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Educação


Temos baixo desenvolvimento humano?



Honestamente, acho um erro usar a expressão ?desenvolvimento humano? para falar apenas sobre condições econômicas das comunidades. Quando vi essa pergunta no site da Folha Uol, a primeira coisa em que pensei foi sobre o atraso do pensamento humano, em pleno século XXI.  Desenvolvimento humano é expressão que me remete mais à questão de mentalidade e avanço do pensamento do que propriamente atraso econômico. Mas, enfim, a matéria abaixo, da Cláudia Costin, com análise muito lúcida, por sinal, traz dados econômicos, a partir do IDH.

?Há poucos dias, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento lançou seu Relatório de Desenvolvimento Humano, em que os países são avaliados com base em um indicador composto, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, que procura mensurar até que ponto o desenvolvimento chega às pessoas). Em outros termos, com base em dados de saúde, educação e renda, um índice de zero a um é atribuído a cada três anos e uma linha de evolução evidencia o progresso do mundo e de cada país no período. O índice foi criado por Mahbubul Haq, em parceria com Amartya Sen, economista indiano laureado com o Prêmio Nobel de Economia, e combina em sua composição a escolaridade média da população, a expectativa de vida e o PIB per capita.

O relatório de 2015 apresenta-nos numa posição desconfortável: estamos estagnados no IDH, num patamar inaceitavelmente baixo para o nosso grau de desenvolvimento econômico. Aparecemos pior ainda quando se soma, aos três componentes do índice, uma de nossas maiores fragilidades: a desigualdade. Somos um país muito mais desigual do que países com PIB menor que o nosso. O que chama atenção é que, nos últimos anos, melhoramos em alguns indicadores sociais relevantes, como ampliação do acesso à educação e redução da mortalidade materna e da mortalidade infantil. Interessantemente, esta última realização é associada ao aumento da escolaridade feminina, embora também se beneficie do aumento de domicílios com saneamento básico. A desigualdade também diminuiu, fruto de políticas públicas como o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo.

No entanto, parte destes avanços já havia sido capturada pelo relatório anterior e alguns problemas são de lenta resolução. Além disso, a recessão não nos ajuda a manter uma trajetória positiva; observe-se que os dados divulgados pelo PNUD são de 2015, o que indica que há chances importantes de piora no próximo relatório se não fizermos nada a respeito. Infelizmente, o dado que ainda nos prejudica muito é o de anos médios de escolaridade da população. Se considerarmos a população de 18 a 29 anos, temos apenas 8,3 anos de estudo. Isso significa que, em média, não concluímos o ensino fundamental. Há razões históricas para tanto, mas isso contribui para mais desigualdade e pobreza.

Guillermo Perry, num estudo do Banco Mundial, mostra que a transmissão intergeracional de pobreza só se interrompe se as mulheres concluírem o ensino médio. Eu adi­cionaria: a construção de um processo de desenvolvimento humano mais sólido se inicia com a conclusão de um ensino básico de qualidade, o que ainda estamos longe de fazer!?

Honestamente, não temos que comemorar o maior acesso de crianças a uma escola que faz os alunos ficarem mais preconceituosos e intolerantes do que eram antes de começarem a frequentá-la. Isso não leva ao desenvolvimento humano do pensamento. Gostaria de ver o índice de tolerância social ser medido como um indicador de desenvolvimento humano. Aí sim, se esse indicador ficasse positivo, seria mais fácil acreditar em evolução do pensamento e da mentalidade humana. Nunca se falou tanto em tolerância e nunca ouvimos tantas notícias sobre intolerância social. Simplesmente, uma contradição que nega o princípio de desenvolvimento humano. Tolerância deveria ser medido como indicador de desenvolvimento humano. O resto é conversa fiada.


José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: joseantonio281@hotmail.com

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudia-costin/2017/03/1869224-temos-baixo-desenvolvimento-humano.shtml>.



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Escrito por Educação, no dia 13/04/2017




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