A Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCC) foi aprovada e já vai ser analisada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). A previsão ou intenção, eu não sei bem ao certo que palavra usar, é de que, em 2019, professores e alunos comecem a usar outro currículo e as aulas comecem a ser menos tediosas, cansativas, com aprendizagem tão baixa. Vai haver resistências? O que você acha?
A tendência de pais e responsáveis por estudantes é dizer que a função da escola é instruir. Dizem que se formaram assim e deu certo. O problema é que viveram um mundo em que bastariam seguir instruções e tudo dava certo. E muitos estudantes, equivocadamente, também pensam assim. Não perceberam que nossa relação com o conhecimento mudou profundamente nas últimas décadas e que não podem fazer as mesmas trilhas percorridas por seus pais ou responsáveis. Evidentemente, muitos resistem a essa idéia e exigem que os professores continuem como meros instrutores e façam tudo por eles, principalmente em escolas que cobram mensalidades.
Um bom número de escolas e alunos que já mudaram a sua percepção sobre aprendizagem, a começar dos professores. É o que ocorre com a proposta da pedagogia de projetos, que não é nova e nem a única que está levando as escolas a mudarem sua forma de agir. Mas optamos, agora, a falar dela em especial, mencionando a educação pela pesquisa, pois estão vinculadas em várias situações.
As escolas, professores, pais e alunos que já quebraram a resistência a outras formas de trabalhar na escola sabem dizer que trabalham mais do que faziam na escola tradicional que apenas ?transmite conhecimentos?. Em compensação, não veem o tempo passar: eles se cansam, mas o trabalho é prazeroso. E as razões para isso são muitas.
Os princípios norteadores dessa pedagogia são simples, mas extremamente impactantes na vida subjetiva e coletiva dos alunos, professores e comunidade educativa. Eis alguns: em geral, o tema para o projeto é escolhido e trabalhado pela escola toda e não apenas algumas turmas. E uma aprendizagem colaborativa já começa pela escolha coletiva do tema. Não existe tanta harmonia assim para a escolha do tema. É exatamente nesse aspecto que a escola começa a crescer, pois as tomadas de decisões são discutidas, debatidas e votadas.
Pessoalmente, defendo a ideia de que as escolas deveriam começar a aplicar essa pedagogia em uma ou duas turmas que atuassem como programa piloto. Posteriormente, o desempenho e os resultados das classes envolvidas no projeto seriam comparados com as demais. O princípio básico dessa modalidade de trabalho é o de que a participação dos alunos é essencial. Diretores e professores não decidem e nem dão as direções para eles, como ocorre na aula tradicional. Outra questão essencial é que o trabalho é multidisciplinar.
De acordo com a pedagoga Soraya Mendonça Marques, [...] ?A função do projeto é a de tornar a aprendizagem ativa, interessante, significativa, real e atrativa para o aluno, englobando a educação em um plano de trabalho agradável, sem impor os conteúdos de forma autoritária. Assim, o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário para a solução dos conflitos cognitivos e, por fim, converte para a construção e ampliação de novas estruturas de pensamento.?
Tudo isso dá muito trabalho, mas gera aprendizagem prazerosa. Metaforicamente falando, a pedagogia de projeto é a prática de montanhismo que os alunos fazem. Saber que escalar montanhas é algo trabalhoso, mas prazeroso e compensador. Mesmo em manhãs de domingos, quando outros estão ?deitados eternamente em berço esplêndido?, apenas dormindo o sono do conformismo e do baixo desempenho escolar.
osé Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
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Escrito por Educação, no dia 18/05/2018