As orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) são claras: para se proteger da Covid-19, lave cuidadosamente as suas mãos com sabão, e se não for possível, use álcool em gel 70°. Evite contato com superfícies que não estejam desinfetadas e o compartilhamento de objetos pessoais. Use máscaras, tome banho assim que chegar da rua e, se possível, fique em casa. Com a divulgação ostensiva das formas de prevenção pela imprensa, até crianças sabem o essencial para se protegerem. Mas o que fazer quando a sua casa é a rua?
Conforme dados da Secretaria de Desenvolvimento Social, em Lafaiete há cerca de 40 pessoas nessa situação: “Em todo o país, a Covid-19 deixou de ser apenas uma ameaça à rede pública de saúde para se tornar realidade. Em tempos de medidas de saúde pública, como redução de circulação e isolamento social, nossa Secretaria e as Assistentes Sociais do Serviço Especializado em Abordagem Social têm realizado frequentes intervenções nos pontos críticos da cidade”, detalha a responsável pela pasta, Magna Cupertino.
Se manter assistência às pessoas em situação de rua já é um desafio, não só para Lafaiete, mas para as cidades como um todo, neste momento crítico o problema toma dimensões ainda maiores: “Além das questões de saúde, há expressões sociais e culturais. Periodicamente, estão sendo realizadas ações em favor da população em situação de rua no município, buscando minimizar os riscos de saúde, já que a realidade dessas pessoas está na contramão do idealismo de prevenção amplamente divulgado nas mídias sociais. Inclusive passamos à Defensoria Pública a situação e ações tomadas pelo Centro POP”, explica.
Recusa em deixar a rua
E é na rua mesmo que os atendimentos a essa população continuam sendo realizados pela equipe de abordagem social. “Os pontos críticos estão sendo monitorados com frequência. No dia 23 de março, foi realizada intensa intervenção na praça Tiradentes. Na oportunidade, identificamos a possibilidade de alguns moradores retornarem ao convívio familiar. Todas as famílias contatadas foram receptivas e demonstraram preocupação, além do desejo de acolhê-los. Porém, eles resistem a abandonar a rua e relatam que não desejam a convivência familiar”, detalhou Magna Cupertino.
A Secretaria de Desenvolvimento Social já emitiu passagens para aqueles que desejaram retornar à sua cidade. Para os que ficaram, foi concedido aluguel social temporário e emergencial, em regime de república, com atenção especial aos mais idosos. “Articulamos um acompanhamento prioritário para os idosos em situação de rua, oferecendo quatro aluguéis sociais para esse público de risco, além de um aluguel social para usuários não idosos, porém, com vínculos familiares por eles rompidos”, finaliza Magna Cupertino.
O que pensam os moradores de rua
Nossa Reportagem conversou com algumas pessoas que estão em situação de rua para saber o que elas pensam sobre o novo coranovírus. Ângela Maria dos santos, de 59 anos, disse estar com medo: “Têm dois anos que estou na rua. Estou com muito medo por causa do coronavírus e fome. Vendo latinhas e não tenho dinheiro para comprar álcool em gel. Minha mão eu consigo lavar quando vou ao banheiro”.
Já Ubiratan de Freitas Soares, 39 anos, que há 15 anos vive na rua, afirma que não está com medo: “A assistência social sempre vem aqui conversa com a gente fala para gente ir tomar café e banho. Pelo tempo que estou na rua e pela idade que tenho, não estou com medo do coronavírus. Também porque na nossa cidade ainda não tem casos e nem mortes, só alertas. Eu comprei um vidro de álcool em gel e estou tomando meus cuidados. Acho que não é caso da prefeitura fornecer álcool, mas sim arrumar um lugar para gente ficar ou então um emprego”, pede.
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Postado por Redação, no dia 16/04/2020 - 10:03