Talvez você nem tenha reparado, mas a região ficou por quase 4 meses sem vigilância de radares móveis. Suspensos em agosto por determinação do presidente Jair Messias Bolsonaro, esses equipamentos voltaram a operar no dia 26 de dezembro e, logo nas primeiras horas, já registraram várias irregularidades. De acordo com o policial rodoviário federal Eduardo Andrade Domingos Machado, em apenas 1h30 de operação do radar próximo a Gagé, mais de 70 pessoas foram flagradas em excesso de velocidade: “As pessoas acham que não há problema em exceder os limites, mas pelo perfil dos acidentes que registramos, o excesso de velocidade é a principal causa. Se a pessoa respeitar os limites, dirigir com calma, atenção, não estiver cansada ou embriagada, estiver com tudo certinho, usando cinto, dificilmente será a causadora de algum acidente”, explica.
E pelo menos aqui na região, a experiência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra que é mesmo preciso colocar o pé no freio. Analisando o trecho sob a responsabilidade da sua unidade, o policial mostrou que, em termos total de acidentes, Nova Lima, Congonhas, Lafaiete e Itabirito são os trechos mais críticos. “O tipo de acidente que mais acontece é a saída de pista - 420 entre 2017 e 2019. Logo depois, vêm colisão traseira, colisão transversal e colisão com objeto fixo, que é aquela saída de pista onde o veículo bate em uma mureta, num poste ou numa árvore. E tudo é decorrente de excesso de velocidade, na minha opinião. A pessoa só sai da pista se estiver correndo demais ou se dormir no volante, mas a incidência de acidentes por motivo de sonolência é bem menor, tanto que a maioria desses acidentes acontece durante o dia”, explica.
Na lista dos acidentes que têm como causa o excesso de velocidade, Machado citou, ainda, a colisão traseira: “Colisão traseira é excesso de velocidade de quem vem atrás, desatenção, o motorista não percebe a aproximação de um quebra-molas ou de uma área urbana, ou anda muito próximo do veículo da frente, sem guardar a distância de segurança. Acontecem muitas colisões traseiras por causa disso: o veículo da frente precisa reduzir por algum motivo, seja ele um quebra-molas, buraco ou um animal na pista, presença de pedestres, curva mais fechada. Aí o de trás, que vem mais distraído e mais rápido, acaba colidindo na traseira”, situa.
Lafaiete e Congonhas lideram em acidentes
Uma análise dos dados fornecidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta para uma redução considerável no número de mortes e de acidentes no trecho que corta Lafaiete e região. Considerando os 170km entre BH e Barbacena, em 2017, os 777 acidentes registrados deixaram 831 feridos e 58 mortos. No ano seguinte, foram seis acidentes a menos, mas o registro de feridos foi menor: 678. O mesmo foi observado com o número de mortes: 50 – uma redução de 16%. A tendência se manteve em 2019: foram 507 acidentes. Foram registradas, também, 41 mortes. Aumento mesmo só no número de feridos: 732, ou seja, 7% a mais que no ano anterior.
Mas o que será que faz esse trecho tão letal? Para o experiente policial rodoviário, uma soma de fatores contribui para as trágicas estatísticas: “O trecho entre Lafaiete e BH é o principal, mais movimentado, com fluxo pesado de carretas de minério. Geograficamente, possui muito relevo acidentado, com muitas serras, aclives e declives fortes, como aquela descida do Pires, que é muito longa e forte, a descida do viaduto das Almas também. Há trechos muito sinuosos e muitas curvas fechadas. E isso, por si só, já exige atenção redobrada”, alerta. Mas não é só a natureza que corrobora para o perigo. “O enfoque tem que ser dado entre Lafaiete e o Alphaville é o fato da pista ser simples. Do Alphaville para lá [sentido BH] o índice de acidentes cai bastante, por causa da duplicação, canteiro bem largo, acostamento, o que gera uma capacidade totalmente diferente para a rodovia, que também não é penalizada com o trânsito de carretas de minério. Os acidentes que acontecem são muito mais leves”, avalia.
Mas o que chama mesmo a atenção é a prevalência de acidentes – e mortes – bem perto de nós. 30% das mortes e 32% dos feridos registrados nesses mesmos 170km, que cortam 10 cidades, foram vítimas de acidentes em Lafaiete e Congonhas. Em 2018, elas somaram 34% dos feridos e 26% dos mortos. Em 2019, ambos os índices subiram: 35% dos feridos e 34% dos mortos passavam por Lafaiete ou Congonhas quando se acidentaram. Os números reforçam a necessidade de se investir em medidas estruturais de segurança na rodovia, que nos últimos três anos matou 149 pessoas e deixou outras 1849 feridas em 1855 colisões. 1849 saíram ilesas.
De acordo com o policial rodoviário, a queda dos índices é resultado de um esforço que tem sido feito na intenção de reduzir os acidentes e a letalidade. “O número de mortes caindo sistematicamente já é um resultado muito positivo. Mas ainda assim, continua alto: 41 pessoas perderem a vida em uma rodovia em um ano - é muita gente. O ideal seria 0, mas dentro das nossas limitações e da violência que nós temos no trânsito brasileiro, é uma vitória conseguirmos esses índices. Isso tem que ser ressaltado, enaltecido”, frisa.
Mesmo com a redução no número de acidentes, Machado avalia a rodovia como muito perigosa: “O índice de acidentes é altíssimo: são 1.855 acidentes entre BH e Barbacena, com 150 mortes e 2.200 feridos. A rodovia não dá margem a erro: a pessoa tem que dirigir com atenção o tempo todo. Se você erra em uma rodovia dessas, sem acostamento, sem mureta central, fatalmente, ou você sai da pista, ou você colide com outro veículo do lado contrário. Não tem chance para erro. As pessoas têm que dirigir com excesso de atenção, excesso de cautela, respeitando todas as sinalizações, todos os limites de velocidade, sem exceder em nada”.
O que olhar antes de pegar a estrada
Especialmente nesse período, em que é comum colocar a família toda no carro e viajar, a recomendação é de redobrar a atenção na estrada e se preparar com antecedência: “Antes de viajar, é essencial fazer, primeiro, uma revisão no veículo, checando equipamentos, faróis, lanternas, cinto de segurança, documentação, freio, pneus, cadeirinha para crianças no banco traseiro. Também precisa se preparar, evitando pegar a estrada cansado, após um dia de trabalho, ou tentar recuperar o tempo perdido excedendo a velocidade. Todas as normas relacionadas a segurança têm que ser cumpridas”, reforça.
Mas muita gente tem ignorado as dicas e se descuidado: “Nós temos registrado muitas saídas de pista e colisão com mureta por causa de pneu liso. O carro passa pela água, aquaplana, roda e a pessoa perde o controle da direção. Temos fiscalizado muito rigorosamente a questão da conservação dos pneus e temos pegado muitos veículos com pneus ruins, que é uma das causas de acidente. O mais importante é chegar, curtir as férias e voltar pra casa com segurança também. Ninguém quer sair para curtir as férias e ir para um hospital”, finaliza.
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Postado por Redação, no dia 01/02/2020 - 11:37