Em visita a Lafaiete para participar de uma reunião pública na Câmara Municipal, o deputado federal Padre João (PT) recebeu a reportagem do Jornal CORREIO e CORREIO Online. Na ocasião, o parlamentar abriu sua metralhadora contra a Via 040, concessionária que administra a BR 040, no trecho entre Juiz de Fora e Brasília. “É uma vergonha o que está acontecendo na rodovia, principalmente no trecho que corta o estado de Minas. A concessionária, desde que abriu mão da administração, não fez absolutamente nada para dar trafegabilidade à estrada, embora cobre o pedágio naturalmente, como se estivesse fazendo tudo”, disse o parlamentar, que foi majoritário na cidade nas eleições de 2018. Segundo ele, a via 040 deve ser responsabilizada pelas mortes e acidentes fatais na BR e já está viabilizando uma ação civil pública para pôr fim ao que considerou uma carnificina sem precedentes. Padre João também falou sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro e de sua relação com CL e o Alto Paraopeba. Veja, abaixo, a íntegra da entrevista.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: O senhor foi deputado federal eleito mais votado em Lafaiete e na região. De que maneira a renovação desses votos de confiança dos eleitores impactaria sua responsabilidade como representante da região em Brasília?
Padre João: Às vezes, infelizmente, há um discurso incoerente que fala muito do candidato da terra. Nenhum deputado consegue se eleger só pelo seu município, pela sua terra. Nem Belo Horizonte, que é o maior contingente eleitoral. Mas eu tenho compromisso com Lafaiete. Tenho procurado ajudar os hospitais, mesmo a prefeitura, na parte de infraestrutura, com pavimentação.
Nosso mandato tem uma caraterística popular, já que tive votos em mais de 800 municípios. O desafio é enorme, lembrando a importância estratégica que é Lafaiete para todos nós. Meu domicílio eleitoral é Ouro Branco, mas Lafaiete, tem o maior conjunto de hospitais da região, um comércio muito forte, e é o polo regional. Quero agradecer a votação que tive na cidade e reafirmar meu compromisso em ajudar.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: Qual avaliação o senhor faz do trabalho realizado pela Via 040?
Padre João: É péssimo. É criminoso. Por isso que tem um requerimento nosso, aprovado, para realizar uma audiência pública. Já estou requerendo do Ministério Público Federal (MPF), da CGU, do Dnit e da ANTT para que nos dê uma explicação. A agência está omissa em não ter uma regulação mais forte com a Via 040. Percebi que fizeram uma maquiagem em relação aos acidentes. Não é reduzindo a velocidade, colocando um monte de radar, que vai garantir a segurança do tráfego. Precisamos de ter trafegabilidade garantida. Então estamos exigindo uma explicação também da ANTT.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: O senhor é favorável a uma relicitação?
Padre João: A via 040 teria que pagar uma multa, porque ela ganhou dinheiro esse tempo todo e não fez melhoria estruturante nenhuma. E teria que ser impedida de participar de uma relicitação.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: Como representante da região em Brasília, o senhor tem realizado ou pretende realizar alguma ação para que a BR-040 receba, enfim, as melhorias que tanto necessita?
Padre João: Como disse, já estamos agendando uma audiência, porque eles têm que nos dar uma explicação, a ANTT, a CGU e o Dnit. Preciso ouvir quais são os argumentos deles. É inadmissível. Eles são criminosos. Acho que deveria ter até uma ação civil pública. Teríamos que mobilizar as famílias de vítimas com óbitos para, conjuntamente, entrar com a ação civil pública contra a Via 040.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: Como tem sido a interlocução do governo Bolsonaro com a Câmara dos Deputados?
Padre João: Tem sido péssima, porque a relação tem sido de compra de votos. E não tem sido respeitosa no sentido de considerar a autonomia do Poder Legislativo, e o seu protagonismo. Está de forma muito autoritária. As negociações que têm acontecido não são para aprimorar as políticas públicas, mas sim uma cooptação.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: Considerando a avaliação que pode ser feita após esses 100 dias dos governos federal e estadual, há perspectivas para a retomada das obras do hospital regional? O senhor considera essa uma obra importante para a região?
Padre João: Eu não vejo nenhuma perspectiva, porque desde o governo Temer com a PEC241 e hoje emenda constitucional 95, congelaram-se os investimentos em saúde, educação e assistência social. E a gente está vendo apenas cortes, suspenção de serviços, como o farmácia popular, bolsa permanência. Se nós tivemos conquistas foi na região do Alto Paraopeba, como a chegada dos Institutos Federais de Educação, que tem em Lafaiete, Congonhas e Ouro Branco e uma universidade, que é o Campus Alto Paraopeba da UFSJ, mas já com dificuldades. Hoje o cenário é o pior possível. Já não é possível vislumbrar mais nada, infelizmente.
Sobre o Hospital Regional, digo que a obra é importante, mas eu entendo também que não podemos negar a história dos hospitais filantrópicos, como São Vicente, São Camilo e Queluz. Acho que teria como o poder público fazer até uma gestão conjunta, para dar apoios aos que têm problema de gestão, dar suporte e a gente avança em uma remuneração justa, a tabela do SUS.
Nós, aqui em Lafaiete, temos hospitais que poderiam ser referência em geriatria, pediatria, obstetrícia e nefrologia. Acho que cada um poderia ser uma referência regional, numa estrutura que já está pronta.
Jornal CORREIO e CORREIO Online: Suas considerações.
Padre João: O Jornal CORREIO tem sido transparente em divulgar nosso trabalho de forma imparcial. Reafirmo nossa gratidão e compromisso com Lafaiete e região.
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Postado por Redação, no dia 08/05/2019 - 14:53