A dificuldade da prática esportiva na cidade é conhecida. Os atletas, as equipes e os desportistas, em todas as modalidades e categorias, recebem diariamente uma carga de desmotivação. Principalmente quando dependem de algum apoio do poder público ou mesmo que pequeno incentivo de patrocínio. Até hoje, a Secretaria de Esportes não divulgou um projeto esportivo e a situação financeira, aliada à falta de visão de marketing, dificulta a captação de patrocínios.
O que não falta é o incentivo da imprensa especializada. Aqui no Jornal CORREIO, o Caderno de Esportes está completando (em julho) 15 anos e a Rádio Cidade 98 FM se tornou a rádio oficial do esporte local e regional pela cobertura diária oferecida ao segmento. Mesmo a contragosto de alguns que não se sentem bem, ou se incomodam com a presença e participação da imprensa especializada, o esporte da cidade e região tem assegurado na imprensa lafaietense o maior espaço jornalístico de todo o estado de Minas Gerais. E quando a cidade tem seu nome decantado e propalado em uma conquista nacional este fato tem direito ao destaque merecido.
Às margens do Guaíba
Em abril de 2014, dois atletas lafaietenses encararam um desafio nacional, inclusive contra muitos atletas da elite brasileira e de renome internacional. O trio saiu de Minas Gerais, cruzou São Paulo, Paraná e Santa Catarina, hospedando-se no Centro Histórico de Porto Alegre, no extremo sul do país. Ernani de Souza buscava o bicampeonato na elite do Brasileiro de Duathlon. Apesar de ter deixado para trás vários dos principais atletas do Brasil, dentre eles, Francisco Viana (SC), Tiago Matar (SC) André Santos (SP), Diego Camargo (SP) e o carioca Talles Medeiros, Ernani foi vice-campeão, sendo batido apenas pelo paulista Flávio Queiroga, que tem como patrocínio máster o Sesi/SP e toda estrutura que lhe é garantida.
Já Daniel Gomes, também inscrito com a identificação da ?Acorlaf?, deixou o capixaba Pantoja e os paranaenses ? bem mais aclimatados ao sul do país ? Rincon, Glower e Luiz Stenziger na segunda, terceira, quarta e quinta colocações para ficar com o título de campeão na faixa de 30 a 34 anos. Como naquele ano, a prova desta temporada 2016 também foi disputada às margens do rio Guaíba, que corta a capital gaúcha e passa próximo ao ?Gigante da Beira Rio?, do Internacional. Lá estava Daniel, que apesar de contar com a companhia da família, sentia a ausência de um papo mais técnico com o companheiro, a quem ele chama de ?professor?, o Ernani de Souza, e o incentivo de nossa ?Reportagem. Em 2014, o grito de ?Vai Daniel?, ?vai Ernani?, era sempre ouvido no entorno do premiado Monumento das Conchas, um belo projeto urbanístico evidenciando a concha do chimarrão gaúcho.
O vento sul cortava a temperatura de 15º e 124 atletas largaram em busca do sonho. O do Daniel era o bicampeonato, agora na faixa dos 35 a 39 anos. A prova era em alta velocidade, uma disputa rápida na primeira corrida. ?O frio era um castigo, mas eu tinha que fazer o impossível para me manter no pelotão da frente, formado por sete atletas?, destacou Gomes. Na primeira transição, o lafaietense teve tranquilidade, então, para calçar a sapatilha e iniciar a alimentação, a reposição. Após fechar o primeiro dos 40 km de bike, um quebra-molas atrapalhou: ?Minhas duas garrafas de água caíram?, lembrou Daniel, que só conseguiu recuperar uma das garrafas com o público por volta dos 30 km de prova. ?Num fair play memorável, o Digão (um adversário) me cedeu água?, lembrou Gomes.
Daniel sempre se preocupou com a técnica das provas e, observando e treinando com o professor, sempre fez boas transições, repetindo este treinamento e ganhando uns 300 metros de frente para os demais do pelotão. Mas os problemas vividos pelas cirurgias nas pernas e a virose no final da preparação comprometeram o final a prova. Faltando pouco mais de 2 km da corrida final, Daniel viu Rodrigo fazer a ultrapassagem. ?Eu tentava forçar, mas o corpo não respondia mais?, lamentou Daniel Gomes, que, como teve uma boa performance durante toda a prova, conseguiu segurar o segundo lugar, vendo o bi escapar nos últimos metros da prova, dita por ele, como a mais difícil de sua vida de atleta.
Apesar da decepção, como consolo, o vice lhe garantiu a vaga na Seleção Brasileira para o Panamericano a ser disputado depois das Olimpíadas e para o Mundial 2017, no Canadá. ?Apesar de tudo, fiquei feliz por ter dado tudo de mim e superado as diversas barreiras, principalmente, a psicológica?, enfatizou Daniel, que teve que suportar ainda a perda do troféu para a filhinha: ?O troféu é do neném?.
Para esta conquista no Campeonato Brasileiro de Duathlon, Daniel gastou 158 dias de preparação, 120 horas nos 180 treinos completos, 2 mil km rodados, 108 minutos de competição e dois minutos no pódio. ?A felicidade está na jornada, e não no destino?, poetizou Gomes. Subir ao pódio e vencer desafios e algumas barreiras, às vezes, gratuitas, parece ser um dogma no esporte lafaietense. (Amauri Machado)
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Escrito por Esporte, no dia 20/05/2016