Tempo em Lafaiete: Hoje: 23° - 14° Agora: 16° Sexta, 19 de Abril de 2024 Dólar agora: R$ 5,203 Euro agora: R$ 5,536
Aloisio Ramalho


O perfeccionismo de todo dia: Como eliminar padrões destrutivos e aumentar a autoconfiança



Se você persegue um padrão de qualidade alto em tudo o que faz e constantemente se chateia quando algo não sai como havia programado, talvez se enquadre na categoria dos perfeccionistas. A ideia aqui não é rotular, apenas identificar pensamentos e comportamentos mais comuns em pessoas que buscam a perfeição em tudo o que fazem.

A pesquisadora norte-americana Brené Brown, autora de A Coragem de Ser Imperfeito, alerta que, para alguns, o perfeccionismo pode surgir apenas quando estão se sentindo vulneráveis. Para outros, o perfeccionismo é compulsivo, crônico e debilitante, e chega a parecer um vício.

Por trás desse ‘vício’ de fazer tudo perfeito está o desejo de agradar, ser aprovado e acolhido. O psicólogo Abraham Maslow, que criou o conceito conhecido como a Pirâmide de Maslow em 1950, identificou o conjunto de condições necessárias para que um indivíduo alcance a satisfação, seja ela pessoal ou profissional. Na hierarquia das necessidades humanas, em que as fisiológicas são as mais básicas, passando por segurança, afeto e estima, as de autorrealização estão no ápice. Também conhecida como necessidade de crescimento, a autorrealização inclui o sentido de aproveitar o próprio potencial, e os desejos estão voltados para a perfeição.

A ideia de fazer várias vezes a mesma coisa (retrabalho) para não deixar nada fora de lugar até atingir a tão esperada perfeição pode não ser um comportamento saudável, porque impede o reconhecimento de aspectos positivos e focaliza somente o que falta. Isso gera insatisfação e derruba a autoestima.

Ora, o ser humano é mesmo muito exigente consigo, mas isso não se traduz apenas em uma satisfação própria de fazer tudo corretamente. O comportamento está voltado para ‘o que os outros vão pensar?’.

E essa preocupação excessiva vem do medo do julgamento, baseado na vergonha e na dificuldade de lidar com a vulnerabilidade.

Para Brené Brown, que estuda o comportamento humano há mais de 20 anos, perfeccionismo nada tem a ver com se esforçar para a excelência ou buscar o autoaperfeiçoamento. “Perfeccionismo é um escudo de 20 toneladas que carregamos conosco, achando que ele nos protegerá, quando de fato, é aquilo que realmente nos impede de sermos vistos”, defende.

E o mais incrível de toda essa busca é que ser perfeccionista não garante o sucesso, porque representa exatamente o contrário, já que dificulta a conquista.

 

Veja se alguns dos pensamentos abaixo faz algum sentido pra você:

- ‘Comecei a escrever um livro, mas ele está na gaveta, porque ainda preciso acumular mais conhecimento para expor o que penso;

- ‘Já descartei vários convites para ‘lives’, porque não me sinto pronta pra isso. Sempre dou a desculpa de ‘falta de tempo’;

- ‘O maiô ou biquini estão no armário, porque ninguém merece ver minhas celulites na praia;

- ‘Evito me apresentar em público e passo a tarefa para outra pessoa, na empresa, para não correr o risco de errar na frente das pessoas.

 

Crenças como essas limitam e bloqueiam o desenvolvimento, afinal quem não arrisca, não avança.

 

A saída não é fazer as coisas de qualquer jeito

O ser humano tende a levar as coisas para os extremos quando é convidado a pensar numa forma de balancear um comportamento, uma ideia ou uma sensação.

Lembro-me de quando ouvia a mesma pergunta de colegas de trabalho e clientes: ‘Aurea, você está brava, aconteceu alguma coisa?’ Aquilo me incomodava, porque afinal eu nunca estava sentindo o que eles achavam que eu estava vivenciando. Comecei a prestar mais atenção em mim mesma e, com dificuldade de entender como tirar aquela cara brava da minha frente, logo me questionei: ‘Eles querem que eu chegue dando gargalhadas como a Dercy Gonçalves?’

Minha voz interna que me ajuda a apaziguar os ânimos, me disse: ‘Não seja extremista, nem lá nem cá’. Eu estava sendo convidada a encontrar um meio termo.

É no fiel da balança que eu quero que você pense. Como encontrar um ‘ponto bom’ entre o perfeccionismo e a displicência?

A dificuldade de perceber o meio termo vem da rigidez, da busca pela perfeição, de uma espécie de dívida que parece que temos se não fizermos o absolutamente perfeito, porque o medo do julgamento está ali atrás da porta querendo nos surpreender.

Para sair desse circuito que parece sem saída, pense em como reagiria a um desabafo de um amigo (a) que lhe conta sobre algum projeto malsucedido. Talvez você não o chamasse de burro, incompetente, relapso ou displicente. Talvez você não o cobrasse com rigidez e falta de empatia. Imagine-se na situação e pense se talvez não seria acolhedor com seu amigo e o motivasse para enxergar os pontos positivos de tudo o que fez para encontrar os pontos de melhoria e continuar se desenvolvendo com motivação e alegria.

Mas por que quando isso acontece com a gente mesmo somos tão castradores conosco? A resposta está no livro Autocompaixão, pare de se torturar e deixe a insegurança para trás, de Kristin Neff.

A pesquisadora indica alguns caminhos para praticar a virtude que muitas vezes oferecemos ao outro, mas não a nós mesmos. A autocompaixão é um misto de bondade, atenção plena e gratidão, não exatamente nessa ordem, mas tudo junto e misturado. A proposta da escritora é que tenhamos um olhar bom para nós como teríamos para o outro e, para isso, é importante que estejamos atentos para olhar para dentro e em volta. A auto-observação contribui para nos mantermos acordados para o que realmente acontece e não focados exclusivamente no que a mente sabotadora nos traz, como ‘você ainda não fez direito’, ‘olha o que as pessoas vão dizer, faça novamente’, ‘você não consegue mesmo, és uma fraude’.

E por fim, mas não definitivamente, a gratidão que nos ajuda a reconhecer o que somos e temos. Quem não tem esse olhar bondoso para consigo pode sentir uma eterna frustração por nunca alcançar o que deseja.

Como diz Brené Brown, a jornada de autoconhecimento para vencer o perfeccionismo começa com resiliência a vergonha, amor próprio e aceitação. É o desafio de passar de 'o que as pessoas vão pensar?' para o 'eu sou bom o bastante'.



Você está lendo o maior jornal do Alto Paraopeba e um dos maiores do interior de Minas!
Leia e Assine: (31)3763-5987 | (31)98272-3383


Escrito por Aloisio Ramalho, no dia 26/06/2020

Aloísio J M Ramalho


Consultor Empresarial

Contatos:

aloisioramalho@ymail.com

(31) 9 9876-6835

 



Comente esta Coluna