A equipe da Fundação SOS Mata Atlântica revisitou a região atingida pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão, da Vale, até o Alto São Francisco, para verificar a presença de rejeitos. Dos 12 pontos analisados pela organização, nove estavam com condição ruim e três regular, o que torna o trecho a partir do reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu até o reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco, com água imprópria para usos da população. A expedição foi patrocinada pela Visa.
Nesses pontos, a turbidez estava acima dos limites legais definidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para qualidade da água doce superficial. Em alguns locais, este indicador chegou a ser verificado entre duas e seis vezes mais que o permitido pela resolução. Além disso, as concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre também estavam acima dos limites máximos permitidos na legislação, o que evidencia o impacto da pluma de rejeitos de minério sobre o Alto São Francisco.
Os dados comprovam que o reservatório de Retiro Baixo está segurando o maior volume dos rejeitos de minério que vem sendo carreados pelo Paraopeba. Apesar das medidas tomadas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio São Francisco, os contaminantes mais finos estão ultrapassando o reservatório e descendo o rio e já são percebidos nas análises em padrões elevados.
O São Francisco é um dos principais rios do Brasil. Nasce no coração do país e carrega vida do sertão ao Atlântico. O Velho Chico e as 14 milhões de pessoas que dependem dele estão ameaçados pelo rejeito da Vale que matou mais de 300 pessoas em Brumadinho, o Rio Paraopeba e agora chegou ao rio da integração nacional.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) pedem a ajuda de vocês para que as águas continuem a carregar a vida, não a morte; que a construção de barragens seja discutida com povos tradicionais e com as comunidades; e pelo reconhecimento da natureza como sujeito de direitos.
Texto: Fundação SOS Mata Atlântica
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Escrito por Pesca, no dia 02/05/2019