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Ex-gestão dá o troco e nega rombo de R$1,5 milhão no São Camilo

Falando em seu nome e de sua equipe, Filomena Avelar afirmou que um relatório técnico gerencial já havia sido feito e destacou previsão de emendas




Após a enorme repercussão da matéria “Rombo nas contas do hospital São Camilo supera o R$1,5 milhão”, publicada na edição 1498 do Jornal CORREIO, a ex-presidente voluntária do hospital, Filomena Maria de Avelar Fonseca Cardoso, resolveu quebrar o silêncio e contar a sua versão dos fatos. Falando em seu nome e de sua antiga diretoria, ela questionou a matéria, a qual a chamou de “desrespeitosa e inverídica”, por “induzir o leitor a acreditar que a atual diretoria não sabia da real situação financeira da entidade antes do lançamento de sua candidatura”, o que, segundo afirma, não condiz com a realidade. Vale lembrar que, por várias oportunidades, o Jornal CORREIO buscou aprofundar informações sobre o assunto com a então presidente, mas sem sucesso.
O texto em questão foi veiculado no dia 8 de dezembro e teve como base uma entrevista exclusiva com a nova diretoria do São Camilo. Na oportunidade, o presidente do hospital, Marcus Vinicius do Nascimento deu detalhes da situação financeira da entidade, que chegou a anunciar o risco de fechar as portas, revelando que renegociações de dívidas (pagas ou não) e empréstimos – um deles, que se estende até 2029 - estariam corroendo os escassos recursos e se transformando em uma bola de neve. Entre as principais reclamações da nova equipe gestora estiveram a desorganização e a falta de informação sobre a situação da entidade.
E é exatamente sobre a alegação de falta de informação que Filó Avelar mais se queixa: “Fizemos várias reuniões no hospital, quando expusemos nossa situação aos interessados. E ainda na Prefeitura, com o prefeito, vice-prefeito e a nova secretária da Saúde, entre outros”, detalha. A ex-presidente cita uma reunião no restaurante Sobrado, “encabeçada pelo atual presidente do hospital e pelo grupo Amigos da Saúde, além de funcionários do hospital, empresários, representantes de outras cidades, vereadores, jornalistas, etc. Nessa ocasião, também abordamos a iminente necessidade de fechamento da entidade, uma vez que nossa receita é constituída, quase que na sua totalidade (90%), por recursos oriundos do SUS, cuja tabela não é atualizada desde 1.994”, pontua.
Detalhando essas oportunidades, Filó Ave­lar afirma que os interessados, já nessas reuniões, sabiam das despesas mensais, dos em­préstimos, parcelamentos e encargos sociais, das dívidas com Cemig e Copasa, além de dívidas com dois fornecedores na Justiça, com valores ainda a serem liquidados. “O aluguel do prédio do hospital era pago rigorosamente em dia, para preservar a entidade. Aliás, em uma das reuniões, ficou decidido pelos interessados e pelo grupo Amigos da Saúde que deveria ser realizado um levantamento financeiro dos últimos exercícios - 2015/2019, para que fosse conhecida, mais detalhadamente, a real situação do hospital. Nesse momento, Maycon Cruz Machado de Castro se ofereceu, como voluntário, para fazer um “Relatório Técnico Gerencial – Embasamento para geração de conteúdo com foco nos problemas financeiros apresentados pela entidade”. Esse relatório foi levado ao conhecimento dos interessados.
Ao registrar que ‘a ninguém era atribuída a obrigação de assumir a direção da entidade’, Filomena Avelar afirmou que, apesar de todos esses compromissos, o hospital sempre tinha a seu dispor as Certidões Negativas procedentes das Fazendas Públicas. E isso permitia continuar a receber as verbas parlamentares indicadas pelos deputados, que muito ajudavam. “O hospital sempre foi administrado com toda transparência. Às vezes, não com tanta competência como a atual Administração, mas certo é que concedeu a muitos dos componentes do mesmo a oportunidade de exercer sua atividade profissional por longos anos, dele retirando seu sustento e de seus familiares”, argumenta.
Ainda falando em seu nome, da Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo que atuaram ao seu lado, Filomena Avelar declara que os valores divulgados como dívidas da instituição são projeções de quitação total de parcelamento de débitos previdenciários e fundiários, que, ao longo dos anos, precisaram ser efetuados. “O pagamento na totalidade impedia o funcionamento do hospital, que sempre priorizou o atendimento a seus pacientes, sendo eles, na sua maioria, idosos e carentes. Nossa diretoria deu o seu melhor durante todos esses anos. Podemos ter errado em algumas decisões - todo ser humano é passível de erros - mas buscamos sempre corrigi-los para manutenção do melhor atendimento aos nossos pacientes. E quem assume a administração de uma instituição sabe que assumirá todo seu histórico, uma vez que não há como “apagar” o que ficou para trás sem assumir toda a estrutura”, frisa.


Previsão de verbas

Filomena Avelar fez questão de detalhar uma relação das verbas que, segundo afirma, serão futuramente recebidas pela nova diretoria do hospital, mas não poderão ser usadas para pagamento de folha salarial e nem de encargos sociais. “Mesmo após já estar com intenção de me afastar da Diretoria, por intermédio dos respectivos deputados, consegui as emendas parlamentares para serem utilizadas no hospital São Camilo pela nova administração, quais sejam: deputado federal Padre João: R$100 mil (para custeio); deputado estadual Glaycon Franco: R$100 mil (medicação); deputado federal Mário Heringer: R$100 mil (custeio); deputado federal Cabo Júnio Amaral: R$100 mil (custeio); deputado federal Fabiano Tolentino: R$100 mil (medicação); deputado federal Lafayette Andrada: R$ 80 mil (custeio) e deputado federal Fred Costa: R$220 mil (custeio)”, enumera.
Além dessas emendas, a administração anterior assevera ter deixado, em caixa, aproximadamente R$155 mil, restantes da verba de R$300 mil, encaminhada pelo deputado Lafayette Andrada em regime emergencial, no mês de julho. “Essa verba nos possibilitou fazer alguns acertos, de acordo com o Plano de Trabalho aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. Todas as verbas indicadas pelos parlamentares e recebidas pelo hospital, nos últimos anos, foram aprovadas pelo Conselho Municipal de Saúde, na prestação de contas”, acrescenta.
Sobre o apagamento dos funcionários, a ex-presidente da entidade detalhou que, ao término da administração, em agosto, teriam ficado pendentes 50% da folha de pagamento dos colaboradores do hospital. “No entanto, o faturamento de julho é creditado no mês de agosto, cuja quantia era mais do que suficiente para a quitação da outra metade da folha de pagamento”, pontua Filomena, que agradeceu o apoio que sempre recebeu da comunidade: “Os munícipes de Lafaiete e cidades vizinhas sabem do nosso caráter, da nossa honestidade e da nossa dedicação. Em contrapartida, sabemos que, sem eles, nunca teríamos chegado até aqui. Por­tanto, a confiança, amizade e desprendimento dessas pessoas e entidades sempre nos encorajaram a seguir em frente, mesmo quando tudo parecia impossível. Todos os componentes da nossa diretoria são pessoas sérias, honradas e honestas, que muito lutaram para manter o hospital aberto por tantos anos”, finaliza.




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Postado por Redação, no dia 21/11/2019 - 11:48


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