Com quartinho pronto, Amauri Júnior Sousa Oliveira, de 27 anos, e Kemily Stephanny Martins, de 25, aguardavam a chegada do tão esperado filho – já que a jovem já havia perdido um outro bebê durante a gestação. Mas, infelizmente, João Miguel não chegou nem a ir para casa. Ele morreu poucas horas depois de nascer no Queluz. O casal alega que o menino estava bem e por negligência acabou falecendo. Já a equipe do hospital alega que toda assistência foi dada ao recém-nascido.
Emocionada, Kemily contou como foram os momentos que passou no hospital: “Dei entrada no Queluz, no dia 23 de dezembro, por volta de 7h40, porque estava passando mal. Estava soltando líquido e começou a soltar um pouquinho de sangue. Um médico me atendeu e quando fez o exame de toque, disse que já iria entrar em trabalho de parto e ia fazer uma cesárea. Ele me mandou aguardar e depois as enfermeiras me levaram para a sala de parto. O anestesista perguntou há quanto tempo eu estava de jejum, eu falei que estava há 4 horas e ele falou que eu teria que estar há 6 horas. Eu disse que tinha informado ao médico e ele tinha me mandado assim mesmo. Então, me deram a anestesia e tive o neném às 10h30”.
Após o parto, a família ficou tranquila, pois o bebê estava bem. Conforme conta o pai, o pediatra chegou a dar os parabéns para o casal: “Fiquei muito feliz com a notícia. Porém, após a enfermeira aspirar e dar banho, ela falou que tinha que por ele na incubadora para pegar uma corzinha, ficar corado, porque estava branquinho. Depois disto, ele começou a ficar cansado. Meu filho não nasceu com aquela canseira. Eu acompanhei tudo: ele foi ficando cada vez mais cansadinho e chorando. Perguntei para a enfermeira se estava acontecendo alguma coisa com ele, se tinha algum problema. Ela me mandou conversar com o médico, e ele disse que estava tudo bem”.
No decorrer do tempo, João Miguel teria piorado mais: “Por volta de 18h30, fui buscar a acompanhante que ficaria com minha esposa à noite e vi que meu filho estava mais cansado ainda, chorando muito e ficando roxo. E eles insistindo que ele estava bem”, contou Amauri.
A mãe não conseguiu amamentar o bebê
Kemily também afirmou que não conseguiu amamentar seu bebê: “Pedi para me deixarem amamentar, mas falaram que não podia naquele momento. Quando voltei para dar de mamar, ele chorava muito, parecendo agoniado e o pediatra já tinha saído. A enfermeira falou que ele já tinha mamado, mas se eu quisesse, poderia tentar, só que meu filho golfou em mim. Não pegou meu peito. Fiquei um pouco lá e ela mandou que eu saísse. Fui para o quarto, depois voltei de novo, já tinha trocado as enfermeiras. Fui para o quarto e depois voltei novamente. Como meu filho estava mais cansado, conversei com o médico. A última vez que falei com ele foi às 19h, e ele voltou a falar que não precisava me preocupar, porque meu filho não estava correndo risco nenhum e, que em pouco tempo ele iria para o quarto”.
A mãe contou que, seguindo as orientações, ficava no quarto, mas, como estava muito angustiada, ia a todo momento ver o filho: “Quando voltei mais uma vez, ele já estava em uma incubadora toda fechada, com uma máscara e um ar indo no nariz dele. Perguntei novamente o que estava acontecendo. E a resposta era sempre a mesma: não estava acontecendo nada. Fui ficando cada vez mais preocupada. De madrugada, tornei a voltar e a enfermeira disse que parecia que meu filho estava piorando, e que parecia ser a respiração, porque ele estava fatigado. Pedi para chamar o médico para examinar ele e a enfermeira disse que não tinha médico naquele horário e que de manhã levaria ele para fazer exame”.
Pela manhã, a mãe recebeu a triste notícia: “Por volta das 6h, vieram o médico e a equipe dele e me disseram que, infelizmente, meu filho tinha morrido, que não tiveram como fazer nada. Questionei o médico, porque ele tinha me dito que estava tudo bem. Perguntei o que tinha acontecido e ele disse que foi uma parada cardiorrespiratória. O problema é que quando meu filho deu parada, não tinha ninguém para socorrer. Depois da notícia, me deixaram pegar ele um pouco, morto”, lamenta.
Gravidez tranquila
A dona de casa também conta que após a morte do filho, pediram para ver seus exames: “Olharam meus ultrassons e disseram que, realmente, não tinha problema nenhum na gravidez e não sabiam o que tinha acontecido. Meu menino estava bem”, contou a Kemily.
Segundo a jovem, ela ainda ficou no hospital até o dia 25 de dezembro: “Não me liberaram para acompanhar o enterro do meu filho. Fiquei lá os três dias e no dia de ir embora o médico não foi me ver. Mandou a enfermeira com as receitas e com os remédios. Não estava fazendo as necessidades, minha barriga estava alta, fui para casa assim mesmo. Me mandou para casa, passando muito mal”.
A mãe acredita que foi negligência médica: “Praticamente mataram meu filho. Não sabia o que estava acontecendo, porque eu não entendo. Os médicos é que têm que saber o que estava acontecendo. Eu perguntei o tempo todo e ninguém dava solução. Eles acabaram com a minha vida. O quarto do meu filho estava prontinho, tenho o carrinho e as roupinhas deles. Fiz tudo isso, porque não tinha problema nenhum na minha gravidez. Foi negligência médica. Se tivesse um médico atendendo ele, tenho certeza que nada tinha acontecido”.
Perda do filho na véspera do Natal
Casados há 5 anos, Amauri e Kemily afirmam que o bebê era o sonho deles: “João Miguel já tinha tudo, quartinho, roupinha. Planejamos ter esse filho. O que aconteceu foi negligência médica mesmo. O último ultrassom da minha esposa foi no dia 12 de dezembro e o médico disse que meu filho estava perfeito. Ele ainda nos disse para nos prepararmos, porque antes do Natal, ele nasceria, que iriamos ganhar um presente. Ainda na barriga, já ficávamos feliz, sentíamos ele mexer, conversávamos com ele, cantávamos para ele. Era um sonho”.
E essa não foi a primeira vez que o casal perdeu um filho: “Perdemos nosso primeiro filho com 3 meses de gestação. É uma dor muito grande. Mas, desta vez, estava tudo bem. Ele nasceu bem, até tiramos fotos. Nossa decisão agora é procurar a Justiça, porque não queremos que outros pais e mães passem por isso”, afirma o pai.
O outro lado
Em resposta ao ofício enviado pelo Jornal CORREIO, o Hospital Queluz informou: “Paciente atendida pela equipe médica do hospital Queluz, gestante do 9º mês submetida, a cesariana sendo observado, durante o ato cirúrgico, polidrâmnio [excesso de líquido amniótico]. Ao nascer, bebê apresentou o choro espontâneo sendo realizado os primeiros cuidados, evoluindo, posteriormente, para dispneia discreta recebendo assistência durante a permanência no berçário do hospital. Na madrugada do dia 24/12/2019, evoluiu para cianose e parada cardiorrespiratória sugerindo má-formação congênita. Todos os procedimentos administrativos foram observados pela instituição garantindo a melhor qualidade do atendimento a todas as nossas gestantes e recém-nascidos”. A nota é assinada pela equipe do hospital Queluz.
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Postado por Redação, no dia 25/01/2020 - 10:05