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Educação


Perigo de uma educação para o fanatismo



As ideologias de esquerda têm fama de doutrinarem pessoas para o ateísmo. Já as de direita, de defenderem a construção de uma sociedade com bases na religião. Ambas caem na vala comum da educação para o fanatismo. São extremos que se igualam pela intolerância e submissão das pessoas aos caprichos de autoridades estatais/religiosas. É o que parte do mundo tem vivido e contra o que a cultura ocidental tem lutado em nome da defesa dos princípios da democracia.
Uma paquistanesa cristã passou 9 anos na prisão por causa de um copo d’água. O que se segue, no texto abaixo, assusta qualquer pessoa que busca o equilíbrio, a tolerância e o senso de justiça e de razoabilidade.
[...] “Era um dia de junho de 2009 e os trabalhadores, exaustos após horas colhendo frutas sob o sol escaldante, pararam para descansar. Alguém pediu para que Asia fosse pegar um pouco de água em um poço próximo. Ela saiu de jarro na mão e, quando voltou, bebeu um pouco de água antes de servir seus colegas muçulmanos. Eles ficaram furiosos.
Asia é cristã e, no Paquistão, muitos muçulmanos conservadores não gostam de comer ou beber junto de pessoas de outras religiões. Para eles, quem não acredita em Alá é impuro. Os colegas de Asia disseram que ela era "suja" e não era digna de beber no mesmo copo que eles. Houve discussão, e termos fortes foram ditos por ambos os lados.
Cinco dias depois, a polícia invadiu a casa de Asia e a acusou de insultar o profeta Maomé, principal símbolo do Islã, acusação feita também por um clérigo da aldeia. Reunida em frente à residência de Asia, uma pequena multidão começou a agredi-la na frente da polícia, e ela acabou presa sob a acusação de blasfêmia. Durante o julgamento, em 2010, ela se disse inocente, mas acabou sentenciada à morte. Asia passou os últimos nove anos de sua vida em confinamento solitário. No Paquistão, a punição por blasfêmia contra o Islã e seu profeta pode ser a prisão perpétua ou a morte.
Contra as expectativas de milhares de muçulmanos conservadores, a Suprema Corte do país revogou sentença anterior por falta de provas e permitiu que Asia Bibi fosse libertada. Em poucas horas, indignados com a decisão histórica, manifestantes tomaram as ruas exigindo a morte de Asia Bibi.
Por três dias consecutivos, os manifestantes tentaram submeter o governo e a nação à sua vontade. As principais estradas foram bloqueadas, carros e ônibus foram incendiados, pedágios, saqueados e policiais acabaram atacados pela multidão. Particularmente na província oriental de Punjab, muitos escritórios, empresas e até mesmo escolas foram forçados a fechar as portas. Mas depois de três dias de caos crescente, o governo disse que, para evitar qualquer derramamento de sangue, eles fariam um acordo com os líderes da revolta.
Imediatamente após a libertação da Asia, o líder religioso Khadim Hussain Rizvi e seu partido político de extrema-direita Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP) usaram as mídias sociais para defender a desordem civil e a violência. Rizvi e seus partidários pediram que os juízes que absolveram Asia fossem mortos e encorajaram um motim entre os militares, declarando que o chefe do Exército era um apóstata - ou seja, ele teria renunciado ao islamismo.”
A saga tem mais desdobramentos que não mencionei aqui. Fico a pensar sobre a tendência que segmentos cristãos de direita no Ocidente e, neste momento, no contexto político brasileiro tendem a defender a construção de uma educação em que Estado se mescla à religião e lança projetos de uma educação escolar e social para o fanatismo.

José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ e membro das ACLCL.
Contato – [email protected]

Texto disponível na íntegra em:
<https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/a-paquistanesa-crist%c3%a3-que-passou-9-anos-na-pris%c3%a3o-por-causa-de-um-gole-d%c3%a1gua/ar-BBTHiY3?ocid=mailsignout>



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Escrito por Educação, no dia 01/03/2019




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