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Comunidade


Guerra entre motoristas e pedestres faz vítimas no Centro de Lafaiete

Com experiência como médico emergencista, Rafael Pereira alerta para os riscos; saiba o que tem sido feito para mudar a situação




Uma avenida relativamente ampla, com traçado quase reto, três pistas de rolamento em cada sentido e uma velocidade máxima fixada em 40km por hora. So­mado a isso, sete faixas elevadas para travessia de pedestres (quatro nas proximidades do terminal rodoviário, duas em frente ao edifício Irmãos Oliveira e uma em frente ao Posto Pop), além de dois sinais de trânsito – de cada lado da via. Só isso deveria ser suficiente para garantir que pedestres e motoristas tivessem uma convivência segura no trânsito.
Mas não é isso que se vê: com a experiência acumulada como médico emergencista no Hospital e Maternidade São José (HMSJ), Ra­fael Pereira faz um alerta: toda semana, o hospital atendia a uma média de três pacientes, ví­timas de atropelamento na Telésforo. Em sua maioria, idosos: “As causas mais comuns são falta de atenção (pessoas atravessando en­quanto mexem nos celulares), fatores que le­vam baixa visão, como catarata e ametropias (grau), falta de sinalização adequada, além da falta de educação no trânsito, tanto pela parte do pedestre quanto do motorista”, avalia.
O fluxo realmente chega a ser intenso, es­pecialmente nos horários de pico. E a razão está no crescimento exponencial da frota. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2008, havia 39.338 veículos registrados na cidade. Em 2018 já eram 73.375 – crescimento superior a 86%, o que coloca Lafaiete como a 19ª cidade do estado em número de veículos e 212ª em termos nacionais. Na ponta do lápis, significa dizer que a cidade tem um veículo para cada 1,7 habitantes. Dados de 2017 mostravam que, no Brasil, a média era de um veículo para cada 4,8 pessoas.
Para Rafael Pereira, o que se tem visto é uma verdadeira guerra de carros x pedestres, especialmente nas lombadas com faixa: “Minha experiência na avenida, particularmente, é ruim. Pedestres atravessam fora da faixa em vários pontos - apesar de termos as faixas bem sinalizadas. Há um alto fluxo de pessoas atravessando a faixa. Quando um grupo está prestes a terminar de fazer a travessia, outras pessoas chegam apressadamente”, analisa. Mas será que essa matemática precisa mesmo condenar pessoas a se acidentarem, e até morrerem, no hipercentro da cidade?
Na opinião do ex-emergencista, semáforos para pedestres seriam uma boa alternativa: “Isso já é feito em várias cidades do porte de Lafaiete ou maiores. Eles são sincronizados com o semáforo de carros (ou seja, verde para carro, vermelho para pedestres e vice-versa). Se aliássemos isso, ao respeito à sinalização, teríamos um trânsito mais harmonioso na região central da cidade”, argumenta.
Diante do grande número de acidentes, a recomendação do médico e empresário é que se priorize a região central: “Hoje, no bairro São João, existe o semáforo para pedestres em frente à igreja. Porém, se comparada ao fluxo da avenida prefeito Telésforo Cândido de Resende, a circulação de pedestres é infinitamente menor. Creio que, como já dito anteriormente, semáforos para pedestres sincronizados aos semáforos dos automóveis, se o cidadão e o motorista respeitarem, vai haver harmonia”, pondera.
A educação no trânsito, aliás, foi citada por Rafael Pereira como um fator primordial: “O trânsito no centro é caótico em certos horários. Já viajei por alguns países, e um lugar que me deixou uma lembrança muito positiva foi a França, onde pedestres, mesmo com ruas vazias, respeitam o semáforo de pedestres e vice-versa. Os carros, por sua vez, também respeitam, pois se não cumprirem a sinalização, são punidos exemplarmente”, pondera.

Prefeitura trabalha projeto para reordenar o trânsito

Secretário municipal de Defesa Social, Rolff Ferraz Carmo não vê na instalação de sinais de trânsito uma alternativa viável para a redução de acidentes na região central: “A sinalização semafórica é instalada em cruzamentos onde existe fluxo oposto de veículos, para orientar e distribuir o tráfego de veículos de forma segura sem o risco de colisões. Nos locais em que o fluxo de veículos é de sentido único, a sinalização semafórica se torna desnecessária e ineficaz na redução de acidentes”, avalia.
Rolff Ferraz explica que, em locais que o fluxo de pedestre é intenso, instala-se faixa de pedestre elevada. “Esse é o recurso da engenharia de tráfego que induz o motorista a reduzir sua velocidade durante seu deslocamento, garantido oportunidade de travessia segura aos pedestres. Essas faixas não só melhoram as condições de acessibilidade e segurança dos pedestres nas vias públicas, como amplia, a visibilidades da travessia dos pedestres e reduzem a velocidade dos automóveis”, considera.
O aumento da frota nos últimos anos, as­sim como o crescimento populacional, também foram lembrados pelo secretário de De­fesa Social: “As cidades ainda não estão preparadas para tais acréscimos. Por isso, chamamos atenção dos motoristas e condutores, que devem estar sempre atentos às normas de trânsito e, acima de tudo, respeitá-las, a fim de que os acidentes sejam evitados

Ações pelo trânsito

Rolff Ferraz lembrou, ainda, que há um es­tudo sendo realizado pela Empresa JMSouto que contempla a área central e principais vias de acesso do município. Após a sua finalização, as propostas apresentadas serão analisadas e implementadas em busca da melhoria no trânsito local. De modo contínuo, o De­par­tamento Municipal de Trânsito (DMTT) realiza frequentemente a manutenção na sinalização vertical, horizontal e semafórica na área central da cidade. “Para reduzir o número de acidentes, nossos agentes municipais de trânsito realizam, rotineiramente, campanhas voltadas para a educação de trânsito, principalmente com alunos da rede pública de ensino, priorizando o bom comportamento de motoristas e pedestres. Nessas oportunidades, destacam-se as medidas que devem ser tomadas por todos, como não utilizar aparelho celular quando na direção de seu veículo, respeitar o sinal semafórico nos cruzamentos, atravessar na faixa de pedestre e respeitar os limites de ve­locidade”, detalha.




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Postado por Redação, no dia 19/07/2019 - 09:33


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