Pereira Abrantes, a resposta está na nossa natureza: “Enquanto seres humanos e sociáveis que somos, é historicamente comprovado que se torna sofrido e opressor estar isolado, confinado, porque não só é entendido como ausência de contato social, como ausência de interação social. Isso gera um conflito entre estar só e sentir-se só. Existimos para viver em sociedade, para nos relacionarmos e criarmos vínculos - e o novo coronavírus vem afetar toda nossa vida, modificar sistemas inteiros”, explica a psicoterapeuta familiar Adriadne Abrantes.
Mas se nos afastamos do nosso universo fora de casa, entre as quatro paredes, a convivência se torna muito mais frequente e intensa. E daí, outras formas de conflito tendem a surgir, inclusive entre casais, conforme explica a psicoterapeuta familiar: “A hiperconvivência pode, sim, gerar atrito na conjugalidade quando ela já se encontra comprometida pelo distanciamento afetivo. Pode acabar realçando situações mal identificadas e/ou mal resolvidas vivenciadas anteriormente ao isolamento”, alerta Adriadne Abrantes.
Para uma convivência mais sadia nesses dias, a psicoterapeuta recomenda encarar este período como uma oportunidade de autorreflexão, de amadurecer a relação familiar e conjugal, estreitar as diferenças: “Conviver não é uma atitude fácil para nenhum de nós. Mas é convivendo que promovemos crescimento e aprendizagem. A pior decisão, neste momento, seria valorizar o negativo em si e no outro; promover um ambiente aversivo ao diálogo; desrespeitar o limite próprio e do outro; induzir e alterar situações de não pertencimento no ambiente de convivência”, pontua.
E se o ambiente onde vive é compartilhado com crianças, é preciso se manter atento às próprias atitudes, para que elas não sejam afetadas negativamente: “Modelagem é a nossa principal forma de aprendizagem. E, nesse contexto, as crianças estão mais expostas aos conflitos do mundo adulto. É interessante compreendermos que elas precisam que seus responsáveis transmitam segurança, pois os pequenos serão reflexos passíveis à repetição relacional”.
E se você sente medo, saiba que isso é normal. É que é possível lidar com isso: “Medo, ansiedade, angústia fazem parte da identidade psíquica do ser humano e não existe nada anormal em senti-los. É através deles que avaliamos nossa capacidade de reconhecer limites e de como agir diante das realidades. Filtrarmos a gama de informações que nos sufoca diariamente torna-se primordial para não intensificar os sentimentos, a ponto de gerar uma paralisação, virando pânico, histeria ou outra condição agravante”, aconselha.
Assim, criar oportunidade para sermos e termos um novo começo, através da empatia, solidariedade, diálogo assertivo e afetivo são mecanismos sistêmicos de superação e aprendizagem para vivermos num novo e melhor! “Diante da situação mundial e às mudanças que todos tivemos que aderir é importante lembrarmos sempre do propósito de vida que cada um tem a desenvolver: quem deseja ser enquanto pessoa? O que pretende deixar enquanto legado?”, finaliza.
Serviço
Adriadne Reis Pereira Abrantes
Psicóloga/ Psicoterapeuta familiar/ Sexóloga/ Hipnoterapeuta
Endereço: avenida Telésforo Cândido de Resende, 550, sala 207
Contato: (31) 99127-2887
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Postado por Redação, no dia 21/05/2020 - 11:16