Um dos medos que mais aperta o coração de um filho se tornou uma triste realidade no bairro São João (zona sul). Apesar do empenho da balconista Maria Aparecida de Rezende, 58 anos, sua mãe, Maria de Rezende, 96, morreu em casa, sem ter como ser levada ao hospital. O motivo? Segundo afirma, foi a falta de estrutura da alameda Avelino José dos Santos: uma via estreita, íngreme e cheia de buracos no calçamento. E essas condições, agravadas pelo tempo chuvoso, teriam feito se cumprir aquela velha profecia: “Só vão lembrar de olhar pela rua quando morrer alguém”.
Tudo aconteceu na quarta-feira, 6 de novembro: “Por volta das 11h30, percebi que minha mãe, que era acamada e tinha mal de Alzheimer, não estava bem. Ela estava com os pés roxos e com dificuldade de respirar. Quando vi ela assim, liguei para o médico dela. Ele veio até minha casa e disse que ela precisava ser levada para um hospital. Mas ela só saía daqui em uma ambulância. Então, fui até o Pronto Socorro para ver se tinha uma ambulância menor – eu já sabia que uma maior não desceria minha rua, pelas péssimas condições. Há 2 anos, ela passou mal e foi socorrida por essa ambulância menor. Mas segundo a atendente, ela estava atendendo outra ocorrência”, relembra.
Seguindo a orientação da atendente, Maria Aparecida pediu socorro ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Eles atenderam com atenção e vieram prontamente, mas a ambulância também não conseguiu subir. Tentou várias vezes, deslizou, mas não deu certo. Para piorar a situação, ainda estava chovendo no dia. Então, os socorristas desceram e atenderam minha mãe. Eles fizeram tudo o que puderam, mas ela acabou falecendo aqui dentro de casa. Fiquei chateada, porque queria que ela fosse levada para, pelo menos, tentar um atendimento no hospital. Ela não merecia sofrer assim. Mas não teve jeito. Por causa das condições da rua, ela não pôde ser atendida em um hospital”, lamenta.
De acordo com Maria Aparecida, há anos, os moradores pedem manutenção na via: “A gente convive com esse transtorno há muitos anos. E não só para subir e descer de carro, não: até pra quem anda a pé é complicado. Eu mesma já caí aqui várias vezes. Essas pedras escorregam e ainda estão soltas. Em agosto, eu estive na Secretaria de Obras. Disseram que iam fazer a operação tapa-buracos, mas não fizeram. Queria que eles olhassem por nós aqui, porque a situação está difícil. Não quero que aconteça com outras pessoas o que aconteceu com minha mãe”, desabafa.
A prefeitura foi comunicada, via ofício, sobre a reclamação da moradora, mas até o fechamento desta edição, não havíamos recebido resposta.
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Postado por Redação, no dia 11/12/2019 - 09:51