Nossos rios estão morrendo, e a culpa é nossa. A piracema, ou período de defeso, onde a pesca é proibida, protege a reprodução dos peixes, mas não impede o problema maior, a pesca predatória. Temos visto nos últimos anos a redução da quantidade e do tamanho de nossos peixes. Apesar dos pescadores profissionais com suas redes serem sempre responsabilizados, nós, pescadores amadores temos grande parcela de culpa.
Hoje, o Ibama institui uma cota máxima de peixe com tamanho mínimo para captura, mas isso não tem sido suficiente para a preservação das espécies. Somos a favor da cota zero, pescar e soltar, como acontece em algumas regiões do Brasil (rio Teles Pires, Alto Rio Negro, algumas regiões da Amazônia) e no rio Paraná, na Argentina.
Por que temos quer ir tão longe para uma boa pescaria? Quem pegou, nos últimos 10 ou 15 anos, um grande dourado ou pintado no rio São Francisco? Enquanto na Argentina, dourados de 20kg e pintados de 50kg são abundantes, em terras tupiniquins, nossos dourados não passam de 8kg e os pintados mal conseguem chegar aos 15kg, além de cada vez mais escassos.
No rio Araguaia, espécies como a piraíba e as pirararas têm sua captura proibida, o que contribui para o aumento do tamanho e do número desses peixes no rio. Tenho pescado com alguma frequência nos rios da Bacia Amazônica. É impressionante a quantidade e o tamanho dos exemplares. Por quê? Porque lá não se mata peixe. A pesca predatória é proibida pelos próprios donos de pousadas e barcos. Só é permitida a pesca esportiva.
Infelizmente, na maioria dos rios brasileiros, isso não acontece. Vemos peixe fora de medida sendo embarcados e quantidades, além do máximo permitido por lei, devido a falta de fiscalização, e principalmente, por falta de consciência dos pescadores amadores. Nós, amantes da pesca esportiva, preferimos sair na foto com um grande troféu, e mostrá-la pra todo mundo, a consumir o peixe.
Enquanto a cota zero não vem, temos que estimular o pesque e solte, conscientizando nossos colegas que ainda pescam de forma predatória a praticar a pesca esportiva, para que, no futuro, a pesca amadora não se torne apenas história de pescador.